Posion - 2

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Minha mãe falou que os dias das aulas de reforço seriam terça, quarta e sexta. Dou graças a Deus que ela não marcou para segunda, já que tem duas aulas de química de manhã. Minha mente não ia aguentar mais uma aula de tarde. Meu cérebro ia explodir.

Estava no intervalo mexendo no celular enquanto Yaku e Lev discutiam sobre algo que realmente não me interessa.

— Não é, Kenma? —Yaku me chama.

— Hm..? — Continuo olhando o jogo.

— Olha aqui.

— Espera. — Termino a fase e olho para eles. — O que foi?

— Não acha que filme de ação é muito melhor que filme de comédia? — Yaku questiona.

— Terror. Prefiro de terror. — Falo tentando acabar com aquilo.

Ambos se entreolham como se dissessem: isso ainda não acabou. E eu não vou mais estar aqui para ver onde isso vai terminar. Eles arranjam cada discussão...

— Ei, Kenma. Não vai comer? — Lev diz e olha para o meu pão intocado.

É verdade.

— Vou. — Pego o sanduíche e dou uma mordida.

— Hoje você vai para o vôlei com a gente? — Yaku pergunta.

Não sei porque ele quer tanto que eu vá. Tentei jogar no primeiro ano mas não gostei. Quer dizer, eu gostei, mas não o suficiente para ficar. Não tinha razão para eu ficar então eu saí e me sinto melhor.

Mas de qualquer forma, mesmo se eu quisesse ir, tem o reforço.

— Não. Minha mãe marcou para mim aulas de reforço de química. Ela recebeu um e-mail da professora.

— A mesma do ano passado?

— A própria. Essa mulher me odeia. — Dou mais uma mordida no pão.

— Mas isso é lógico. — Lev começa. — Você dormia em literalmente todas as aulas dela.

Eu o fuzilo com o olhar. Ele não tem medo de morrer não? Jogando coisas assim na minha cara. Mesmo que seja verdade, essa mulher não tem o direito de fazer da minha vida um inferno.

— Mas isso não deve ser tão ruim. Pelo menos suas notas vão melhorar. — Yaku tenta ser positivo.

Isso não combina com ele. Mas ele estava se esforçando, então não vou dizer nada.

— Duvido muito, essa matéria não entra na minha cabeça. — É a única coisa que eu digo.

— Às vezes é o jeito que te explicam. Agora você vai tentar com aquele cara... Kuroo.

— Ele foi na minha sala também. — Lev afirma. — Fizemos exercícios na segunda aula e ele me ajudou. Posso dizer que explica bem.

— O universitário? — Pergunto e ele assente. — Não sei. Ele não tem muita cara de que explica bem.

— Ele está bem ali, comendo. — Yaku aponta com a cabeça nada discreto e eu me viro muito menos discreto ainda.

Ele conversava com uma aluna. Talvez seja da minha sala, talvez não. Não tenho certeza. Me volto para eles.

— Ele realmente não tem cara de quem explica bem. E nem cara de que entende qualquer coisa de química.

— Da uma chance para ele. Às vezes você se surpreende. — Lev conclui.

O sinal toca bem no momento que dou a última mordida no sanduíche. Levantamos e vamos para a sala. Nesse tempos, Yaku e Lev estão se empurrando cada vez mais e demorando mais para se despedir — apesar de estarem só a uma sala de distância — não sei se é porque o ódio aumentou ou se eles se amam.

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