Posion - 20

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O dia passa rápido e a noite logo chega. Fiquei o dia estudando e recuperando os dias perdidos. Não posso correr o risco de ficar de recuperação no meu último ano. O Halloween está chegando e isso significa que o fim do terceiro ano também — geralmente, as aulas dos pré-universitários terminam meses antes por causa do vestibular. 

Ah! Quase me esqueço de mencionar que Daisho sumiu. Tipo, sumiu mesmo. Não está mais na escola e ninguém sabe dele. 

Tomara que tenha morrido. 

São sete horas da noite quando minha barriga começa a roncar tão alto que fico com medo, por isso decido comer alguma coisa. Assim que piso na cozinha a campainha toca. Estranho o fato porque não estou esperando ninguém e minha mãe só vem daqui algumas semanas. Para me precaver olho primeiro pela janela e lamento por não enxergar nada. 

— Banguela, se for alguém desconhecido, você pode matar. — Digo para o meu gato, que estava deitado atrás de mim no chão gelado. 

Ao abrir a porta quase não reconheço Kuroo. 

Parece que correu uma maratona e que venceu. Venceu porque seus olhos brilhavam.

— Kuroo? Tá tudo b-

Antes que eu terminasse de falar ele me ataca com um beijo, tirando meus pés do chão me envolvendo os seus braços e gira. Depois que me coloca no chão fico estático com a boca entreaberta. 

— Comprei uma casa.

— Você o que..? Como assim? Está passando bem?

— Quer dizer, não comprei ainda não tenho dinheiro para isso,  e não é uma casa como a sua, mas, aluguei um apartamento. Pequeno mas, meu.

— E porque isso? Tão de repente assim... — Pergunto e seu sorriso diminui um pouco e começo a ligar os pontinhos. — Falou para os seus pais? Falou para eles sobre nós? — Questiono com cuidado e ele assente lentamente. — E... está tudo bem? 

— Nunca estive tão bem. — Ele me olha com mil estrelas refletindo na pupila dilatada. Por isso não consigo deixar de sorrir. — E eu queria te... chamar para ir morar comigo.

Meu sorriso some em surpresa e meus olhos ficam tão abertos que até sinto eles arderem. 

— Como? Certeza que não bebeu? — Me aproximo dele e coloco uma mão em sua testa. Às vezes febre alta faz a pessoa ter alucinações. 

— Repentino demais? — Ele pergunta me deixando levá-lo até o sofá. 

— Sim, quero dizer... nem tivemos um encontro apropriado ainda. 

— Fomos ao cinema. — Ele me olha confuso.

— É mas, quero dizer... depois de tudo. Não quero que tome uma decisão por impulso só por pensar que precisa de mim agora. Vamos com... calma.

— Eu não preciso de você, Kenma. — Ele fala sério, me olhando. — Eu quero você. Eu escolho ficar com você. E isso não é porque eu preciso, isso é porque eu te amo. 

Eu olho para ele querendo me jogar em seus braços mas, não sou muito disso, sou mais das brincadeiras sem graça em momentos errados, então:

— Uau, você acabou de se declarar para mim. Que brega. — Sorrio de canto.

— E você adorou. — Ele fala chegando mais perto.

— E por que tem tanta certeza?

— Bom, porque sua pupila dilatou e você ficou vermelho. — Ele fala se aproximando.

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