Capítulo 3

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Christian Grey

Hoje meu dia foi uma merda, aliás reformulando, minha vida tem sido uma merda a muito tempo e tudo por culpa minha. Mas cheguei em um ponto que já não suporto mais fingir, muito menos empurrar essa situação com a barriga e foi por este motivo que coloquei um fim no meu casamento com Marcela.

Éramos novos demais, imaturos demais quando nos conhecemos e quis o destino que ela engravidasse do Léo e acabamos nos casando. Leonardo é o meu maior presente nessa vida. Foi por ele que suportei esse casamento por tantos anos, mas Marcela com o tempo foi se mostrando uma pessoa completamente diferente do que eu conhecia, ou achava que conhecia.

Por anos relevei e fingi não ver suas loucuras, mas chegou a um ponto que eu não podia mais aguentar e pedi o divórcio. Minha separação não foi bem aceita por meus pais, eles têm Marcela como a filha que não tiveram. Só meu irmão Elliot e sua esposa, Kate, que como sempre me apoiaram. Eles sempre me apoiam em tudo.

Minha família tem uma rede de hotéis por todo o país, Elliot e eu administramos juntos. Geralmente é ele quem faz as viagens para visitar nossos hotéis, mas diante dos últimos acontecimentos eu fiz questão de vir. Precisava me afastar, respirar um pouco.

Mas mesmo a milhares de quilômetros de distância Marcela arranja um modo de me deixar maluco. A horas ela estava me ligando sem parar, mas a única coisa que importava neste momento era a linda morena de olhos azuis que estava na minha frente.

Anastasia!

Eu não sei o que deu em mim, nunca havia agido assim antes, mas algo nessa mulher mexeu comigo de tal forma que eu não resisti e a beijei. E Deus, que beijo! Nossas bocas se encaixaram perfeitamente e foi como se o mundo a nossa volta fosse desconectado e tudo o que eu queria era mais e mais dela. Mas meu celular maldito insistia em tocar constantemente.

Contra a minha vontade me afastei de Anastasia para atender pronto para explodir com Marcela, mas era meu pequeno Léo ao telefone. Mais uma vez Marcela usa nosso filho a seu favor para tentar me manipular.

— Papai...

— Oi filho. Tudo bem? — pergunto estranhando sua voz chorosa ao telefone.

— Pai, a mamãe tá dormindo faz um tempão e eu tô com fome.

— Cadê a tia Pati? — pergunto sobre sua babá.

— Ela não tá. Tá só eu e a mamãe, mas ela só dorme.

Meu sangue gela. Tento manter a calma e não transparecer meu medo ao falar com meu filho.

— Você chamou a mamãe, filho?

— Chamei, pai. Eu até tentei sacudir ela, mas ela nem sem mexe.

— Filho, presta atenção no que o papai vai dizer. — tento soar o mais calmo — O papai vai ligar para o tio Elliot ir para aí. Não desliga o telefone, me espera.

Coloco a ligação do Léo em espera e disco para meu irmão que me atende sonolento depois do segundo toque.

— Oi Chris.

— Elliot eu preciso que você vá para a minha casa.

— O que aconteceu? — pergunta ele alarmado.

— Não sei direito, mas Léo ligou assustado que não consegue acordar a mãe.

— Merda! Tô indo pra lá. — ele desliga.

— Filho, o tio deve tá quase chegando aí e o papai vai pegar o primeiro avião que tiver e logo eu tô com você. — meu irmão mora no mesmo condomínio, a algumas quadras de mim.

— Tá bom, papai.

— Léo, o tio chegou! — ouço a voz de Elliot ao fundo.

— Tio Elliot ta aqui, pai.

— Ótimo, dá o celular para ele.

— Você ta bem? — meu irmão questiona a meu filho.

— Eu tô tio.

— Chris, vem pra cá! — Elliot se limita a dizer e encerra a chamada.

