Capítulo 02

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ZOE

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ZOE

Os olhos me observam com dentes podres e fedidos, mãos suadas, imundas, meu corpo está preso de medo. Me assusto, gritando em desespero, me sento rápido e vejo que estou enrolada em um cobertor felpudo e bem quentinho. Era tão delicioso, parecendo lã de ovelha, toco em meu rosto, fechando os olhos, tentando acalmar meu coração com a maciez do cobertor. Tinha cheiro de café, fumo e intensidade. Levanto o olhar e vejo os olhos dele me encarando. O sol ainda não tinha raiado.

— Sonho ruim? — pergunta, desviando o olhar.

Balanço a cabeça, afirmando, sem conseguir emitir nenhum som. Até quando ia lembrar de tudo o que aconteceu? Não quero viver presa a essas lembranças. Não preciso disso – não quero.

Choro alto, lágrimas grossas caem, limpo com as costas da minha mão, não quero parecer frágil, mas estou abrindo, rachando, e não consigo mais colocar os pedaços no lugar. Meus gemidos são dolorosos até para meus ouvidos.

Abaixo o olhar e miro o chão para fugir de qualquer acusação que possa vir dos seus. Logo, botas pretas chegam na altura do meu olhar, limpo mais uma vez minhas lágrimas com minha mão e levanto o rosto para encontrar o seu.

— Fica mais fácil? — questiono, e seus olhos brilham como se ele não soubesse direito o que me responder.

— A gente aprende a viver com as lembranças, sejam elas boas ou ruins — declara se afastando, adentrando a floresta.

Espero que essa parte chegue logo, pois não quero mais lembrar, penso, enxugando mais lágrimas que teimavam em cair contra a minha vontade.

********

O sol já se encontra bem forte quando fui sacudida por mãos vigorosas, tomo um susto e me encolho ao toque. Reconheço meu salvador e me levanto rápido, a coberta acaba caindo, e a blusa estava enrolada na cintura. A vergonha é tanta que minhas bochechas ficam rubras, mas o homem nem olhou para mim, e eu agradeço mentalmente por isso, ele apenas se vira e anda na direção de uma grande mochila preta.

— Vamos, não temos muito tempo.

Humm? Vamos para onde?

— Não faça pergunta, vista-se. — Aponta para pilha no chão e a xícara de café. — Precisamos chegar até o anoitecer. — Olha para fora e depois de volta para mim. — Vou esperar lá fora, ande rápido, não estamos mais seguros — diz, me deixando sozinha.

De imediato, visto rápido meu vestido de antes e enrolo o cobertor, faço uma trouxa com minhas roupas e vejo que ele não mexeu em nada – o que é bem estranho, já que busca informação sobre algo. Dou de ombro, bebo mais um gole do café e saio da caverna, estou faminta.

— Deveria ter acordado mais cedo para comer. — Parece que ler meus pensamentos — Vai ter que se contentar com isso.

Me entrega um pão, que está recheado, não recuso, mordo e vou ao céu com a explosão de sabor, é muito gostoso.

PERSEU: FILHO DO FOGOOnde histórias criam vida. Descubra agora