Capítulo 15

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Anastasia Steele

Não acredito que ele teve a cara de pau de vir até aqui pra me dizer que de fato eu fui apenas uma diversão e ele está feliz com a esposa maluca dele. Forcei meu melhor sorriso para Christian, mesmo sentindo uma vontade enorme de chorar de raiva.

Deixei a cafeteria apressada, queria sumir, me esconder. Mas não demorou para eu sentir uma mão firme puxando meu braço.

— Solta meu braço. Nossa conversa acabou.

— Não, eu não disse tudo e você vai me escutar. Nem que eu tenha que gritar aqui no meio do saguão do hospital.

Ficamos ali nos encarando. Não queria mais ouvir nada, não queria ter que olhar para ele, nunca mais. Estava com raiva, magoada, ferida. Mas podia ver as pessoas ao redor olhando com curiosidade ao passar. E ao que parece ele estava realmente disposto a fazer uma cena.

— Certo. Mas não aqui.

— Tá bem. Vamos!

Christian apoiou sua mão na base das minhas costas me conduzindo para o estacionamento. Meu corpo se arrepia com a proximidade e me odiei por isso.

— Para onde você vai me levar? — pergunto quando ele para ao lado de um SUV branco que suponho ser o dele.

— Para um lugar discreto e seguro onde a gente possa falar com calma. — o encaro apreensiva — Só conversar eu prometo.

Christian aproxima seu corpo do meu para abrir a porta para mim. Seu perfume amadeirado me traz por um instante a lembrança daquela noite em São Paulo, mas afasto o pensamento. Elegantemente ele faz a volta e toma seu lugar ao volante.

Observo Christian dirigir pelas ruas movimentadas de Porto Alegre. Suas mãos seguram o volante com firmeza, ressaltando seus braços torneados e fortes. Viro meu rosto para a janela me repreendendo mentalmente por ficar olhando.

Uma música suave começa a tocar, olho para ele desconfiada.

— Você se importa?

— Não, tudo bem. — volto a encarar a paisagem.

Não acredito no que fiz. Estou no carro de um homem casado, indo sabe se lá pra onde. Eu só posso estar ficando louca.

— Chegamos. — anuncia ele me tirando de meus pensamentos

— Que lugar é esse? — minha voz sai desconfiada e carregada de irritação.

Estamos no estacionamento de um prédio residencial de luxo.

— Minha casa.

Christian sai do carro sem me dar a chance de dizer qualquer coisa a respeito. Como mais cedo ele faz a volta do carro e abre a porta para mim e me estende a mão para me auxiliar a sair, mas dessa vez não aceito sua ajuda

— Você me trouxe para a casa da sua mulher? — pergunto furiosa, só não sei se com ele ou comigo.

Ele aproxima seu corpo do meu, mas não me toca. Christian me encara com olhar firme e intenso.

— Essa é a minha casa. Marcela não é mais minha mulher e muito menos mora aqui.

Não respondo, apenas me afasto. Não consigo pensar com ele tão perto.

No elevador a tortura se multiplica. São sete longos andares de subida. Sozinha com ele, sentindo o peso do seu olhar em mim e o seu maldito perfume.

Christian se atrapalha com suas chaves para abrir a porta.

— Eu acabei de comprar esse lugar. — diz ele acenando para que eu entre.

O lugar é espaçoso e bem iluminado com amplas janelas de vidro que dão uma bela visão da cidade. A sala parece impessoal, noto que não tem televisão e nem artigos decorativos. No canto do cômodo várias caixas estão empilhadas.

— Fique à vontade. Sente-se. Desculpe por não te oferecer nada. Não tive tempo de abastecer a geladeira.

— Não tem problema.

Ele se senta na ponta do sofá e vira se corpo pra mim. Faço o mesmo, por um instante não dizemos nada, apenas ficamos ali nos encarando. Quisera ter o poder de saber o que que se passa na cabeça dele, já que seus olhos não entregam nada.

— Bom, — ele começa em um suspiro — como disse o médico que atendeu Marcela falou que ela precisava de ajuda, então decidi que cuidaria dela, mas sem nenhum envolvimento. Eu estaria ali para ela, mas não seriamos mais um casal. — solto uma risada debochada — É claro que ela tentou me fazer mudar de ideia, mas nós não tivemos nada — ele se apressa em explicar — Marcela logo voltou a ter o mesmo comportamento, as brigas voltaram. Eu pensei em sair de casa, pensava toda noite aliás, mas meu filho começou a ficar diferente. Começou a chorar por tudo, vivia se machucando e passando mal, como hoje. Me vi sem alternativa.

Christian se levanta, ele caminha até a janela e se apoia nela contemplando a noite com semblante cheio de aflição.

— Me desculpe Christian, mas essa história é tão... — faço uma pausa procurando as palavras e ele se vira. — Eu não consigo acreditar em você, sua mulher...

— Ex! — ele me interrompe.

— Me desculpe, mas eu não posso. — me levanto do sofá e abro a porta querendo fugir dali.

— Ana, por favor.

— Christian, não!

— Eu estou falando a verdade. — Christian diz parado no meio do corredor. Ele pega minha mão e me apresso em puxa-la de volta. Aperto o botão do elevador várias vezes na esperança que isso acelere sua chegada.

— Você consegue enxergar no absurdo dessa história? Sua pobre mulher é doente e você precisa cuidar dela. — digo com deboche.

— ELA NÃO É MINHA MULHER! — ele se altera.

— NÃO FOI O QUE EU VI HOJE! — grito de volta — Não foi o que ela fez questão de deixar muito claro hoje quando fez o que pode pra esfregar na minha cara quem ela era, ou quando ela tentou de todas as formas que pôde me prejudicar no meu trabalho. Você mentiu aquele dia e está mentindo agora. — as portas do elevador se abrem e eu entro — Adeus, Christian!

Deixei aquele lugar o mais rápido que pude e peguei o primeiro taxi que vi. Só queria ir para minha casa, não queria e nem tinha condições de ir até o hospital pegar meu carro. Recosto no banco do carro e fecho os olhos, tentando processar tudo o que acabou de acontecer.

Seu olhar intenso e a forma como ele me toca.

— Não, Ana. Você não pode acreditar nele. — xingo a mim mesma.

— A senhora disse algo? — questiona o motorista e eu nego envergonhada.

Meu celular notifica a chegada de uma mensagem em meu WhatsApp, ao abrir a conversa me deparo com a foto de Christian e a seguinte mensagem.

"Eu não menti para você e vou te provar isso. Não vou desistir!" 

Proibido Para MimOnde histórias criam vida. Descubra agora