Posion - 11

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O filme acaba e, quando saímos da sala, Kuroo me olhava toda hora.

Queria morrer.

— Não vai falar sobre isso? — Ele pergunta quando entramos no elevador. Eu fiquei próximo a parede e ele na minha frente.

— Isso o que? — Digo rápido demais, como se a resposta estivesse dançando na ponta da minha língua, só esperando o momento certo para dizer.

— O filme. — Kuroo fala como se fosse óbvio.

Quase me engasgo.

— Ah, sim, claro. Achei bem... interessante.

— Sério? — Ele faz uma careta e eu suspiro dizendo:

— Na verdade não. Achei péssimo.

— Que bom. Eu também odiei.

— Parecia que estava gostando, não tirava os olhos da tela. — Comento.

— Na verdade eu estava tomando coragem p-...

Nesse momento o elevador para em um piso e enche, fazendo Kuroo ser empurrado para cima de mim, que sou empurrado para a parede. Ficamos tão próximos quanto no cinema. Lá, por mais que tenha rolado beijo, a tensão foi menor. Tinha uma cadeira nos separando. Mas, aqui e agora, não tinha nada.

Sua respiração batia na minha bochecha. Seu braço passava perto na minha orelha e terminava com sua mão apoiada na parede de metal. Os segundos foram demorados até chegarmos no nosso piso.

Notei o olho de Kuroo descer para minha boca diversas vezes. Além de ele ficar analisando tudo, cada canto. Me senti pequeno, mas lindo. O jeito que ele me olhava me fez me sentir lindo, desejado. Algo que não acontece a algum tempo. Ele não me olha com maldade, parece que me olha com admiração.

Kuroo respira fundo e minha barriga explode em borboletas desesperadas.

A porta do elevador se abre e toda aquela gente desce no mesmo piso que nós. Fomos caminhando até o carro. Cada vez que nossas mãos se encostavam levemente eu ficava mais nervoso. Entramos no carro e a tensão era praticamente palpável, pelo menos para mim.

Os dedos de Kuroo trambolhavam no volante ao som da música do rádio enquanto alguns pingos de chuva começaram a cair no vidro.

— Eu gostei. — Kuroo fala de repente, quando já estávamos chegando na minha casa, a chuva cada vez mais forte.

— Do que, exatamente?

— Que me beijou. Eu gostei. — Ele diz parando o carro.

Pisco os olhos atordoado, demorando para perceber que já tínhamos chegado. Olho para Kuroo, que analisava meu perfil.

— Você não pode falar isso tão normalmente. — Viro meu rosto para frente de novo escondendo-o com o cabelo.

Ficamos mais um tempo em silêncio, eu apertava minha blusa na lateral quando Kuroo colocou meu cabelo atrás da orelha e virou meu rosto para ele. Meus olhos alternavam entre os seus, tentando focar em seus dedos, que desciam para minha nuca, me puxando para perto, até nossos lábios se encontrarem novamente.

Mas desta vez, não foi apenas um selar. Kuroo aprofunda o beijo pressionando mais minha nuca e abrindo a boca para mordiscar meu lábio inferior, me dando calafrio. Levo minha mão para os seus ombros, descendo para as costas largas.

Logo, estamos em um beijo profundo e lento. Gostoso. Porém nada de segundas intenções, apenas um beijo inocente, tímido e bom. Estamos explorando uma coisa nova, entretanto nossos rostos se encaixaram perfeitamente. Não é aquele beijo apavorado, esquisito.

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