Capítulo 17

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Christian Grey

Patrícia me encarava com os olhos arregalados. Era nítido que ela estava com medo, o que reforça minha suspeita de que algo de muito errado está acontecendo.

— Senhor, por favor...

— Patrícia, eu preciso da sua ajuda. — ela remexe suas mãos desconfortável evitando me encarar — Pelo Léo, pelo bem dele. — ponho minha mão na sua e ela me olha nos olhos por um instante — Me diga o que está acontecendo.

Ela caminha até um banco próximo e se senta, me acomodo ao lado dela esperando que ela diga algo. Com um suspiro pesado Patrícia me encara.

— Logo que eu comecei a trabalhar com vocês eu notei que a dona Marcela não era uma mãe como as outras. Muitas vezes ela parecia não ligar para ele, quando Léo chorava, ela dizia pra eu fazer o guri parar. Mas quando estava na frente dos outros, principalmente do senhor, ela era outra pessoa, ela parecia gostar do menino, parecia se importar com ele.

Léo vem correndo até nós. Seu rosto está suado e vermelho, mas extremamente feliz como qualquer criança deve ser.

— Tô com sede, tia Pati. — ela me olha de canto.

— O Papai tem água aqui, meu amor. — tomo a frente e Patrícia sorri.

Depois de um longo gole, Leonardo se foi correr pelo parque.

—Não vai longe, filho.

— Eu não devia estar me metendo nisso, senhor Grey. Não posso perder o meu emprego e tenho medo de dona Marcela me afastar do Léo. Eu gosto muito desse gurizinho. — ela diz sorrindo na direção dele que se diverte alheio a nossa conversa.

— Eu te dou minha palavra de que nada vai acontecer com você e eu não vou permitir que te afastem do meu filho. Eu juro. — ela sorri com minha promessa.

— Eu fui notando que toda vez que o senhor e ela brigavam o Léo ficava doente. Quase sempre era algo de criança e eu sempre pensava que era psicológico. Mas depois daquela noite que ela tomou os remédios eu fiquei com medo e por isso fiquei mais atenta. Fui percebendo que ela usava seu filho, que ela o mandava mentir, como hoje. Dona Marcela antes de o senhor chegar disse coisas horríveis sobre o senhor, coisas que nenhum filho deveria ter que escutar.

— Por isso que ele estava daquele jeito.

— Sim, ordens da mãe dele. Ela quer que o Léo acredite que o senhor é um péssimo homem e péssimo pai pra que ele não goste do senhor. — estou perplexo, não pensei que Marcela seria tão baixa — E eu só estou aqui hoje para garantir que Léo não esqueceria do que a mãe disse a ele. Minha tarefa hoje era garantir que seu filho não tivesse um momento de qualidade, que não fosse uma criança feliz. Eu não quero fazer isso. Ele não merece isso e nem o senhor. — conclui ela chorando.

Grato pela bondade e simplicidade dessa mulher a minha frente eu a envolvo em um abraço, mas somos interrompidos por Léo.

— Não chora, tia. Machucou? — questiona ele preocupado.

Patrícia se afasta limpando seus olhos e dá um sorriso tranquilizador a ele

— Machuquei meu dedinho. — ela estica a mão para Léo, meu filho pega sua mão e depois de analisar cuidadosamente ele deposita um beijo delicado — Estou bem querido, obrigada. Seu papai já me ajudou. Ele é um homem muito bom e gentil.

Meu filho sorri para ela e depois me abraça forte. Sempre amei os abraços do filho, mas esse tem um gosto especial.

— Meu amor, brinca mais um pouquinho e a gente tem que ir tá? — aviso e ele resmunga — Vai aproveitar mais um pouco, já, já eu te chamo. — dou uma palmada de brincadeirinha e ele sai correndo, assim que Léo se afasta me viro para Pati. — Você acha que ela seria capaz de... — deixo a frase inacabada, não gosto nem de pensar nessa possibilidade.

— Honestamente, eu não sei! — os olhos de Patrícia espelham o mesmo medo que eu sinto.

— Eu vou precisar muito da sua ajuda. Você vai ficar de olho em tudo para garantir que ela não faça nada com Léo. Você vai ser meus olhos e qualquer coisa de estranho me diga. Eu vou contatar meu advogado pra ter meu filho comigo o mais rápido possível. E não se preocupe que você vai conosco. Vai cuidar dele e de mim. — brinco.

— Vai ser um prazer. — ela ri.

Antes de irmos embora explicamos ao Léo que esse nosso passeio era segredo. Disse a ele que mamãe ficaria chateada e por isso não deveríamos contar. Não gosto de fazer isso com ele, mas pelo bem dele preciso que ele faça o que pedi.

Quando chegamos na casa de Marcela, Patrícia desceu com meu filho e entrou direto para casa sem nem se despedirem de mim. Isso fazia parte do combinado. E exatamente como previ minha ex não se deu ao trabalho de sair para verificar.

Era fim de tarde, mas devido à alta demanda de trabalho decidi voltar para o escritório e mergulhar no trabalho.

— Trouxe seu café, senhor. — Fernanda deixa a bebida quente e perfumada sobre a mesa.

— Você leu meus pensamentos. Obrigado!

— Sobre sua casa, está tudo praticamente resolvido. Deixei apenas alguns detalhes da decoração do quarto do seu filho pendentes para o senhor e ele decidirem juntos.

— Ok, obrigado.

Encaro o celular admirando a foto que tirei com meu filho mais cedo enquanto degusto meu café. Ficou tão linda que decidi pôr como plano de fundo do meu aparelho. Encaminho a foto para Ana e junto dela a legenda " dia de meninos" e para minha total surpresa ela respondeu com um emoji de cara sorrindo.

— Nem tudo está perdido.

Volto ao trabalho e quando dou por mim a noite já caiu. Começo a me organizar para ir pra casa, mas no mesmo instante chega um e-mail do meu advogado.

Quando abro o documento anexado meu coração se enche de esperança. É a petição inicial da separação. Agora é real e por mais que eu saiba que tem muita coisa a enfrentar ainda, eu me sinto feliz e livre.

Coloco o documento para imprimir e logo desligo tudo apressado. Meu coração tem pressa. Dirigi feito um maluco até o centro da cidade e agora estou no saguão do hospital feito um bobo com um pedaço de papel nas mãos.

Um pouco mais tarde Ana aparece no corredor com o rosto cansado e um pouco triste. Ao me ver ela suspira pesadamente.

— Christian, por favor. Hoje não foi um bom dia. Eu não tenho energia pra discutir.

— Eu não vim para brigar com você. Eu só quis te mostrar isso. Acabei de receber.

Alcanço a folha a ela. Ana me encara desconfiada, mas decide ler o documento.

— Acredita em mim agora?

Proibido Para MimOnde histórias criam vida. Descubra agora