Capítulo 11

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Anastasia Steele

A última coisa que eu esperava que acontecesse depois de todo esse tempo era reencontrar Christian, ainda mais com a esposa e filho. Eu nem sei como consegui permanecer ali de pé enquanto ele e a loira perfeita dele davam seu showzinho patético.

Contra a minha vontade lágrimas teimosas rolaram por meu rosto. Era um choro de raiva, não por ele, mas por mim. Mesmo sabendo que foi ele quem mentiu eu me senti suja e nojenta.

Peguei meu carro e sai dali sem rumo. Tudo o que eu sabia naquele momento era que eu tinha que fugir. Não dele, mas de mim e da confusão de pensamentos e sentimentos que me assombravam. Eu era outra vez a guriazinha de 6 anos, os gritos, o choro. E tudo o que queria era como naquela vez me esconder no armário e tapar meus ouvidos.

Quando me dei por conta eu estava no estremo sul da cidade, no bairro onde cresci. Parei meu carro em frente à igreja, aquela mesma igrejinha de paredes bege que tocava o sino no domingo pela manhã.

Atravessei a rua em direção a pracinha, mais uma enxurrada de lembranças me atingiu fazendo outra vez o choro aumentar. Era como voltar no tempo, muito pouco havia mudado nesse lugar. Sentei em um dos bancos e quase pude ver minha mãe me empurrando no balanço enquanto eu gritava para ir mais alto.

" — Você tá chorando mamãe?"

"— Não querida, — mamãe sorri secando seus olhos — é só minha rinite."

" — Mamãe, a gente vai viajar?"

"— Vamos querida. — mamãe diz enquanto tira nossas roupas do armário."

"— Mas e o papai, ele vai também?"

"Ela não responde, suas pernas ficam moles e ela cai no chão chorando."

O vento soprou gelado em meu rosto afastando as lembranças dolorosas e me trazendo ao presente. Apertei meu casaco contra o corpo e me levantei do banco. Segui andando pela avenida principal contemplando o sol que começava a se pôr sobre o Lago Guaíba.

A vista era deslumbrante com os tons de laranja tingindo o céu refletidos sobre a água, mas ainda assim eu só conseguia sentir a dor imensa da culpa rasgando meu peito. Eu sabia que tinha que ir pra casa, mas eu não sabia como olharia para minha mãe depois do que fiz. Mas quando o sol se escondeu no horizonte e a noite caiu eu já não tinha mais como evitar enfrentar a realidade, então voltei para meu carro e dirigi até meu apartamento.

— Ana! Onde tu estava, filha? Eu te liguei várias vezes. — minha mãe questionou assim que abri a porta.

— O evento demorou, mãe. — respondi sem olhar para minha mãe.

— Ana! Tá tudo bem, filha?

— Tá sim, mãe. Só cansada. — respondi seguia para meu quarto.

— Ana! — insiste ela. — Ana, o que houve, filha? — soltou um suspiro longo e pesado antes de me virar e encará-la — Você chorou, meu amor.

— Não foi nada. As coisas só não foram como eu esperava. Tá tudo bem, mãe. Eu só quero dormir, amanhã é um novo dia.

— Tem certeza?

— Tenho, mãe.

—Eu te conheço, Ana. Sei que não foi só isso, mas eu não vou te pressionar. Quando quiser conversar eu estarei aqui.

~♡~

A noite passada não foi das melhores, eu praticamente não dormi. O dia estava quase amanhecendo quando finalmente peguei no sono e somente poucas horas depois o despertador tocou estridente anunciando que era a hora de levantar.

Proibido Para MimOnde histórias criam vida. Descubra agora