Volto para encontra Anastasia onde deixei, mas ela não está mais lá.

— Mas que droga!

Mas nesse momento não posso pensar nisso, saio feito um doido pelas ruas da cidade. Não posso acreditar que Marcela tenha feito isso. Não! Tem que ser outra coisa, qualquer coisa. Não sei se por sorte ou pela hora adiantada, mas chego em exatos dez minutos no hotel. Mal paro o carro e saio correndo prédio a dentro. O elevador lento demais parece levar uma eternidade para chegar ao andar e quando finalmente as portas se abrem corro para meu quarto e jogo todos os meus pertences na mala.

Tranco o quarto e corro para o carro, sem tempo e nem vontade de explicar nada para os funcionários que me encaram espantados. Jogo a mala no carro de qualquer jeito e sigo para o aeroporto desejando ter o poder de me teletransportar para casa. Tudo o que preciso é abraçar meu filho para dizer que tá tudo bem.

Cheguei em Porto Alegre só no amanhecer. Mesmo brigando muito, não houve jeito de conseguir um voo antes. Fui direto para o hospital, não era exatamente o que eu queria, mas era o correto a se fazer.

A sala de espera estava cheia. Meu irmão, meus pais e os pais da Marcela estavam ali e me preparei para a briga que estava por vir.

Rafael, pai de Marcela ao me ver partiu feito um trator para cima de mim.

— Seu desgraçado, olha o que você fez com ela! — disse ele me agarrando pelo colarinho.

— Rafael, calma! — Elliot tentou intervir.

— Calma? Minha única filha quase morreu por causa desse irresponsável egoísta e você me pede parra ficar calmo?

— Eu não fiz... — tento argumentar, mas Rafael não me permite terminar.

— Você a deixou doente. Minha filha ficou assim depois que teve a infeliz ideia de casar com você.

— Parem já com isso ou eu chamo a segurança. — disse uma voz grave e firme me fazendo virar para ver quem era. Rafael se afastou de mim e ajeito sua roupa envergonhado — O senhor quem é? — perguntou o médico grisalho.

— Sou Christian Grey, marido dela.

— Muito prazer, senhor Grey. Por favor me acompanhe até meu consultório eu gostaria de falar com o senhor.

Olhei para aquelas pessoas sentadas e pude notar a reprovação no olhar de cada um, principalmente de meus pais. Minha mãe mal me olhou nos olhos e isso doeu. E por um lado eles tinha razão, eu tenho minha parcela de culpa.

Em silêncio acompanhei o doutor pelos corredores do hospital enquanto minha mente vagava entre a culpa e as lembranças da minha relação difícil com Marcela. Das tantas vezes que por seu ciúme infundado ela causou brigas e escândalos, das tantas vezes que eu disse que já não suportava mais esses comportamentos.

Não sou perfeito, mas sempre fui leal a ela, nunca a trai. — "Tirando hoje!" — Minha consciência acusa, mas não é verdade. Não foi traição, eu pedi a separação. — "Ela disse não".

— Sente-se, senhor Grey.

— Obrigado.

— Bom, a sua esposa — penso em corrigi-lo, mas me contenho — deu entrada ontem durante madrugada em um estado bastante delicado. Ela ingeriu uma grande quantidade de remédios, de vários. — solto um suspiro pesaroso — Nossa equipe fez uma lavagem estomacal e a estabilizou. O estado físico dela nesse momento é bom, mas o que nos preocupa é o seu quadro psicológico.

— Entendo, doutor. — me limito a dizer.

— Sua esposa precisa muito do senhor nesse momento. O senhor deve estar ao lado dela, ela precisa da sua ajuda, senhor Grey.

Por dentro eu queria gritar, comigo, com o médico, com o mundo. Mas outra vez me contenho e engulo meus sentimentos e vontades por causa de Marcela.

— Eu vou cuidar dela, doutor. Obrigado. 

Proibido Para MimOnde histórias criam vida. Descubra agora