Capítulo 05

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ZOE

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ZOE

Olho a casa, tem mais de 3 horas que a entrada das duas mulheres foi liberada, digo a mim mesma que o sentimento que oprime meu peito é bobagem. Porém, odeio quando ele chama essas garotas, que sei que são somente prostitutas para sua válvula de escape. Nesses 3 anos que estou aqui, aprendi a entender como ele funciona. Sempre que tem problemas, resolve beber e transar com mulheres com quem não tem vínculo emocional, nunca são as mesmas e nunca sei de onde elas vêm.

Aqui, apesar de se chamar ilha, muitas pessoas passam por aqui o tempo todo, era grande, quase uma cidade litorânea. Poucas pessoas se conhecem ou tomam conta da vida dos outros, tenho total certeza de que, antes de fixar residência aqui, ele pesquisou o local. Os homens ricos e poderosos tinham casas na Ilha, mansões na realidade, e a maioria deles nem ia, era só investimento e logo vendiam, tornando o local um rodízio de pessoas ricas que simplesmente não se importam com mais ninguém. O que era bom para um cara que deseja passar despercebido, ninguém sabe quem é e de onde veio e, no fundo, ninguém se importa.

Aquela noite ainda vive entranhada em minha memória, passei todo o caminho até a capital em silêncio, em choque por tudo que vi. Viajamos durante dois dias por terra e mais dois de avião, na verdade, entendo que ele estava limpando nossos rastros.

Em nenhum momento Perseu me dirigiu a palavra ou falou quem ele era, havia uma máscara de frieza em seu silêncio, e eu me mantive solitária, com meus próprios pensamentos caóticos. Lá no fundo, eu me encontrava com muito medo, principalmente pelo que poderia acontecer quando chegasse ao nosso destino.

Seria morta? Ele cumpriria nosso acordo?

Mas o que realmente aconteceu foi que ele me deixou numa casa de apoio para mulheres com a seguinte frase: Confie em mim! E foi o que eu fiz, confiei, e, depois de duas semanas, lá estava eu lavando os banheiros do local quando fui chamada para falar com a diretora e ouvi que tinham conseguido um emprego para tomar conta de uma casa litorânea de um milionário que não ia no local já há algum tempo.

Emma estava linda, educada e muita simpática, como precisava de oportunidade, resolvi aceitar. E foi um choque quando nos encontramos de novo e ele sequer me dirigiu uma palavra, apenas um olhar vazio. Simplesmente fez de conta que nunca nos encontramos antes, que eu não o vi matar algumas pessoas e que eu não sabia quem ele era. Aquilo doeu bastante, Emma passou as coordenadas que só poderia ficar com o trabalho se desse meu melhor e voltasse a estudar, além de jamais falar do meu patrão ou fazer perguntas sobre ele, comprou roupas novas para mim, fui levada a um salão, onde meus cabelos foram tratados e, em meses, entendi que minha vida mudou, mas que Perseu jamais falaria comigo de novo, e aceitei meu destino.

Agora sou eu que o evito, ele não precisa temer me encontrar nos cômodos da casa, pois sempre me policiava para não ficar no mesmo ambiente. E assim minha vida mudou, amadureci e aprendi que a solidão é uma bênção, mesmo porque não sei lidar com muita gente ao meu redor. Fico perdida, a única coisa ruim na minha vida hoje é os pesadelos. Eles sempre voltam, sempre estão por ali, sondando minha mente para me engolfar nas lembranças dolorosas. Pensei, muitas vezes, em buscar ajuda, mas tenho medo de falar sobre mim ou sobre meu passado doloroso.

PERSEU: FILHO DO FOGOOnde histórias criam vida. Descubra agora