026.

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- 𝐌𝐀𝐈𝐓𝐄̂ 𝐎𝐍 -

Freneticamente desbloqueei meu celular e encarei a notificação por um tempo, evidentemente confusa.

-                       𝖭𝖴́𝖬𝖤𝖱𝖮 𝖣𝖤𝖲𝖢𝖮𝖭𝖧𝖤𝖢𝖨𝖣𝖮                   -

Me encontre no calçadão entre
o Porto e a Plaça Catalunya às 15h.
Vai saber quando estiver no lugar certo.

-                                                                                        -

Quem foi o desocupado que decidiu me perturbar uma hora dessas achando que conseguiria ganhar a minha atenção com uma simples mensagem?

Preciso parabenizá-lo, pois ele conseguiu me deixar completamente confusa.

-                       𝖭𝖴́𝖬𝖤𝖱𝖮 𝖣𝖤𝖲𝖢𝖮𝖭𝖧𝖤𝖢𝖨𝖣𝖮                   -

Me encontre no calçadão entre
o Porto e a Plaça Catalunya ás 15h.
Vai saber quando estiver no lugar certo.

                                                                     Primeiro,
                                                            eu te conheço?
                                                                       𝘦𝘯𝘵𝘳𝘦𝘨𝘶𝘦

-                                                                                        -

Uma curiosidade absurda tomou o meu corpo.

Há de ser alguém que conhece algum de meus amigos em comum e pediu-lhes o meu número.

É a única versão que faz sentido até então.

Três batidas rápidas na porta.

⎯ Você não vem almoçar? ⎯ Disse meu pai, atrás da porta.

⎯ Estou sem fome. ⎯ Eu disse.

⎯ Isso foi uma tentativa de adiar ou evitar a nossa conversa? ⎯ Refutou, entrando e assentando-se na beirada da cama.

Eu me mantive calada.

⎯ Tudo bem se não quiser ter essa conversa.

Se essa fosse a última frase dita por ele naquele momento, eu estaria extremamente contente, mas eu conheço o pai que tenho.

⎯ Mas eu sou o seu pai. Sabe que deve me contar tudo, sem medo. Eu não vejo abertura nenhuma vindo de você quanto a isso. Não confia em mim?

Eu o lancei um olhar direto.

⎯ Quer mesmo que eu responda?

⎯ Eu te conheço o suficiente para saber a sua resposta para cada uma das frases ditas por mim mesmo. Mas ouvir isso vindo da sua boca ainda consegue me machucar, mesmo sabendo até mesmo a tonalidade de como você iria dizer.

Eu sempre tive problemas em confiar nas pessoas, mas no meu próprio pai? Eu sei.

As vezes eu enxergo ele como um duas caras nítido. Uma hora, o melhor pai que alguém poderia ter. Outra, a pessoa mais fria e seca já vista na Terra.

No que erramos para uma relação tão dupla um com o outro?

⎯ Seu olhar era a resposta que eu precisava. ⎯ Completou, levantando-se e fechando a porta.

Direcionei meu olhar à notificação novamente, com a mente transbordando pensamentos.

Antes que eu pudesse pensar duas vezes, liguei para Ferran e Gavi.

8 chamadas perdidas.

O que esses idiotas estão aprontando?

⎯ Atende. Atende. Atende. ⎯ Eu susurrei comigo mesma. ⎯ Finalmente!

⎯ Que desespero é esse, mulher? ⎯ Ferran disse, entre risadas.

⎯ O que vocês dois estão aprontando? ⎯ Eu disse, sem pausas.

⎯ Espera aí! Muita calma nessa hora, o que 'tá pegando? ⎯ Gavira disse.

⎯ Eu sei que foram vocês. Eu tenho cara de idiota? Qual de vocês mandou a mensagem? ⎯ Retruquei.

⎯ Mensagem? Que mensagem? ⎯ Respondeu Ferran.

⎯ Não to sabendo de nenhuma mensagem não. Explica isso aí direito. ⎯ Completou Gavira.

⎯ Não me façam perder a paciência. Vocês sabem muito bem do que eu estou falando. E respondam logo a minha pergunta, qual de vocês me mandou a mensagem falando para ir até tal lugar em tal hora por um número desconhecido?

⎯ Não viaja! Não temos nada haver com isso não, não é, hermanito? ⎯ Retrucou Ferran.

⎯ Não mete meu nome nisso daí não. Não fiz nada. ⎯ Respondeu Gavira.

⎯ Então como esse desocupado conseguiu o meu número? ⎯ Disse, sem paciência.

⎯ Não faço ideia! ⎯ Refutou Ferran.

⎯ Eu muito menos! ⎯ Completou Gavira.

⎯ Mas espera um segundo, o que a mensagem dizia? ⎯ Perguntou Ferran.

⎯ Deixa de ser curioso, Ferran! ⎯ Respondi.

⎯ Começou agora termina! ⎯ Retrucou Ferran, indignado.

⎯ Dizia que eu devia estar entre o Porto e a Plaça Catalunya às 15h. Eu não faço nem ideia de onde seja isso.

⎯ La Rambla! ⎯ Gavira e Ferran disseram, em sintonia.

⎯ O que diabos é "La Rambla"? ⎯ Perguntei.

⎯ Simplesmente a rua mais famosa de Barcelona! ⎯ Respondeu Gavira.

⎯ E onde fica?

⎯ Você é idiota? Tá escrito na mensa... ⎯ Refutou Gavira, mas logo foi interrompido por Ferran.

⎯ Cala a boca! Deixa com a gente, busco vocês às 14:40.

⎯ De jeito nenhum. Eu vou sozinha, na verdade, nem sei se eu vou. ⎯ Respondi.

⎯ Tá maluca? Ir ver um completo desconhecido sozinha? ⎯ Disse Ferran.

⎯ Por isso mesmo que eu nem sei se vou.

⎯ Você vai. Vai estar segura com a gente. ⎯ Refutou Gavira.

⎯ Eu e mais dois idiotas. Quero ver onde que isso é estar segura. ⎯ Respondi.

⎯ Fica na sua! Vejo vocês mais tarde. ⎯ Despediu-se Ferran e logo em seguida eu e Gavira.

A mensagem ainda estava entregue, o que me deixava ainda mais curiosa.

Pouquíssimas pessoas passaram pela minha cabeça, mas eu sinto, de alguma forma, que não será nenhuma delas.

𝐌𝐈𝐃𝐅𝐈𝐄𝐋𝐃 - PEDRI GONZÁLEZOnde histórias criam vida. Descubra agora