Capítulo 10

89 20 1
                                    


Assim que chegaram na ilha, Wei Ying e Lan Zhan foram falar com o sargento Mingjue.

— O senhor andou muito ocupado, Sr. Lan. Meus homens tiveram bastante trabalho para segui-lo — declarou o policial, irritado depois de uma longa conversa com Lan Zhan. — Deveria ter me dito que pretendia fazer uma viagem a Acapulco com o Sr. Wei Ying.

— Achei que ter um policial atrás de nós seria no mínimo inconveniente.

— E agora que já terminou com sua investigação vem me trazer esta chave, que o Sr. Wei Ying encontrou dias atrás. Como advogado deve saber o que significa ocultar informações à polícia.

— Claro. — Lan Zhan se defendeu. — Mas nem eu nem o Sr. Wei Ying podíamos saber que a chave era uma evidência. Pensamos, é lógico, que pertencia a Lan Huan, e como inventariante de meu irmão eu teria direito a ele. No momento em que percebi que o conteúdo do cofre era importante, vim direto para cá.

— E o senhor tem alguma ideia de como seu irmão entrou de posse dos itens que me descreveu?

— Sim.

— E quanto o senhor Wei?

— Bem, o homem que me atacou disse querer o dinheiro. Encontramos um bocado no cofre — falou Wei Ying. — E uma bolsinha com algo que o Sr. Lan imagina ser cocaína.

O sargento abriu as mãos sobre a mesa.

— Sr. Wei Ying, alguma vez teve a oportunidade de ver Lan Huan portando ou utilizando drogas?

— Não.

— Alguma vez ele lhe falou em cocaína ou tráfico de drogas?

— Não, claro, ou eu teria contado ao senhor.

— Assim como me contou sobre a chave? — Quando Lan Zhan tentou protestar, Mingjue fez um sinal para que ele se calasse. — Sr. Wei Ying, vou precisar de uma lista de todos os seus clientes nos últimos seis meses. Nomes e endereços, se possível.

— Meus clientes, mas por quê?

— É bem possível que o Sr. Lan usasse um de seus barcos para contato.

— Meus barcos? Minha loja? — Wei Ying se levantou, ultrajado. — Acha que Lan Huan passaria drogas debaixo do meu nariz sem que eu percebesse?

— Espero que sim, senhor, ou estaria também envolvido. Poderia me entregar a lista até o final da semana? — Depois, olhando para Lan Zhan, prosseguiu: — É claro que pode pedir um mandado judicial, mas isso só atrasaria o processo. E eu também poderia retê-lo como testemunha.

Lan Zhan observou em silêncio enquanto Mingjue acendia um cigarro, soltando pequenos círculos azuis de fumaça.

— Em certos momentos é melhor não usarmos todos os nossos direitos. Além disso, acho que basicamente todos nós queremos a mesma coisa. Terá sua lista, sargento. E mais: Wen Zhu Liu— Lan Zhan declarou, gratificado ao ver a surpresa nos olhos do policial.

— Que sabe sobre ele?

— Wen Zhu Liu está em Cozumel; ou pelo menos estava. Meu irmão encontrou-se com ele em vários bares e clubes locais. Talvez também esteja interessado em David Merriworth, um americano que trabalha em Acapulco; pelo que pude notar, ele é que colocou Lan Huan nesse negócio.

— Agradeço a informação. — Mingjue anotou os nomes num papel. — Entretanto, no futuro apreciaria se o senhor ficasse fora do meu caminho. Buenas tardes.

Minutos depois, já na calçada, Wei Ying desabafou com Lan Zhan:

— Não gosto de ser ameaçado. Era isso que ele fazia, não? Ameaçando-me colocar na cadeia!

Passageiro do SilêncioOnde histórias criam vida. Descubra agora