Capítulo 20 - Não quero Ninguém

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Cigano, o filho de Valdecir, era um homem surpreendentemente bonito, parecia ter herdado as melhores características de cada uma das raças que se misturavam nele

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Cigano, o filho de Valdecir, era um homem surpreendentemente bonito, parecia ter herdado as melhores características de cada uma das raças que se misturavam nele.

Também tinha cabelos ruivos como o pai, a pele morena dos cablocos da região de Manaus, um físico de músculos bem-proporcionados, e um rosto atraente, de olhos escuros, luminosos e inteligentes. Enfim era charmoso e simpático.

Catherine notou, entretanto, uma certa tensão no ar quando ele e Nick se cumprimentaram. Pelo que Valdecir contara a respeito da ajuda que Nick dera ao filho, ela imaginara que houvesse mais calor entre eles.

Berenice, a mulher de Cigano, era bonitinha mas baixa, um tanto fora dos padrões femininos que muitos acreditavam por aí, e parecia adorar o marido pelo menos. Esse seria o segundo casal que viveria a partir de agora dentro da ONG.

A primeira oportunidade que Catherine teve de falar em particular com Nick foi logo depois de o avião ter levantado vôo sobre o rio. Mas ele, como se quisesse desencorajar qualquer conversa, fechou os olhos.

— Você falou com Erarê? — perguntou ela, em voz baixa, decidida a aproveitar aquela ocasião.

— Falei, sim. — A voz era inexpressiva e ele continuou de olhos fechados. — Passei quase a noite toda conversando com ele, mas não consegui convencê-lo.

— Ah, que pena...

— Erarê não quer acreditar que Joana queira ficar igual às outras para atraí-lo, não entende assim o fato de ela ter abandonado as roupas para andar nua. Na verdade, ele acha até que ela flerta com os visitantes que vão lá, inclusive eu.

Catherine arregalou os olhos.

— Mas por que ele haveria de pensar uma coisa dessas?

Nick suspirou e entreabriu os olhos.

— Porque Joana veste as roupas toda vez que chega um visitante. Para Erarê as roupas é que são provocantes e não a nudez. Ele acha que ela se veste para se exibir e se oferecer.

— Essa não! — Catherine não pôde deixar de rir.

— Não consegui demover Erarê de sua lógica. Para ele a questão é simples. Se Joana quisesse chamar a atenção dele, nunca teria tirado as roupas.

Catherine contemplou a imensa floresta pela janela. Precisava conversar com Joana, talvez conseguisse convencê-la a ficar vestida.

Nick, como se tivesse lido seus pensamentos, acabou lhe dizendo.

— Nem pense em sugerir a Joana que fique vestida. Agora ela já está nua há muito tempo, e a tribo iria considerar imoral essa atitude. Eles já acham muito estranho que ela use roupas de vez em quando.

— Ah, santo Deus! Coitada dela, não tem saída alguma nessa história!

— Não tem mesmo, e logo não vai adiantar mais qualquer tentativa.

Prazeres No Paraíso - Série Pecados Capitais - Livro IVOnde histórias criam vida. Descubra agora