Capítulo 1

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Anastasia

Depois de longos e cansativos anos finalmente eu podia dizer que esse era meu último plantão no Hospital Geral de São Paulo. Parece até mentira que eu finalmente estava encerrando meu período de residência. Não posso dizer que sentirei falta desse lugar, das pessoas talvez. De algumas.

— Dormindo acordada doutora Steele? — questiona Pedro, meu amigo e colega.

— Sonhando com a liberdade. — respondo e juntos rimos.

— O pessoal da turma vai comemorar no bar. Vamos?

Faço uma careta. Nunca fui adepta a bares e festas, mas acho que hoje eu mereço. Foram longos anos de muito esforço e dedicação que merecem ser comemorados.

— É, eu vou! — sorrio para ele.

— Legal. Nos encontramos lá. — diz ele animado.

As últimas horas pareceram demorar uma eternidade, mas finalmente o relógio da parede marcou dezenove horas. Me despedi de colegas e fui para casa, tudo o que eu mais queria era um banho bem quente e demorado e foi exatamente isso que fiz assim que cheguei. Coloquei um vestido leve e confortável e fui para a cozinha atras de algo para comer. Sobre a mesa da cozinha como de costume um bilhete escrito à mão de minha mãezinha, dona Carla.

Filha,

Tem macarrão pronto na geladeira para você.

Vou chegar tarde. Te amo!

Mamãe!

Coloquei o macarrão para esquentar no micro-ondas e enquanto esperava resolvi conferir meus e-mails e para a minha alegria aquele que eu mais esperava estava lá.

Prezada Doutora Anastasia Steele,

É com profunda satisfação que o Hospital da Criança Santo Antônio informa que a senhora foi selecionada para a vaga de neuropediatra. Pedimos que a senhora se apresente no dia 01 do próximo mês em nosso setor de RH munida da documentação conforme anexo.

Atenciosamente

A direção.

— Meu Deus! Eu consegui.

Peguei meu celular e liguei para minha mãe. Se eu sou quem sou e cheguei até aqui, é graças a essa mulher.

—Oi filha. — diz ela carinhosa.

— Mãe, eu consegui. Eu fui aceita.

Ela fica em silencio por alguns segundos.

— Parabéns meu amor, eu sabia que conseguiria. Estou tão orgulhosa. — suspiro ao notar sua voz embargada.

— Mãe, eu sei que não é fácil...

— Não Ana, eu estou feliz de verdade por você. Sempre vou apoiar cada um dos sonhos.

— Te amo. — agora é a minha vez de ficar com a voz embargada — Eu vou chegar tarde hoje. Vou sair com o pessoal do hospital para comemorar.

— Vai sim querida, mas tome cuidado. Agora eu preciso ir, o salão está cheio. Te amo, filha.

As luzes piscavam ao som da música assim que entrei no bar. O lugar estava cheio de homens e mulheres que dançavam e bebiam alegremente. Luiza, minha amiga acenou para mim. Ela e os nossos colegas estavam na mesa mais próxima do pequeno palco onde a banda tocava.

— Aninha, achei que você nem viria. — ela me abraça e fico na dúvida se ela está feliz ou bêbada.

— Eu disse que viria. — respondo rindo.

O garçom chega com uma bandeja com diversos chopes. Luiza pega um e me entrega.

— Um brinde! — grita ela e todos unem seus copos gritando.

Aos poucos vou me soltando e por insistência de Luiza ou talvez seja por conta do meu terceiro copo de chope vou para a pista dançar. Sempre fui a menina centrada e responsável, mas hoje é um dia especial. Quero beber e dançar.

Me chacoalho ao som da batida envolvente de olhos fechados me sentindo tão feliz e tão livre como poucas vezes eu fui. Mas de repente sinto mãos tocado minha cintura. Abro os olhos e vejo Pedro a poucos centímetros de mim. Ele abre um sorriso e puxa meu corpo contra si e juntos dançamos com nossos corpos colados.

