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- 𝐌𝐀𝐈𝐓𝐄̂ 𝐎𝐍 -

Saindo do aeroporto, sem nenhuma parada nem para respirar, fui surpreendida pela beleza de Barcelona. Estando lá contra a minha vontade ou não, é um lugar sensacional.

Não prestei atenção em uma sequer palavra que meu pai disse de tão fascinada que eu estava.
Era tudo muito colorido, extravagante, harmonioso e único. Foram as únicas palavras que eu consegui encontrar em meio a tanto explendor.

Eu disse que não seria tão ruim. - Meu pai disse, convencido.

Típico, tava demorando até ele soltar uma dessas.

Fiquei calada por alguns poucos segundos, mas não consegui me conter.

Ainda não mudei de ideia. - Eu disse olhando-o com uma expressão séria e também convencida de que aquilo não iria mudar.

Vai mudar, espere até chegarmos ao apartamento. E conhecer os pontos turísticos, é claro. Isso tudo não é nem metade de Barcelona. - Retrucou meu pai, dessa vez, no seu tom de voz normal.

• 𝐐𝐔𝐄𝐁𝐑𝐀 𝐃𝐄 𝐓𝐄𝐌𝐏𝐎 •

Quando chegamos no apartamento, eu fiquei mais fascinada do que já estava.

E meu pai percebeu isso, mas eu não queria admitir que poderia estar começando a mudar de ideia, para mim ainda era tudo muito novo, e eu ainda estava contra a minha vontade.

Uma janela enorme dava vista ao lugar mais incrível e calmo que eu já vi em toda a minha vida.

O vento fazia as ondas do mar ao outro lado da janela tomarem conta de uma boa parte da areia, indo e voltando de uma maneira incrivelmente calma e fascinante.

Meu pai logo se direcionou aos quartos e deixou as malas em seus devidos lugares, olhando rapidamente cômodo por cômodo.

Eu ainda estava vidrada naquela praia, que a partir dali, eu veria todos os dias da minha vida.

Uma voz me chamava repetidamente, não preciso nem falar quem era, né?

Não tivemos muito tempo para conhecer cada cômodo com calma e apreciar toda a beleza do apartamento. Porque como eu falei, quando se trata de futebol, treinos e seleção espanhola, qualquer tempo perdido é um baita problema.

Meu pai me apressava para que eu me aprontasse logo, pois ele teria uma entrevista com a seleção, para se apresentar como novo técnico.

Confesso que quando se trata de futebol, não me interessa uma palavra, mas aquilo era importante para o meu pai, então, gostando ou não, eu teria que colaborar.

No carro não trocamos uma palavra que não fosse sobre futebol, eu já previa aquilo, mas me mantive calada, era a melhor coisa a se fazer, deixei ele falando até que por algum milagre o assunto mudasse (o que sempre foi um processo bem demorado, e que dessa vez, não aconteceu).

Enquanto não chegavamos, eu refletia que se, antes fosse só o período da Copa, eu estaria muito mais tranquila, mas meu pai agora é também, técnico do Barcelona, então eu vou ter que aprender a conviver com todos aqueles incompententes. E sério, nada vai fazer entrar na minha cabeça que isso tudo foi uma boa ideia, nada mesmo.

• 𝐐𝐔𝐄𝐁𝐑𝐀 𝐃𝐄 𝐓𝐄𝐌𝐏𝐎 •

Quando chegamos ao local da entrevista, fomos pegos de surpresa por um paparazzi na janela esquerda, e não demorou muito para muitos outros começarem a se espalhar por toda a volta de nosso carro, o motorista buzinava, irritado e provavelmente se questionando aonde foi se meter ao nos fazer entrar pela entrada principal, exatamente onde todos os jogadores que também estariam na entrevista entrariam.

Parecia um verdadeiro apocalypse zoombie.

Depois de tanto empurra, empurra entre todas aquelas pessoas, conseguimos passar e adentrar o local.

Fomos para um canto ao lado mas ainda meio longe da grande porta de entrada, distante dos paparazzis que estavam do lado de fora da porta.

Desde que cheguei ali minhas reclamações tomaram conta da minha mente, e como o previsto, eu e meu pai chegamos no assunto que tem tomado conta de todas as nossas conversas desde que chegamos aqui.

Temos mesmo que fazer isso? Convenhamos, esses caras não jogam nada, são um bando de incompetentes isso sim. - Eu disse cruzando meus braços e fechando a cara.

Péssima hora para suas reclamações, Maitê, péssima hora.

Incompetentes? - Disse uma voz, atrás de mim.

Uma voz consideravelmente grossa, com um sotaque espanhol, tinha que ser.

Me viro e vejo exatamente um deles, um incompetente, jogador da seleção espanhola.

Isso mesmo que você ouviu, e pelo visto é um deles também. - Eu disse, ainda com os braços cruzados e a cara fechada.

Direcionei meu olhar aos seus dois amigos, também jogadores, que estavam de longe, somente olhando o que estava acontecendo.

Esses são os seus amigos incompetentes? Deu para perceber. - Eu disse, no tom mais sarcástico possível.

Meu pai, é óbvio, veio por trás de mim com o intuito de tentar acabar com aquilo, mas logo foi interrompido pelo incompetente aloprado.

Desculpa aí técnico, mas se essa aí é a sua filha mesmo, me responde aí quem ela acha que é para falar assim? - Disse o aloprado, fechando a cara.

Quem eu sou? Ô seu incompetente aloprado, se eu fosse você eu abaixava essa sua bola aí. Você nem é tudo isso que tanto mostra ser, me poupe, vai bater boca com gente do seu nível muleque. - Eu disse me mantendo naquele tom sarcástico de sempre.

Eu logo me virei de costas com os braços ainda cruzados mas senti uma mão puxar o meu ombro para trás, me virando novamente.

Incompetente aloprado? Você acha que tá falando com quem pirralha? - Retrucou ele.

González, pro seu lugar, agora. - Meu pai falou antes que fosse interrompido por alguém.

González... então o incompetente aloprado tem nome, ou melhor, sobrenome.

Seus outros amigos incompetentes foram atrás dele, eu os segui com o olhar, mas logo fui interrompida pela breve lição de moral do meu pai, claro, não podia faltar.

Você perdeu a cabeça? Logo no primeiro dia, Maitê? Não podia nem esperar para conhecer o garoto antes de chamar ele de incompetente aloprado? - Disse ele, sério. - E de muleque! - Completou.

Você não viu como ele me tratou? Ele me chamou de pirralha e ousou continuar a briga. - Eu disse incrédula.

Mas você começou tudo isso, chamou ele de incompetente e ele só retrucou. - Meu pai disse disfarçando sua expressão séria.

Perai, você tá defendendo ele? Na cara dura? - Eu retruquei, rapidamente.

Filha, Pedri é uma boa pessoa, vocês só não se conheceram da melhor forma e eu quero concertar isso... - Disse ele, gesticulando.

Pedri González... o incompetente tem nome e sobrenome.
Mas continua sendo patético e aloprado.

Sua cara nem treme. Não quero que concerte nada, se eu sequer cogitei mudar de ideia, desconsidere. - Eu disse e antes que ele pudesse dizer algo, fui me sentar e garantir que estivesse bem, bem longe daquele garoto patético, digo... de Pedri González.

𝐌𝐈𝐃𝐅𝐈𝐄𝐋𝐃 - PEDRI GONZÁLEZOnde histórias criam vida. Descubra agora