Capítulo 26

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Ana

Meu dia começou de um jeito maravilhoso. Amanheci nos braços de Christian, me sentindo tão feliz que todo o receio que tinha a respeito de me envolver com ele, agora parece bobo. Sim, eu o amo e ter dito isso me deixou completa.

Mas todo esse clima de amor e alegria se foi quando a ex dele invadiu o apartamento. Era visível que Marcela estava completamente fora de si, ela gritava ofensas para Christian e para mim, mas palavras dela não me afetaram. Sei que não sou nada disso.

A discussão de Christian e Marcela acabou acordando Léo. Me cortou o coração quando eu o vi ali tremendo de medo e quando chamou por mim pedindo que eu o protegesse, não pensei duas vezes, corri até ele e o acolhi em meus braços apertando forte.

Porém minha atitude fez Marcela ficar ainda mais descontrolada. Ela tentou vir para cima de mim e Christian não deixou.

O pequeno estremeceu no meu colo e eu quis tirá-lo dali, mas tive medo de piorar tudo, então fiquei ali parada assistindo tudo enquanto sussurrava para Léo que tudo ia ficar bem.

Paty conseguiu tirar Marcela dali, mas ela acabou levando Léo e isso deixou Christian em completo desespero.
Ele andava de um lado a outro na sala se culpando pelo que aconteceu e principalmente por ter deixado o filho ir.

Confesso que também senti medo. Tudo o que eu queria era ter o poder de mudar isso. Proteger Christian e Léo daquela maluca, mas infelizmente não tem nada que eu possa fazer nesse momento.

Então mesmo com o coração apertado fui para o hospital. E quando cheguei mal tive tempo de pensar, atendi os pacientes agendados, ajudei na emergência que estava cheia.

Meu dia passou voando, estava exausta, querendo um banho e minha cama, mas dois colegas médicos não puderam ir e meu chefe me pediu para dobrar o plantão.

Por sorte estava sendo uma noite calma, então fui para a sala dos médicos descansar um pouco. Me atirei no sofá para tirar um cochilo, coloquei meus pés para cima e fechei meus olhos, mas não durou muito. Poucos minutos depois uma das enfermeiras entrou na sala avisando de um acidente grave.

— Qual o caso? — perguntei a ela enquanto íamos até o paciente.

— Menino, cinco anos. Tem diversas fraturas e uma laceração profunda na cabeça. Está inconsciente e perdendo sangue.

— Sabem o que aconteceu? — questiono já me preparando para o atendimento.

— Não se sabe ao certo doutora. A polícia relatou que carro da mãe estava parado no meio da rodovia quando um caminhão os atingiu. Parece que o menino foi o mais atingido. — explicou ela.

— Léo! — eu não conseguia acreditar. Meu corpo inteiro tremia num misto de medo e raiva quando entrei na sala e vi o pequeno Leonardo ali sobre a maca com o corpo todo machucado. Queria gritar, queria chorar, mas contive minha emoção. Ele precisava de mim.

— A senhora o conhece? — perguntou outro médico que também ajudava no caso.

— Sim. É meu paciente. — Nunca senti tanto medo ao fazer uma avaliação, minhas mãos tremiam. O corte na cabeça era bem grande e para o meu desespero Léo não respondia aos testes iniciais o que não era nada bom. — Eu quero uma tomografia e uma ressonância agora— gritei para equipe.

— E a mãe? — pergunta alguém, não levanto os olhos para conferir, não consigo tirar meus solhos de Léo.

— Foi levada para o Pronto Socorro. Segundo o que sei o estado é grave. — responde uma enfermeira.

— Que morra! — solto sem pensar.

— Doutora! — meu colega me repreende, mas eu não ligo.

Deixo a sala sentindo meus olhos aderem por conta das lágrimas. Minhas pernas falham e deixo meu corpo cair no chão.

É minha culpa, eu devia ter feito algo, eu vi os sinais e não fiz nada.

— Desgraçada! Desgraçada! — repito.

— Ana! O que houve? — Renata diz assustada ao me ver nesse estado.

Minha amiga se abaixa na minha frente e eu a abraço sem conseguir dizer nada.

— Vem, vamos conversar na sala de descanso. — ela me leva até nossa sala, me coloca sentada no sofá e tranca a porta — Agora me conta o que aconteceu. — pede segurando minhas mãos ao sentar ao meu lado.

— Meu paciente acidentado é o Léo.

— O filho do seu namorado— assinto — O que aconteceu?

— Estão dizendo que foi um acidente de caminhão, mas eu sei que foi desgraçada da mãe dele. Ela fez de proposito.

— Meu Deus amiga!

— É minha culpa. Ela fez isso por minha causa. Ela viu a gente junto e... — Outra onda de desespero me domina, minha amiga me abraça e me deixa chorar.

— Ana olha pra mim. Não foi sua culpa. Se de fato ela fez isso ela é uma louca, uma criminosa. Você não tem culpa. Entendeu? — assinto — O que você tem que pensar agora é no Léo. Ele precisa de ti e o pai dele também.

— Você tem razão. Christian deve estar desesperado.

— Então seca esse rosto e vai lá falar com ele.

Quando entrei na sala de espera meu coração se partiu ainda mais ao ver Christian ali andando de um lado a outro.

— Christian!

— Ana! — ele vem a minha direção com o rosto cheio de medo e dor. — Meu filho, Ana. Ela tentou matar meu filho. — sua voz embarga e eu o abraço.

— Como ele está, Ana? — Elliot pergunta. Um casal de idosos também se aproxima

— Infelizmente ainda é cedo para dizer. Ele chegou com algumas fraturas e uma grande laceração na cabeça e isso me preocupa. Eu pedi uma tomografia e mais alguns exames e assim que eu tiver os resultados eu venho dizer.

— Cuida dele Ana! Não deixa meu filho morrer! — Elliot puxa Christian até uma das poltronas e o abraça enquanto seus pais choram. Queria ficar com Christian, segurar a mão dele, mas Léo precisa de mim, então volto para dentro e corro até a sala de exames.

Léo está dentro do tomógrafo quando chego na sala. Encaro o monitor e os minutos parecem horas até que as imagens surgem na tela. Junto com os demais médicos do caso avalio com cautela.

— O cérebro está edemaciado. Ao meu ver é caso de cirurgia. A senhor está de acordo, doutora?— diz o colega e eu me esforço para não chorar.

— Sim. De acordo.

Como prometi acompanhei Léo em todos os exames. O cirurgião avaliou e de fato Léo tem que operar. Agora é a hora de dar a notícia ao Christian.

— Como o meu filho está? — perguntou ele aflito quando entrei na sala de espera.

— Léo sofreu traumatismo cranioencefálico devido ao impacto da batida e depois de exames minuciosos constatamos que o cérebro dele está inchado e com uma hemorragia e a melhor forma de reduzir o inchaço e parar o sangramento é operar.

Christian é abraçado por sua família. Seu choro deseperado dilacera meu peito.

E mesmo que eu queria ficar ao lado dele sei que não posso. Preciso ficar com Léo, meu coração só vai sossegar quando eu ver o meu menino bem.

Obrigada por lerem!
Deixem suas estrelinhas!

Proibido Para MimOnde histórias criam vida. Descubra agora