— Ana, eu quero você. — sussurra ele no meu ouvido, empurro seu peito delicadamente, mas ele nem se move.

— Pedro, por favor.

— O que é que tem Ana? Somos adultos e livres.

— Não! — digo mais uma vez e ele me solta suspirando.

Pedro se afasta e volta para a mesa com outros caras da turma e eu volto a dançar, mas já não consigo me soltar como antes. Me sinto sufocada. Vejo duas portas grandes de vidro que parecem dar para um outro ambiente. Decido ir até lá conferir e ao passar pelas portas me deparo com um lounge com alguns sofás e poltronas dispostos e também algumas mesas. Aqui a música não é tão alta, o ambiente é mais aconchegante e acolhedor, algumas pessoas conversam e tomam drinks oferecidos pelo barman que performa em uma ilha no centro do espaço.

Me acomodo em uma das poltronas e fico observando as pessoas. Alguns casais namoram, outros apenas conversam. Vejo mais ao canto dois homens. Um deles é negro, parece ser alto é forte, mas não sei ao certo, sua roupa social não revela muita coisa. O que dá para ter certeza é que esse homem está completamente à vontade nesse lugar. Já o outro é branco de cabelos loiros e revoltos, ele também me parece forte e alto, sua camisa mais justa revela seus músculos. Assim como o outro ele está completamente à vontade aqui.

Será que são um casal? Fico observando a interação deles, mas acabo sendo pega. O homem negro ergue sua taça e abre um sorriso estonteante. Fico envergonhada e me viro rapidamente na tentativa de disfarçar. Deus que vergonha, onde eu estava com a cabeça ficar encarando assim? Me levanto e vou para a outra ponta do lounge.

— Senhorita? — chama um garçom — Cortesia dos dois cavalheiros ao fundo. — seria pedir muito que um raio me atingisse eu desintegrasse aqui mesmo? — Eles a convidam para se juntar a eles em sua mesa.

Sorrio ao garçom e pego a taça. Dou um gole no drink, é doce e ao mesmo tempo refrescante. Não vou até lá, não posso fazer isso. Me perco em meus pensamentos envergonhados, até que uma voz grave chama a minha atenção.

— Boa noite!

Ergo meus olhos e o homem de cabelos revoltos está me encarando com um sorriso, ao seu lado seu amigo tem um sorriso lascivo nos lábios enquanto encara sem disfarçar meu decote.

— Precisando de companhia, linda? — ele ajeita uma mecha do meu cabelo atrás da orelha e eu travo de medo.

— Oi amor, demorei? — um desconhecido surge ao meu lado e passa seu braço em minha cintura. Ele encara os dois homens com possessividade.

Sinto um leve aperto na cintura, então entendo que preciso dizer algo.

— Não, querido. — sorrio para o desconhecido.

— Posso ajudar, senhores? — pergunta ele aos homens que apenas erguem suas taças e se afastam e eu suspiro aliviada.

— Não querido? Sério? — me encara o desconhecido com o semblante irritado — E sua mãe nunca lhe disse que não se deve aceitar nada de estranhos? — ele tira a taça da minha mão e a coloca numa mesa próxima.

— Eu não sabia o que dizer e a bebida foi o garçom quem trouxe. — ele bufa — E eu não o conheço e não lhe devo satisfação.

— Mas um obrigado cairia bem.

— Obrigada!

— De nada. — ele estende a mão — Muito prazer, sou Christian Grey.

— Anastasia Steele.

— Gostaria de tomar um drink?

— Achei que o senhor tivesse dito que não devo aceitar nada de estranhos. — cruzo os braços, o encarando petulante e ele sorri.

— Vou reformular a frase então. Você gostaria de ir comigo até o bar para pedirmos alguma bebida juntos?

— Aceito!

Proibido Para MimOnde histórias criam vida. Descubra agora