Capítulo 6

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Christian Grey

Quando a babá do Léo me ligou dizendo que ele estava na emergência do hospital eu senti meu coração parar. Estava acontecendo um importante conferencia em nosso hotel e por isso meu irmão e eu estávamos trabalhando no domingo, o que era bastante incomum, mas não pensei duas vezes ao jogar tudo para o ar e ir ficar com meu filho.

— Bom dia! Eu sou Christian Grey, meu filho, Leonardo Bittencourt Grey está aí dentro. — disse mais ríspido do que esperava, mas estava nervoso demais para ser cordial.

— Sim, seu filho foi atendido pela pediatra e está nesse momento realizando alguns exames. Fica no final do corredor a direita. O senhor pode ir até lá ficar com ele.

Como se eu não entrar fosse uma opção.

— Obrigado!

Fui ao local indicado, mas meu filho já não estava mais ali. Me informaram que ele estava na enfermaria. A culpa, já tão conhecida por mim atingiu meu peito quando vi meu pequeno com cara de choro enquanto seu braço era engessado.

Nos últimos seis meses meu filho tem tido um comportamento bem difícil, tem aprontado muito e tem chorado bastante. Se eu não tivesse sido egoísta, se eu não o tivesse deixado sozinho com sua mãe instável, ele não teria visto aquilo.

— Oi filho! O que aconteceu?

— Eu cai, papai. — ele baixou a cabeça — Eu cai da escada.

— A doutora disse que ele quebrou. — explicou Patrícia, babá do meu filho.

— Poxa cara! — soltei um suspiro.

Queria repreende-lo por estar brincando na escada, mas aqueles seus olhos azuis marejados e cheios de medo me fizeram recuar. Apenas o abracei meio de lado enquanto a enfermeira terminava seu gesso.

— Prontinho, gurizinho. Se cuida hein! — a enfermeira bagunça os cabelos de Léo — Aqui está a alta dele, só entregar na saída.

A caminho de casa Léo estava concentrado em seu tablet alheio ao tudo. Aproveitei para conversar com Patrícia.

— Como isso aconteceu?

— Eu o deixei por um minuto para preparar uma fruta para ele. Foi quando eu ouvi o grito dele e saí correndo. Sinto muito, senhor.

— Tudo bem. Acontece.

Segui o restante do caminho em silêncio perdido em meus pensamentos e ao chegar fui procurar por Marcela.

— Marcela! — Chamei por ela, mas não houve resposta.

Subi para o andar de cima a passos rápidos e ansiosos na direção de nosso quarto, aliás quarto dela. Desde que voltei atras com o divórcio deixei bem claro que teríamos quartos e vidas separadas, mas que eu estaria ao lado dela e a cuidaria enquanto fosse necessário.

Foram muitas as vezes que Marcela invadiu meu quarto a noite na esperança de me seduzir e retomar nossa relação conjugal. Mas eu não a amo e por mais que a culpa por sua tentativa de suicídio me corroa, não quero e não consigo vê-la mais dessa forma.

— O que você pensa que está fazendo? — perguntei assim que a encontrei na banheira relaxando.

— O que você acha? — questionou ela com um sorriso malicioso.

Marcela pegou a taça de espumante na borda da banheira e tomou um longo gole me encarando com ar desafiador. Ela sabe que não pode beber por conta das fortes medicações que toma para depressão, mas ela não parece se importar com os riscos de misturar remédio com bebida.

— Você sabia que nosso filho caiu?

— Sim, eu soube. — disse ela calmamente enquanto senta ereta revelando seus seios.

— E você está aí como se nada tivesse acontecido?

— E o que você queria que eu fizesse, Christian? — ela dá outro gole em sua bebida.

— Você é a mãe dele. Deveria estar ao lado dele, deveria cuidar do seu filho.

— O nosso filho tem uma babá, que é paga para isso. Por que eu iria me enfiar em um hospital nojento se temos alguém que é pago para isso e que aliás foi negligente em suas tarefas e por isso o menino se machucou. E você, onde estava?

— Eu estava trabalhando e você sabe bem disso — Marcela solta um riso debochado.

— Com aquela sua assistente vagabunda? Que conveniente.

— Léo quebrou o braço e a sua preocupação é essa?

— Ao que parece seu trabalho não era tão importante assim, afinal você arranjou rapidinho tempo pra ir ficar com seu filho.

— Nada e nem ninguém nunca será mais importante que ele Marcela.

— Nem mesmo eu.

— Nem eu mesmo Marcela.

Saio do quarto batendo a porta ao passar. Como ela pode ser tão fria e tão despreocupada com nosso filho. Ela age como se Léo fosse um estranho, como se a responsabilidade por ele fosse única e exclusiva dos funcionários que pagamos.

Em meu quarto fui direto para o banho, me livrei de minhas roupas e entrei na água quente do chuveiro. Estava fervendo de raiva. Não por meu filho ter se machucado, ou da Marcela, mas de mim. Do que minha vida havia se tornado. Estava preso a uma mulher que não amo e que a cada oportunidade faz de tudo para tornar minha vida um inferno.

Às vezes minha mente me trazia a lembrança de Anastasia e do nosso curto e doce encontro naquele bar. Como eu queria ter a chance de provar seu beijo uma vez mais.

— Pai! Pai! — o grito urgente do meu filho me traz de volta a realidade.

— No banho, filho.

— A gente pode ir na casa da vovó?

— Pode, mas só depois que você almoçar.

— Mas eu quero comer lá, pai. Deixa?

— Tá bem. Pede pra tia Pati te ajudar a se trocar. Eu vou acabar meu banho e me arrumar.

Meu filho saiu como um raio gritando a plenos pulmões pela casa gritando por sua babá. Suspiro resignado, sabendo que Marcela o ouviu e certamente vai querer ir junto conosco, estragando qualquer perspectiva de uma tarde agradável.

A caminho da casa de meus pais observo as ruas da cidade. O frio não parece incomodar as pessoas que passeiam alegremente com suas famílias no Parque Moinhos. Esse é um dos lugares que mais gostei desde que cheguei a Porto alegre. Sua vasta área de natureza em meio a um dos maiores e mais requintados bairros ganhou meu coração.

— Papai, a gente pode dar pão para os patinhos? — pergunta Léo com olhinhos animados.

— Claro filho, podemos passar aqui na volta. — Marcela solta um suspiro longo e pesado.

A observo por um instante quando paro no sinal. Ela está usando uma calça de couro preta justa e um suéter verde brilhante com botas altíssimas. Seus cabelos loiros perfeitamente arrumados combinam com sua maquiagem extravagante. Não me parece uma mãe que sai para um passeio em família.

Meus pais nos recebem alegremente assim que estaciono o carro no imponente jardim da mansão onde moram.

— O que aconteceu querido? — questionou minha mão assim que viu o gesso no braço do Léo.

— Ele caiu. — me limitei a dizer logo após dar um beijo no rosto de minha mãe.

— Tadinho! — lamentou ela.

— Ah Grace, nem me fale. Estou de coração partido. — diz Marcela e minha vontade é de gritar em alto em bom som que é só fingimento.

— Não se culpe minha querida, isso é coisa de criança. — meu pai dá um abraço afetuoso em Marcela.

— Vamos entrar queridos. Estávamos esperando vocês para comer.

Proibido Para MimOnde histórias criam vida. Descubra agora