Fazia quatro dias desde o almoço, já era quinta-feira e espantem-se eu tinha visto Miguel a grande quantia de nenhuma vez! Isso mesmo nenhuma vez! Quer dizer, a gente trabalha de frente um pro outro, quais as chances universo? Eu já deveria ter visto o homem pelo menos uma vez por acidente!
Nossos horários malucos eram os responsáveis por esse desencontro medonho.
Eu fazia a linha egípcia, mas no dia que Deb pediu comida no restaurante eu mesma fui até lá levar, com a maior desculpa do mundo que era só para vê-la e tentei inutilmente esquadrinhar o lugar em busca do homem, mas aparentemente ele não estava ali.
Não sabia exatamente o porquê queria ver o bendito homem, mas todo dia eu me via olhando para o outro lado da rua a procura dele.
— Você vai continuar aí até quando? — Denise me assustou chegando de supetão por trás de mim.
Eu estava novamente distraída no balcão olhando para o bar e fui pega no pulo pela minha outra cozinheira.
— O que aconteceu? — me fiz de desentendida.
— O que aconteceu? — ela retrucou quase gritando. — O que aconteceu é que você está ai há três dias sonhando acordada com o motoqueiro.
Eu não estava sonhando acordada, isso era exagero. Só era algo como... Uma energia que atraia meus olhos para lá, não podia evitar.
— Quem está sonhando com o que Denise? Não posso ter um segundo de sossego no balcão, que já acham que eu estou pensando em alguém. — resmunguei me virando para o lado oposto, só pra ela não dizer mais besteiras.
— Se você quer o homem porque não vai até lá? Chega de uma vez no motoqueiro e fala o que quer mulher! — ela diz como se tudo estivesse resumido a isso, quando a verdade era que eu nem ao menos sabia o que estava sentindo. — Afinal você já o atacou mesmo.
Sua frase terminou em uma sonora gargalhada, sim eu tinha contado a ela minha grande façanha em beijar o homem e correr dele depois. Assim como eu ela ficou surpresa por eu ter me sentido tão atraída por ele rápido daquele jeito, e infelizmente eu não podia culpar o álcool já que no almoço estava sóbria até de mais.
Mas não tinha contado pra ela como estava me sentindo, nem para ela e nem a mais ninguém. Era confuso já estar atraída por um homem que não fazia meu tipo, pior ainda ficar sentindo aquelas borboletas no estomago e meu coração acelerado quando o via.
— Não Denise, não quero ninguém. Agora deu viu, não posso mais nem olhar para o outro lado da rua.
Voltei para minha cozinha decidida a ignorar o que ela tinha dito e esqueci a vontade de seguir seu conselho.
Tratei de cuidar do inventário, se quisesse testar novos pratos para o próximo mês precisava comprar algumas coisas. Anotar as coisas me ajudou a me manter ocupada até a hora de fechar.
O movimento tinha sido razoável, mas eu me sentia cansada do mesmo jeito quando peguei minha bolsa e dei uma última olhada em volta, conferindo se tudo estava em seu devido lugar, então pela vidraça da frente avistei Miguel correndo em direção ao restaurante. O que podia ter acontecido?
Miguel corria com o filho no braço até parar de frente a entrada do restaurante e bateu descontroladamente, colocando o rosto contra o vidro, tentando enxergar direito através do mesmo.
Corri até eles e abri antes que conseguisse me chamar, a expressão dele era transtornada e percebi que algo sério tinha acontecido.
— Você tem um minuto? — foi o cumprimento dele. Nenhum oi, ou ei como você vai. Miguel entrou me obrigando a recuar um pouco mais. — Preciso de um favor.
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Amor de Motoqueiro - Concluído
RomanceA única paixão de Maria era cozinhar, até o dia que ela é assaltada em seu restaurante e por sorte é salva pelo motoqueiro Miguel. O dono do bar de motoqueiros, que fica em frente ao seu restaurante, ouviu quando os disparos foram feitos e correu pa...