one night :: Neymar Junior

012: practice

NEYMAR POV

Em exatas quatro horas eu vou saber o sexo do bebê, se é um menininho para jogar bola comigo ou uma menininha com meus olhos verdes e o cabelo perfeito de Izabel. Bom, não importa qual for o gênero, ambos vão jogar bola comigo. Nossa consulta seria as 16 da tarde, todos os nossos amigos estavam na cidade e nós nos encontraríamos hoje a noite. Mas eles não sabiam que hoje era o dia de descobrir o sexo pois se tivéssemos contado nenhum deles sairia dos nossos ouvidos. Ou pediriam para ir na consulta, ou nos chantageariam e iria criar a maior discórdia.

—NEYMAR, CUIDADO! - sou tirado dos meus pensamentos quando vejo uma bola quase acertando em cheio o meu nariz. — cara, te liga. - fala Marcos me olhando e recolhendo a bola do chão.

Péssimo momento para pensar em gênero do bebê durante um treino. Parabéns, Neymar, parabéns.

—por que você está tão fora hoje, Ney? - Marquinhos me pergunta.

—daqui a pouco tem consulta do bebê. - respondo passando a mão no cabelo e vejo o homem na minha frente abrir um sorriso de orelha até outra orelha.

—acho que vai ser menino. - Marquinhos responde e eu rio.

—o novo filho do Ney? - Messi aparece do nosso lado, que povo fofoqueiro.

—isso. - Marcos responde. - você é time menino ou menina?

—acho que vai ser um menino. - me fala meio pensativo. — mas seria fofo você com uma garotinha também.

—2 x 0, provavelmente vai ser menino. - fala Marcos batendo palmas.

—2 x 2. - falo concluindo e os dois jogadores me olham confuso esperando uma continuação. — eu e Bel achamos que vai ser menina.

—olha, não se discorda da mãe. - Messi diz olhando para Marquinhos que faz uma cara como se estivesse chateado. — mas temos o Davi de garoto.

—verdade, adoro o Davi. Mas eu não vi ele crescendo, já conheci grande. - É, pelo jeito Marcos não vai desistir de ser tio de uma garotinho.

—não importa se for menino ou menina, vai ser lindo puxando minha genética. - falo convencido enquanto sento no gramado úmido do campo.

—só por curiosidade. - Marcos sugere, - quando você acorda de manhã, se admira no espelho por uma hora ou duas?

—duas. - respondo animado.

—e da um high-five no seu próprio reflexo? - Messi acrescentou rindo.

—claro que não. Não seja idiota. - dou uma risada. - beijo cada um dos meus bíceps, aponto para o teto e agradeço ao camarada lá em cima por criar uma espécie tão perfeita.

Logo Marquinhos jogou na minha cara a bola de futebol da qual ele segurava e eu peguei antes de ter a chance de ter quebrado meu nariz.

—idiota. - digo me levantando.

—podemos voltar ao treino? - Um dos nossos companheiros de time começa a bater palmas e nos chamar para treinar.

Eu não conseguia focar em jogar a bola no gol enquanto estava pensando em Izabel. Em tão pouco tempo ela conseguiu mexer comigo como ninguém. Izabel Martinelli era como um segredo para mim.

Um segredo.

Existem três tipos de segredo. Um é do tipo que todo mundo conhece, do tipo que precisa ter pelo menos duas pessoas. Uma para conta-lo e outra para guarda-lo.
O segundo é um tipo mais difícil de segredo, algo completamente escondido: o tipo de segredo que nem você mesmo acredita e ele acaba ficando preso em você até o final.

Mas para mim, o segredo mais difícil era o terceiro: O que você esconde de si mesmo. Algo que você não tem coragem de assumir ou confessar, mas também não consegue se livrar dele, mas todas as pessoas do mundo tem um segredo desses que não tem coragem de admitir e você fica prendido no medo por muito tempo.

No final de tudo o que vai me restar são segredos e bolas de futebol.

Mas temos que aprender a viver com isso, as vezes o que você mais quer no mundo, você não pode ter e tem que viver sem. Aprender a viver sem. No meu caso o meu segredo era Izabel, eu iria manter o que eu sentia por ela comigo até eu parar de sentir. Acredito que se eu continuar repetindo que podemos ser só amigos isso vai se tornar realidade.

[..]

Após o fim do treino eu me troquei e logo recebi uma ligação de Vini.

—fala, Vini

—e ai, Ney. - ele diz e pelo tom de voz eu já percebi que ele iria pedir algo. - vamos passar na tua casa hoje de tarde.

—todos vocês? - pergunto me referindo a trupe toda: Gabriel, Antony, Richarlison, Lucas e Vini.

—sim. - ah pronto, minha casa virou ponto de encontro. - e Duda e os filhos e Isabella.

—Isabella do Martinelli? - Pergunto me lembrando da loira que ele não parava de falar.

—isso mesmo. - diz Vini.

—tá bom então, mas só posso depois das 17horas. - falo por conta da consulta com Izabel.

—certo. - Vini fala e eu comecei a ouvir uma gritaria por trás e logo imaginei que ele já estivesse com algum dos garotos. — até mais tarde.

—falou.

Logo desliguei a chamada.