Capítulo 6 - Ardente Hostilidade

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Era melhor não tocar no assunto, sabia que tanto Henry quanto Paulo, por questão de orgulho, não gostariam de lembrar aquele longínquo dia no Rio

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Era melhor não tocar no assunto, sabia que tanto Henry quanto Paulo, por questão de orgulho, não gostariam de lembrar aquele longínquo dia no Rio. E não seria justo ela quem iria relembrar. Naquele dia, por incrível coincidência, os dois tinham tentado uma séria investida contra ela, um sem saber do outro, é claro.

A tentativa de Paulo, o mais difícil e o mais materialista, tinha ocorrido durante a tarde. Henry, por sua vez, tentara a conquista à noite, no restaurante. E podia ser que Nick tivesse ouvido a cantada, o que explicaria o péssimo conceito que fazia dela. Talvez achasse que ela cedera, só porque ouvira e recusara, sem se alarmar.

— Esse dr. Curran parece achar que você não vai aguentar a viagem de amanhã, Catherine. — Comentou Paulo. — Mal posso esperar para ver a cara dele, depois.

— Espero não decepcionar você. — Retrucou Catherine, fazendo uma careta, para evitar se coçar.

Estranho, antes de ir para o Amazonas, sempre achara que teria medo dos bichos grandes e das cobras que habitavam a floresta tropical. Nunca havia imaginado que iria ter medo de uns mosquitinhos quase invisíveis!

Espalhou mais alguns feijões no prato e desistiu de tentar comer.

— Não! Amanhã não vou dar um só motivo para que o dr. Nick me recrimine! — Acrescentou ela.

Henry contemplou Catherine, que ainda segurava o garfo, e de repente falou.

— Vai ver que apesar dessa aparência de hostilidade ele se sente atraído por você!

— Não vejo a menor possibilidade sobre isso. — Retrucou ela.

— Tenho certeza de que você o impressionou! — Catherine deu uma risada.

— É sim... Ele está com ciúmes!... — Disse Henry, — Às vezes a agressividade é um sinal de atração!

— Ora, que besteira!

— Catherine, diga-me uma coisa: os piuns não picaram você também? Pensei que quando me queixei, agora há pouco, você iria aproveitar para se queixar também!

— Não. Não tenho nenhuma picada.

— Então o que estava fazendo, esfregando o garfo no braço? — perguntou Paulo.

— É que... estou um pouco inquieta. Acho que quero fumar...

Henry e Paulo, que sabiam que Catherine quase nunca fumava, trocaram um olhar estranho.

— Era só me pedir! — Disse Henry tirando do bolso um maço de cigarros, todo amarrotado, que jogou para ela, junto com uma caixa de fósforos.

Os dois ficaram observando Catherine pegar o maço com mãos trêmulas.

— Mas o que é isso? — Disse Paulo. — Tudo isso é nervoso?

Catherine os conhecia bem, e sabia que não a deixariam em paz enquanto não descobrissem o que tinha. Acendeu o cigarro, soltou a fumaça sem ter tragado, e jogou-o fora.

Prazeres No Paraíso - Série Pecados Capitais - Livro IVOnde histórias criam vida. Descubra agora