Capítulo 16

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PERSEU

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PERSEU

Acordo sentindo a leveza de não ter pesadelos, o sol brilha, entrando pela janela, o que traz a certeza de que fiz merda na noite passada, jamais abro as cortinas ao acordar, o brilho solar me incomoda, nem sei por que moro na praia se raramente curto essa parte zen da natureza.

Bocejo, me espreguiçando, e dou conta que estou sem camisa e com a Zoe abraçada ao meu corpo. Nunca fico sem camisa, que merda foi que eu fiz? Não deveria ter ido à casa, ter ataques de ciúmes não faz meu tipo, porém, odiei ela sorrindo para aquele babaca na sua formatura, detesto o fato que sejam tão próximos que ele pode estar com ela abertamente. Pensei em não ir, mas, como um idiota, também não resisti vê-la tão linda e tão sozinha para um grande momento como esse. Para muitas pessoas, pode ser uma mera bobagem o que a Zoe conseguiu, mas sei como é importante para ela o passo que deu – pessoas como nós têm tão pouco vindo da sociedade, na maioria das vezes somos invisíveis, e é assim que deseja o sistema, que ninguém veja ou se importe com os marginalizados.

Sendo assim, resolvo ir à formatura e ficar nos fundos do lugar a assistindo sorrir, bater palmas e ser feliz com sua conquista. Mas o bom humor foi embora assim que o babaca do Maurício tocou suas costas e ela sorriu para ele. Ruminei a cena até em casa e, assim que ela chegou, já estava no limite necessário para fazer uma cena, ela nunca sorri para mim, nunca, mas se derrete quando aquele mauricinho totalmente sem graça toca suas costas.

Ranjo os dentes ao me lembrar da cena e, antes que ela acorde, dou o fora de sua cama, não sei o que dizer a uma mulher depois de transar, e principalmente sendo a Zoe essa mulher.

Caralho, ela era virgem, porra, fui seu primeiro, que merda! Então, porra, para que você foi na casa dela, seu cuzão? Você era mais forte que isso, penso, vestindo a camisa e dando fora como um imbecil que sou, pois não desejava enfrentar a situação.

Olho para seu corpo nu e quase volto, parece plácida, feliz e, merda, ela não merece minhas sujeiras em sua vida. Dou uma última olhada em seu corpo e seus cabelos estão selvagens, espalhados pelo travesseiro. Eu amo sua cabeleira encaracolada, parece um animal feroz quando ela solta e fico excitado com a imagem, mas fujo antes que faça outra besteira.

Chego em casa e abro a geladeira, estou com a garganta seca, preciso urgentemente de muita água. Meu Deus, ela é perfeita, que pele linda, que sabor, caralho, estou ficando duro de novo! Poderia voltar lá e fazer mais uma rodada, mordo os lábios, me lembrando da sua boca. Acho que ela merece uma experiência matinal, me viro para sair com um copo de água na mão e quase tenho um treco com Emma à minha frente, de braços cruzados, me observando.

— Ficou maluca? Se eu estou armado, poderia atirar em você. — Porra, esqueci a droga da minha arma na casa da Zoe, estou ficando disperso. — Está fazendo o que na minha casa uma hora dessas?

— Você nunca fica sem sua arma — diz, sem responder ao meu questionamento, e odeio seus olhos questionadores. — Estava onde?

— Virou minha mãe? — debocho, pondo a garrafa de volta na geladeira para ganhar tempo. — Não tem o que fazer no fim de semana, não? Tem filhos remelentos em casa?

PERSEU: FILHO DO FOGOOnde histórias criam vida. Descubra agora