Catherine acordou, lânguida, depois de um sono reparador. Pestanejou no escuro do quarto. O luar invadia a casa de um modo único e diferente, tornando a atmosfera até aquele instante em algo misterioso, salientando contornos de sombras. O som da respiração de alguém adormecido chegou-lhe aos ouvidos. Ficou um pouco desnorteada, tentando lembrar-se de onde estava.
Fixou o olhar, querendo discernir as silhuetas, e, aos poucos, distinguiu uma rede perto da sua cama, onde alguém dormia. Então, adivinhou que era Nick. Ele não tinha ido dormir no hospital! Será que tinha ficado tão preocupado assim com o seu estado de saúde?
Aquele homem a deixava confusa! Uma hora a odiava com todas as suas forças e em outros momentos seu cuidado e preocupação a fazia esquecer até de suas diversas palavras rudes para com ela.
Catherine ainda se sentia entorpecida de sono, o que não costumava acontecer, e achou que os comprimidos que tomara deviam ser para fazê-la dormir. Devia ter dormido antes que o jantar chegasse... virou-se de lado na cama e viu que na mesinha de cabeceira havia pratos brancos, de porcelana. Eram diferentes do que elas vi na cozinha comunitária dias atrás, desvio o olhar com curiosidade e deduziu que poderia ser de uso pessoal de Nick.
Não estava com fome e ainda não recuperara as forças, embora a falta de ar e a sensação de inchaço tivessem passado. Os remédios e o banho de esponja tinham-lhe feito bem... Banho de esponja?...
Lembrou-se, de repente, num sobressalto, que não tinha nem conseguido acabar de tirar a blusa. Adormecera, exausta, sem ter tirado a roupa por completo.
Mas, então, como é que estava com uma das camisas de Nick? Coberta até a cintura, apenas com um lençol? Quem lhe dera banho e a vestira? Teria sido Nick? Sentiu sem querer um calafrio. Ele devia ter aproveitado para olhar seu corpo à vontade! Será que demorara muito olhando-a? E as mãos dele, será que a tinham tocado com a mesma impessoalidade e profissionalismo de antes, quando ainda estava acordada? Deus do céu! O que será que tinha acontecido? Era melhor sair daquela casa imediatamente, não era necessário esperar mais, apesar da recomendação do médico.
Os macacos começaram a gritar, como de hábito, mas Catherine não se assustava mais com aquilo. Olhou de relance para a rede. Nick nem se mexera com o barulho.
Sabia, agora, que se os macacos tinham começado a gritaria era porque já estava amanhecendo. Assim que clareasse, poderia ir para sua própria cabana. A perspectiva de andar até lá não era muito animadora, mas pior seria ficar ali, em companhia daquele homem que tanto a enervava e a fazia se sentir estranha, confusa.
Assim que os primeiros raios de luz iluminaram o céu, Catherine sentou-se na cama. Olhou em redor, atenta, querendo encontrar suas roupas. Mas não havia nada or ali, nem mesmo suas botas. Só seus tênis estavam ao lado da cama.
Inclinou-se e sacudiu-os de cabeça para baixo, como precaução, conforme haviam lhe ensinado.
Afastou o lençol e ficou satisfeita de ver que a aparência de suas pernas voltara ao normal. Não estavam mais inchadas nem com sinais de urticária. Levantou-se e sentiu uma vertigem passageira, que quase a fez cair. Talvez fosse efeito do remédio que tomara para dormir, ou então, fraqueza mesmo. Olhou para baixo, a camisa era grande e cobria-lhe parte das coxas. Teria que ir assim mesmo, paciência! Deu um passo, cautelosa.
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Prazeres No Paraíso - Série Pecados Capitais - Livro IV
RomancePrazeres No Paraíso Sinopse Presa à memória do noivo, falecido em trágicas circunstâncias, Catherine Tramell não suportava mais a idéia de viver ao lado de h...