Capítulo 22

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ZOE

A forma que Perseu fez amor comigo foi como uma declaração, calmo e intenso ao mesmo tempo, pois ele beijou todo meu corpo, cada canto da minha pele foi amado por ele. Apesar de tudo isso, eu sei que, em algum momento, ele vai me magoar, sua natureza selvagem nunca vai permitir entrar em seu coração e, para se proteger de mim, Perseu vai me magoar, reflito, fazendo carinho em sua cabeça suada.

Eu o segui até ali só com a roupa do corpo, sem questionar, será que o amo a tal ponto de passar por cima de sua natureza dominante? Porque o que tem em meu peito por esse homem tão fragmentado é amor, e creio que, por nunca ter tido amor em sua caminhada árdua até aqui, não vai perceber o amor de verdade se encontra com ele, em sua frente e, por medo, vai anular qualquer possibilidade que isso aconteça. O que faço com meus sentimentos, mato aos poucos, sufoco? Ou me declaro e depois remendo os pedaços do meu coração?

Estou em um beco sem saída!

Perseu levanta a cabeça do meu peito em alerta, sinto sua personalidade se modificar, como um cão farejador, ele analisa o ar e segura meu braço, sem me encarar.

— Vista-se e entre em casa.

— Mas...

— Faça o que eu pedi e, a partir de agora, não fale nada. — Rápido, começo a me vestir e as luzes de carros continuam se aproximando, ele faz o mesmo, vestindo suas roupas, entra na casa e volta com uma metralhadora. — Esconda-se, vou recepcionar a visita.

Puxo o cobertor e entro na cabana correndo; na mochila do Perseu, encontro uma arma preta menor e me escondo atrás do balcão com ela nas mãos. Meu corpo está totalmente em alerta e estou com medo, não sei quem são essas pessoas. Porém, o medo é um combustível para que eu queira estar viva! Não vamos nos render com facilidade.

Ouço vozes do lado de fora, tento ouvir a conversa e rastejo para trás do pequeno sofá. A voz do Perseu está gélida, como se a alma dele não existisse, e a dor varre meu peito com suas palavras.

— Zoe é só minha funcionária, nada mais que isso.

Alguém ri, e conheço aquele sorriso, é o Xandy, mas por qual razão Perseu está distante? Xandy é amigo, o que torna suas palavras mais dolorosas para mim, ele acabou de me amar e agora me renega na frente do seu melhor amigo. Ou seja, ele nunca vai me assumir, e sinto um vazio na alma.

— Por que a trouxe? — a outra voz calma indaga. — Não importa, precisamos fazer um acordo.

— Não desejo nada com a agência, a não ser o dinheiro que eles me pagam — Perseu rebate, e eu fico sem entender o que está rolando, na dúvida se devo sair ou não. — Eu fui claro sobre não me importa quem comanda ou não.

— Perseu, isso é importante para todos, vamos ter mais autonomia sobre nossas vidas e escolhas, nem todos conseguem sair igual você — Xandy rebate. — Só ouvi a proposta, e acho que ele tem algo que você deseja.

— O que ele sabe sobre meus desejos? Veio ao lugar errado.

— Você é um cabeça-dura, o cara só deseja conversar contigo.

— Foi ele que mandou me matar ou foi você quem fez isso? Está me usando como pião em seu jogo idiota de poder.

O Xandy era um traidor? Que merda é essa? E sinto meu coração preso na garganta, sem conseguir emitir nenhum som, com medo do vai acontecer se isso for verdade. A vida do Perseu corre risco e, com certeza, a minha também, ou eles querem me usar para atingir ele.

— Não mandei matar você e nem faço ideia quem fez isso. Vamos aos fatos, ele quer falar com você, o cara não vai desistir.

— Acho que acabamos aqui. — Perseu dá passadas para trás, vejo suas pernas entrando na cabana, e Xandy o intercepta na porta.

PERSEU: FILHO DO FOGOOnde histórias criam vida. Descubra agora