Nick fez uma breve pausa antes de continuar contando o que sabia da região.
— Inclusive, as lendas amazônicas refletem a influência dos povos indígenas na rica cultura da região, tradições que, felizmente, seguem transmitidas ao longo de gerações. O fato é que o folclore amazônico é um dos mais ricos do Brasil, graças à riqueza e à quantidade de histórias. Tão ricos quanto são os personagens que protagonizam as lendas da Amazônia que mexem e sempre mexerão com o nosso imaginário.
— E quais são essas lendas da Amazônia que mexem com o imaginário popular? Perguntou Catherine.
— A lenda da Iara é, certamente, uma das lendas da Amazônia mais conhecidas e estudadas.
— Deve ser a sua preferida. Indagou ela tentando irritá-lo, mas Nick nem ligou.
— A Iara era uma linda guerreira, cuja beleza e coragem causavam inveja aos seus próprios irmãos. Tanto que eles resolveram matá-la. Porém, como Iara era habilidosa, foi ela quem acabou matando os irmãos. Temendo a reação da tribo, Iara resolveu fugir, mas foi encontrada por seu pai. O castigo que ele lhe aplicou foi lançá-la ao rio. Os peixes a salvaram e a transformaram em uma sereia.
— Sempre colocam a culpa na vítima não importa a origem ou cultura! Afirmou ela prestando atenção na história.
— Segundo a lenda, seu canto encanta os pescadores e aqueles que conseguem escapar são acometidos por uma loucura que só pajés podem curar. E tenho que concordar com o seu ponto de vista. Quer ouvir mais sobre as lendas daqui?
— Sim, essas histórias são diferentes das que eu cresci ouvindo quando criança.
— Você já ouviu a expressão "filho ou filha do Boto"?
— Quando cheguei Manaus ouvi algumas coisas, mas nada muito específico.
— Certo... Então, é uma herança da lenda do Boto, uma das mais difundidas lendas da Amazônia. Dizem que, nas noites de festa, o boto se transforma em um belo rapaz que sai em busca de jovens bonitas. Ele, então, as seduz, engravida e desaparece.
— Ou seja, uma justificativa para explicar as crianças sem pai reconhecido.
— Exatamente... Porém, nem de todo o mal é feito o belo rapaz. A lenda também conta que o boto salva mulheres vítimas de naufrágio, arrastando-as até a margem do rio.
— Isso tudo é muito interessante e diferente.
— Essa lenda quem me contou foi o cacique Eranê. Ele fez questão de eu o ouvi por horas e não, não foi cansativo para mim. Disse ele sorrindo de lado.
— Mas eu não ia lhe dizer nada e...
— Mas pensou linda Catherine, não minta pra mim e nem pra você mesma.
Catherine bufou com irritação.
— A Cobra Grande, ou Boiúna, é uma representação da sucuri ou anaconda. Segundo a lenda, Boiúna é uma cobra gigante que, vez ou outra, abandona a floresta e se joga no rio. O caminho pelo qual passa se transforma nos igarapés.
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Prazeres No Paraíso - Série Pecados Capitais - Livro IV
Roman d'amourPrazeres No Paraíso Sinopse Presa à memória do noivo, falecido em trágicas circunstâncias, Catherine Tramell não suportava mais a idéia de viver ao lado de h...