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As férias se passaram rápido e durante esse mês todo eu e Kuroo não nos falamos uma vez sequer. Não vou mentir, sinto falta dele mas acho que de tanto pensar acabei superando toda essa confusão. Não guardo ressentimentos mas também não faço questão de voltar a falar com ele. 

Na primeira semana de férias eu estava acabado e contei tudo o que aconteceu para Yaku e Lev. Eles compreenderam e perguntaram o que eu fiz com o pen-drive e eu disse que deixei guardado no meu quarto. Yaku não achou uma boa ideia então, naquele mesmo momento, eu pisei em cima e joguei os restos no lixo. 

Além disso, fiquei completamente obcecado por Misha. Cheguei a encontrar a conta do Instagram de Kuroo e fiquei chocado ao notar que nem seu primeiro nome eu sabia. Nunca tinha me dado conta disso. Tetsuro. Kuroo Tetsuro. 

No Japão não costumamos chamar as pessoas pelo primeiro nome, apesar de eu preferir que me chamem de Kenma, não é algo comum. Por isso acho que nunca me liguei sobre esse fator. Mas, de qualquer forma, não me interessa mais.

Agora estou tranquilo. Mesmo eu tendo achado estranho que não havia nem uma foto com ela em seu perfil, e vice-versa. 

Minha vida voltou a ser como era. 

Inclusive, agora estava indo para a escola. O inverno rigoroso já acabou, mas posso contar nos dedos as vezes que nevou. Contudo, essa estação acaba apenas no fim desse mês, então ainda posso usar confortavelmente meu moletom gigantesco. Minhas mãos estavam no bolso da blusa e o fone estralando no ouvido. Meu cabelo ia para todos os cantos por causa do vento, o coque que eu havia feito foi por água a baixo. 

No corredor dos armários pego as coisas que vou precisar no dia. Não fugindo da rotina, Yaku e Lev já aparecem para me encher com mais uma de suas brigas sem sentido. Como é segunda-feira, temos aula de química e obviamente sou obrigado a vê-lo. O sinal bate e todos vamos para as salas.

— Olá, como foram de férias? — O professor de química pergunta assim que entra na sala. Tetsuro estava logo atrás. 

Ele deixa alguns alunos responderem antes de dizer:

— Ah, e hoje é o último dia de Kuroo aqui, já que ele terminou suas horas de estágio da faculdade, então, depois, se despeçam dele. 

Quando o professor diz isso, são escutados vários resmungos de lamento. Bato meus olhos em Kuroo, que sorria de leve do forma carinhosa para a sala toda. 

Ele costumava sorrir assim para mim.

— Para de pensar essas merdas. — Sussurro para mim mesmo dando uns tapinhas na minha cabeça.

Já não sinto nada por ele. Acho que um mês é o suficiente para superar um quase algo, né? Digo... nem aconteceu nada. Uns beijos aqui, outros lá e nem isso direito. Ele fez a escolha dele e estou bem com isso. Já devia ter esperado uma coisa dessas. Afinal, desde quando um cara como Kuroo, ficaria com alguém como eu? 

*

O dia se passou rápido. 

Na hora do intervalo Daisho vem falar comigo. A última coisa que queria fazer era ver aquele cara mas, algo dentro de mim me fez ser minimamente decente com ele e fiz o certo porque, em um dado momento, ele comenta que sabia que eu roubei seu pen-drive e que fui idiota por isso.

"Tenho tudo salvo no meu computador, acha que sou tão burro assim, gatinho? Mas eu posso te perdoar por isso, se me beijar" é o que ele diz.

Mordo a bochecha por dentro e não falo nada quando ele se levanta e vai embora.

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