20. Finalmente em casa

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8 anos depois

— Ele está subindo o caminho, Harry — sussurrou Draco apressadamente, observando com diversão enquanto Harry apagava o cigarro que estava fumando e tentava, de forma um tanto ineficaz, soprar a fumaça restante pela janela aberta da cozinha.

— Não sei por que você ainda está escondendo isso dele.

— Ele acha que eu parei — disse Harry, dando um pulo quando Severus abriu a porta da frente e veio pelo corredor em direção a eles.

— Bem, vocês dois não poderiam parecer mais culpados se tentassem — disse Severus em tom de saudação, olhando entre Harry e Draco, que estavam em posição de sentido em ambos os lados da mesa. — Vocês andaram bebendo durante o dia de novo?

— Não! — disse Harry defensivamente, prendendo a respiração quando Severus se aproximou para um beijo antes de ir até o cabide para pendurar a capa.

Draco balançou a cabeça.

— Ainda não me acostumei a ver vocês dois fazendo isso — murmurou.

— Eu beijando Potter ou beijando qualquer pessoa em geral? — perguntou Snape, com uma sobrancelha levantada enquanto se encostava na bancada.

— É mais o fato de você estar beijando o Potter, e de boa vontade.

— Oi! — disse Harry, virando-se para Draco — O que há de errado em me beijar? Lembro-me perfeitamente de que você não tinha problemas quando era você quem beijava -

— Pensei que tínhamos concordado em nunca mencionar isso! — Draco interrompeu, com as bochechas coradas.

— Acalme-se, estou apenas brincando — disse Harry, aproximando-se para ligar a chaleira. — Café, Severus? Malfoy?

— Para mim, não — disse Draco, pegando o casaco e o cachecol no cabide ao lado do de Severus — é melhor eu ir embora, na verdade, vou encontrar uns amigos para um drinque às seis.

— Que amigos? — disse Harry, estreitando os olhos para Draco.

— Só uns amigos do trabalho, por quê?

— Você trabalha com Severus Draco, e só com Severus, que amigos?

— Apenas algumas pessoas que conheci no trabalho, você está agindo como minha mãe Potter — retrucou Draco, subitamente cauteloso.

— Ele tem um encontro — disse Severus, presunçoso.

Harry ofegou, e seu rosto se abriu em um sorriso.

— Ele não tem...

— Oh, ele tem — riu Snape.

Draco corou novamente, de repente achando seus cadarços muito interessantes.

— Ok, talvez eu tenha, não que isso seja da conta de vocês, eu posso ter uma vida além de vocês dois, vocês sabem.

— Nós sabemos — disseram Harry e Severus com sorrisos idênticos.

Nos últimos três anos, Draco havia saído apenas uma vez, sua vida, como ele mesmo disse, começava e terminava com Harry e Snape. Durante o dia, ele trabalhava no boticário que ele e Severus haviam aberto sete anos antes e, à noite, ficava sozinho em seu apartamento ou na casa que Harry e Severus dividiam. Severus havia se mantido fiel à sua palavra e continuara a cuidar de Draco, mesmo depois de ter sido forçado a se demitir de Hogwarts após a revelação de Harry e seu relacionamento. Houve indignação pública, como eles bem esperavam, mas, apesar de todos acharem que Snape era uma escolha muito peculiar de parceiro para seu salvador, eles aceitaram o fato mesmo assim. Parecia que o que Harry Potter queria, Harry Potter conseguia, e quem eram eles para atrapalhar seu caminho.

Após a demissão de Severus, Harry continuou seus estudos e passou no NIEMs, entrando para os Aurores, onde, sem surpresa, apenas quatro anos depois de começar sua carreira, ele foi nomeado Auror chefe, um trabalho pelo qual Harry era extremamente apaixonado. As coisas entre Harry e Draco tinham sido tensas, se não um pouco constrangedoras no início. Anos de animosidade não podiam ser esquecidos tão rapidamente, mesmo que não se pensasse no encontro íntimo que tiveram uma única vez. Mas depois que Draco saiu de Hogwarts e passou a frequentar regularmente a terapia (estipulação de Severus para que trabalhassem juntos), Draco havia mudado, não era mais o arrogante e pomposo que Harry conhecera e detestara, e eles rapidamente se tornaram amigos, para desgosto de Severus.

— Não finjam que não vão ficar mais felizes sem que eu atrapalhe o fim de semana — disse Draco, ocupando-se com seu cachecol.

— Não, de forma alguma, nós gostamos de ter você por perto, não é mesmo, Severus?

— Ah, sim — disse Snape — eu sempre imaginei como seria ter dois filhos meus, sob meus pés, constantemente, e finalmente consegui realizar meu desejo, não foi?

— Engraçado — disseram Harry e Draco em uníssono.

— Então, quem é ele? — perguntou Harry, balançando nas pontas dos pés.

— Por que você acha que é um ele?

Severus olhou para ele com pena.

— Oh, por favor, Draco, isso de novo não, você está se esquecendo da sua assinatura da - ora, que revista deliciosa foi aquela que você mandou para a loja em vez de para o apartamento?

— É a sua cara — disse Harry com um risinho.

Severus sorriu amplamente para Draco:

— Claro que era.

— Tudo bem, tudo bem — disse Draco — é um ele, mas posso garantir que você não o conhece e isso é tudo que você vai receber de mim.

Harry parecia querer muito discutir com Draco sobre o assunto, mas decidiu não o fazer.

— Você não se esqueceu de que vai abrir de manhã, não é? — perguntou Severus, tirando do bolso o pesado molho de chaves e entregando-o.

— Não, não me esqueci, não voltarei tarde, não se preocupe.

— Bem, espero que seu encontro corra bem, Draco — disse Severus com sinceridade.

— Sim — acrescentou Harry com um sorriso largo enquanto seguia Draco até a porta da frente. — Espero que ele seja bem do seu gosto.

— Vá se foder, Potter!

Harry, rindo, acenou para ele no caminho do jardim.

— Isso foi cruel — disse Severus em tom de desaprovação, passando um braço em volta dos ombros de Harry enquanto eles observavam Draco desaparecer no portão do jardim.

— Ele sabe que estou apenas brincando, mas já era hora de ele arrumar um namorado, embora eu não inveje o homem que o aceitar.

— O que você quer dizer com isso? — disse Severus, franzindo a testa, seguindo Harry de volta à cozinha.

— Nada disso, eu o amo como um irmão, Severus, você sabe disso, mas ele é um homem muito particular, gosta das coisas de uma certa maneira, não é? Ele nunca foi do tipo que se compromete e acho que nunca será.

Severus considerou isso por um momento, enquanto Harry se ocupava com os cafés.

— Pode ser verdade, Harry, mas, como você e eu já provamos, existe alguém para todo mundo, até mesmo para velhos tolos e rabugentos como eu.

Harry zombou, sentando-se à mesa em frente a Severus, antes de sorrir carinhosamente para ele, com os olhos franzidos nos cantos.

— Até mesmo velhos tolos e rabugentos como você.

Fim.

I mean, it's sort of exciting, isn't it, breaking the rules? | SnarryOnde histórias criam vida. Descubra agora