Capítulo 19

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Não parecia, mas tinha se passado uma semana e tudo o que tinha conseguido foi trocar algumas mensagens com Maria, poderia ter passado no restaurante na hora do almoço ou antes, mas como minha mãe com os movimentos limitados e Will sendo uma criança saudável, correndo e pulando o dia todo, ela precisava de ajuda.

Durante a noite a mãe de Brutos vinha para ficar com ela, mas durante o dia era uma verdadeira loucura. Entre fazer almoço, dar banho em Will, dar comida pra ele, brincar com o garoto para mantê-lo ocupado, ajudar minha mãe a tomar banho e ainda cuidar do bar, não tive tempo o suficiente nem de dar a atenção que queria ter dado a ela.

O domingo já tinha chegado e meu filho já tinha me acordado para o almoço, a casa estava lotada como sempre, mas meu animo tinha desaparecido. Não tinha tanta necessidade de me sentir assim, só que de certa forma eu havia pensado que seria diferente.

Com Luna tinha sido fácil, ela estava comigo a todo momento no Devil's já que trabalhávamos lá, então não teve nenhum esforço de fazer os horários baterem. Até convidei Maria para ir ao bar na noite passada, mas ela me disse que teria que acompanhar a irmã em um ensaio. Não me disse mais nada e eu não insisti, ela estava tão ocupada quanto eu.

E foi assim que a semana acabou, ela lá, eu aqui e esse gosto ruim na boca, como se tivesse perdendo algo.

- O que aconteceu pra estar com essa cara? A donzela em perigo te deu um pé na sua bunda? - Brutos chegou por trás me pegando de surpresa.

As mãos apertaram meus ombros e antes que eu tivesse a chance de entender o que ele pretendia o infeliz puxou meus ombros me fazendo cair de costas no chão.

- Não acredito! Já conseguiu levar um pé na bunda? Qual é Tigrão, não acredito que não aprendeu direito. - Denis se juntou, sempre os dois putos. - Pensei que depois de velho estaria mais treinado em como ganhar o coração de uma mulher.

Eu continuei lá, deitado no chão olhando o céu de um tom cinza, as nuvens pesadas para ser apenas duas da tarde de um dia que prometia ser ensolarado na previsão, mas nada de novo em São Paulo com o clima instável.

Kai surgiu em meu campo de visão e estendeu a mão sem falar nada, o semblante era o mesmo de sempre, aparentando estar entediado com tudo a sua volta. Assim que vi que ele não faria nenhuma piadinha aceitei a mão e me levantei.

- Se quiser uma ajudinha com a garota pode deixar comigo. - o filho da puta falou com um sorriso preguiçoso no rosto e os outros dois começaram a gargalhar atrás de mim.

- Vamos logo jogar, porque se eu ouvir mais um pio sobre esse assunto a porrada vai rolar solta. - murmurei irritado e cansado daquela conversa, mesmo que soubesse que eles não passariam muito tempo com eles calados.

Graças ao meu pai o quintal era grande o suficiente para comportar a família comendo perto da casa enquanto nós jogávamos bola a uma pequena distância. Dividimos os times e começamos, o céu ainda estava pesado prometendo uma chuva para dali em alguns minutos.

Denis jogou a bola, corri para pegar e Brutos me deu um carrinho, me fazendo cair na grama com força e longe do gol. Uma coisa sobre jogar nessa família, não existia esse negócio de falta, tudo era válido, o que acabava tornando a coisa toda bem selvagem.

Respirei fundo me erguendo e marcando, o próximo a cair seria ele. Kai arrumou a jogada e a bola veio para o meu lado, era hora de fazer o gol. Mas Denis surgiu no meu caminho e viramos quatro pernas brigando pela bola, antes que eu notasse já eram seis.

- O que aconteceu cara? Ela não quis transar com você? - o filho da puta sabia como me distrair e tirar minha cabeça do jogo. Foi só ele falar isso para conseguir roubar a bola dos meus pés e correr para o outro lado.

Amor de Motoqueiro - Concluído Onde histórias criam vida. Descubra agora