Demorou, mas finalmente consegui publicar um capítulo, vou tentar publicar toda terça.
Tenham uma boa leitura.
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— Atenção todos, por favor, cuidado com os degraus. Por favor, cuidado... Vocês podem cair — Wei Ying continuava repetindo, estendendo a mão para pegar a passagem que um turista lhe entregava. Esperou com paciência que o seguinte, uma mulher com duas enormes cestas de palha, encontrasse a dele.
— Sei que está em algum lugar... — A turista parecia aflita. — Ah, aqui está!
— Obrigada — Wei Ying falou, pegando a passagem. — Por favor, queira se sentar.
Alguns minutos se passaram antes que todos estivessem acomodados e Wei Ying pudesse, finalmente, tomar seu lugar no barco.
— Bem-vindos à bordo do Chenqing, senhoras e senhores.
Com o pensamento longe, Wei Ying começou o monólogo de boas-vindas aos passageiros, com voz suave e tranquila enquanto acenava para o homem parado no cais, encarregado de soltar as amarras. Ele olhou para o relógio de pulso e em seguida para a praia, repleta de cadeiras e toalhas, onde corpos bronzeados se estendiam como se fossem oferendas ao deus do sol. A excursão já estava quinze minutos atrasada.
O Chenqing iniciou sua marcha em direção leste com Wei Ying no comando. Ele podia dirigir aquele barco com os olhos fechados, se necessário. O ar que lhe batia no rosto já era quente, apesar de ainda ser cedo, e algumas nuvens inofensivas salpicavam o céu azul. As águas eram cristalinas como os guias turísticos prometiam e, mesmo após dez anos, Wei Ying ainda agradecia aos deuses pelo bom tempo, pois dele dependia seu sustento.
Atrás dele se encontravam sentados dezoito passageiros, animados com a visão dos peixes através do fundo de vidro do barco.
— Logo estaremos passando pelos recifes Paraíso — Wei Ying prosseguiu num tom de voz calmo. — Com profundidade de dez a quinze metros. A visibilidade é excelente, e os senhores poderão ver estrelas-do-mar, corais de várias espécies, medusas, esponjas, garoupas e bodiões. A garoupa é um peixe com o dorso avermelhado e os lados manchados de verde escuro.
Mantendo o curso e a velocidade estáveis, Wei Ying continuava a descrever os coloridos anjos-do-mar e os perigosos ouriços. Os turistas achariam tais informações bastante valiosas quando parassem para mergulhar.
Por inúmeras vezes ele já fizera aquele percurso, porém nunca o acharia monótono. Podia sentir a liberdade proporcionada pelo mar aberto, o céu azul e o zumbido do motor. Aquele barco, assim como outros três, e a loja de equipamentos para mergulho perto da praia eram dele. Havia trabalhado duro para levar à frente os negócios, quando o movimento ainda era pequeno e as contas altas. Mas, depois de dez anos de luta, tinha conseguido.
Wei Ying não se arrependia da vida que escolheu, nem do fato de ter abandonado o país onde havia nascido. Afinal, quando se deseja encontrar a paz de espírito, tudo vale a pena.
A pequena ilha de Cozumel, na costa mexicana, lhe devolveu a paz de espírito. Aquele era o lar de Wei Ying; ali ele era aceito e respeitado. Ninguém na ilha podia supor a humilhação e a dor pela qual havia passado antes de se mudar para o México. Wei Ying procurava não pensar no passado, embora o conservasse vivo na memória.
E havia Yuan. A simples lembrança do filho fazia Wei Ying sorrir. Só que o menino se encontrava muito longe.
"Só mais seis semanas e estaremos juntos", Wei Ying pensou. "Um mês e meio e ele chegará para as férias. "
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Passageiro do Silêncio
Mystery / Thriller#FINALIZADA Sol, areia e a imensidão do oceano... Só ali Wei Ying encontrou o refúgio ideal para as suas mágoas de amor. Só naquele lugar distante conseguiu esconder as desilusões que o transformaram de repente de menino em homem. A vida agora se re...