"Queridas e incontáveis sombras com as quais convivo, espero que vocês e teus anjos um dia me devolvem cada pedrinha desta rua que nunca foi minha mas que mandei, como um rei dos idiotas, ladrilhar.
Logo nela haverão casas de fome e lampiões de fogo cuja função não é esquentar as camas no frio (talvez até seja, se for usado certo) mas sim iluminar as ruas para que os crimes possam ser acometidos de brilho. Para que o sangue deixe de ser marrom e se torne vermelho. Para que as lágrimas deixem de ser escuras e possam agora brilhar como gotas de estrelas.
Assim nos juntaremos a eles. Aos que já foram contra sua vontade. Porém, não nós. Nós caminharemos e levaremos ouro, incenso e mirra e canela, e cravos e alecrins dourados.
Façamos as malas, crianças, durante a madrugada. Pois essa é nessa hora que nossas mães partiram (dessa vez para trabalhar). "
"Mas não temais, crianças. Pois as canções de ninar sempre tiveram como objetivo te fazer ter medo do adormecer. Mas se aninhem em meu colo todas as crianças. Todas. As de barba e cabelos brancos. As que a tempos não tem tempo algum de brincar. Levarei chocalhos e xilofones e pianos e cantarei belas canções de paz para que duram para sempre tranquilas."
“o Sol já dorme no horizonte/ não, não tenhas medo algum/pois os monstros e o sereno/ já não fazem mal algum. A lua brilha, meu pequeno/ E te nina devagar/ quando sonhas, não há tempo/ não te obrigarei a acordar. Então deite a cabeça, cheia e cansada/ e se ponha a ninar/ pois um meu colo está vazio/ e anseia o teu lugar
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Laranjas Podres na Fruteira
Poésiecontos mal acabados e histórias. Palavras. Sobre tempos de confinamento (não só pandemicos), então por favor, tenham calma, critiquem