Capítulo 21

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A garoa fina ainda caia mostrando que o dia não seria muito diferente do fim de semana, Miguel tinha acabado de me deixar na frente do restaurante, eu entrei ouvindo o ronco do motor se afastar e dei de cara com três pares de olhos me encarando com expectativa.

— Bom dia pessoal.

— Então, aquele era seu namorado. — Eric foi o primeiro a soltar a língua. Não tinha nem me livrado da bolsa e estavam me atacando já.

— Não, Miguel não é meu namorado. É meu amigo e me deu uma carona. — eles não tinham que saber que passamos o domingo juntos.

Eu tentei negar, mas eles estavam vendo o homem aqui pela terceira vez já, é claro que estávamos dando essa ideia a eles e eu nem podia reclamar, meus amigos me conheciam bem o suficiente pra saber que as coisas não estavam nas bases normais que eu costumava levar ou ele não estaria aparecendo aqui.

Assim que joguei a bolsa no meu escritório e coloquei minha touca, pronta para sair e trabalhar Alice estava lá. Aquela diaba era difícil de se render.

— Conta logo como foi o fim de semana com seu namorado. — questionou praticamente me jogando na parede, mas só me deu a chance de erguer a mão em protesto. — Nem adianta negar, porque eu nunca vi você assim em nenhum desses anos que eu te conheço e isso quer dizer sua vida inteira. Então vamos logo com isso, desembucha vadia.

— Fernando frequentava aqui... — experimentei a negativa mais uma vez e ela apenas sacudiu um dedo na minha frente como para que eu tentasse outra desculpa. — Tá bom! — me dei por vencida. — Ele apareceu lá em casa ontem, no meio da chuva e ficou por lá.

— Então quer dizer que o herói tatuado já ganhou o direito de interromper suas cantorias de terapia? Como ele não é seu namorado? Nem ouse dizer que é como todos os outros quando nem eu posso interromper seus momentos de domingo.

Eu apenas sorri, era bem verdade que eu tirava domingo para colocar a cabeça no lugar e me orientar para a semana. Era meu dia de não fazer nada, nem mesmo cozinhar, só ficar jogada no sofá ou na cama, ouvindo música ou assistindo uma infinidade de filmes, apenas para me desligar do mundo do lado de fora.

E é bem verdade também que nem mesmo minha família contava comigo nesses dias, pois eu estaria off do mundo até que o relógio marcasse as dez da noite.

— Em minha defesa o homem largou a família no almoço, que é sagrado pra eles, enfrentou uma tempestade do cassete, só porque estava com saudades de mim. Era fofo de mais pra deixar o homem na rua.

— Awnn então você teve pena e decidiu abrigar o grandão no meio das suas pernas. Sua cínica! Ele não é um cachorrinho indefeso, está mais pra lobo mal.

— E me comeu muito bem, obrigada. Agora podemos voltar ao trabalho? Preciso revisar alguns pratos com Eric antes da gente começar. — contei já me distraindo em olhar o cardápio do dia na folha impressa, mas a fofoqueira que habitava na minha amiga tratou de arrancar das minhas mãos, mostrando que ela não estava satisfeita ainda.

— Quantas vezes? — Alice perguntou como se pergunta sobre o tempo. Encarei a sua cara de pau em querer saber aquilo, tá, tudo bem eu também fazia o mesmo. — Nem se faça de tímida minha querida.

— Duas. — soltei sentindo meu sorriso se alargar com as lembranças de ontem a noite. Transar naquele sofá ao som de Seu Jorge foi uma das experiências mais deliciosas que já tive e mesmo assim o homem não se deu por saciado, antes de dormir quis mostrar serviço. Mas não podia reclamar quando minhas mãos pareciam não querer se afastar do corpo dele. — E uma hoje de manhã. — arranquei a folha de sua mão aproveitando seu momento de distração. — No chuveiro. — gritei já me afastando dela e ouvindo apenas seu grito.

Amor de Motoqueiro - Concluído Onde histórias criam vida. Descubra agora