Capítulo 13

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A cada manhã, quando Wei Ying acordava tinha certeza de que o sargento Mingjue telefonaria dizendo que o caso estava resolvido. Mas o tempo passava sem que isso acontecesse. Sempre, ao se aninhar nos braços de Lan Zhan para dormir, ele temia ser aquela a última noite. Porém, ele continuou ali a seu lado.

Por mais de dez anos ele havia trabalhado e lutado para criar o filho e levar em frente a "Coral Negro". Escolheu seguir sempre em frente, não se importando com as dificuldades da vida. Qualquer desvio poderia significar perda de sua independência. E, agora Lan Zhan apareceu tentando modificar o caminho que havia escolhido. Ignorar as mudanças, ou lutar contra eles, de nada havia adiantado. De repente, se sentia frágil sem saber como prosseguir.

Como a única coisa sobre a qual ainda mantinha algum poder era a loja, ele passou a se dedicar mais aos negócios. Abria a "Coral Negro" todos os dias da semana, e desconfiava de cada um dos fregueses.

Logo encontrariam o assassino de Lan Huan; o homem com a faca, que tentou machuca-lo. Se não acreditasse nisso, Wei Ying não teria forças para enfrentar o dia a dia. Mas, então, Lan Zhan iria embora, e nunca mais a vida dele seria a mesma.

Lan Zhan se preocupava com as noites inquietas de Wei Ying, e embora desejasse apoiá-lo, sabia que a independência duramente alcançada se tornava vital para ele. Por outro lado, já o conhecia o suficiente para entender que Wei Ying era inseguro demais para admitir que precisava de ajuda,

Ele, por sua vez, sempre escolheu ômegas livres de quaisquer problemas, que não necessitassem de conselhos, conforto ou suporte emocionais. Um ômega que precisasse receber tal apoio dele, com certeza exigiria um maior envolvimento, e Lan Zhan não se sentia preparado para oferecer. Não que fosse um homem egoísta; era apenas cauteloso.

Agora, no entanto, se sentia cada vez mais ligado a um ômega que tentava evitar qualquer manifestação sentimental. Ele havia se apaixonado por alguém que embora precisasse dele, se recusava a admitir. Ele era um ômega forte, com inteligência e vontade de tomar conta de si mesma. Como consequência, a vida de Lan Zhan tinha mudado completamente. Agora, ele sentia que precisava confortá-lo, protegê-lo, compartilhar a vida com ele, e sabia que não havia nada que pudesse fazer para evitar.

A cama estava morna e o quarto cheirava a uma mistura de flores e grama que entrava pele janela aberta. A brisa que balançava as palmeiras apenas sussurrava, sem incomodar. Ao lado de Lan Zhan, Wei Ying dormia, os cabelos soltos espalhados sobre o travesseiro. A luz do luar iluminava o quarto, delineando as silhuetas deitadas. Wei Ying se remexeu na cama, e ele se aproximou, lhe massageando os ombros. Em seguida o beijou de leve, e ele suspirou, encostando o corpo no dele. Se Wei Ying estivesse agora sonhando, havia de ser com águas calmas ou grama macia. Ele percorreu as costas lisas com a ponta dos dedos. Costas longas, esguias, porém fortes. Lan Zhan pode sentir que a paixão começava a brotar.

Wei Ying acordou aos poucos. Em segundos se encontrava abraçado a ele. Quando Lan Zhan o beijou, Wei Ying correspondeu sem hesitar.

Desta vez não houve nenhum momento de dúvida antes que o desejo sobrepujasse a razão. Queria se dar a ele tão plenamente quanto fosse possível. Ajeitou o corpo sobre o dele, se mexendo num ritmo lento que o deixou indócil. Os toques suaves e inexperientes de Wei Ying o enlouqueciam. Nunca um ser pareceu tão docemente determinado a lhe dar prazer. Ele o beijava no peito, experimentando cada toque, esfregando o rosto numa carícia ao mesmo tempo terna e excitante.

O corpo de Lan Zhan ardia de desejo. A pureza e a ânsia de Wei Ying fizeram com que Lan Zhan se esquecesse de qualquer intenção em se manter controlado. Abandonando a razão, ele o segurou pelos quadris e num movimento rápido, o puxou-o para baixo, penetrando-o. Wei Ying não pôde conter um gemido de espanto e prazer. Com as mãos entrelaçadas nas de Lan Zhan, arqueou o corpo para trás, estabelecendo um ritmo frenético aos corpos unidos. Ávidos, desesperados, incontroláveis.

Passageiro do SilêncioOnde histórias criam vida. Descubra agora