Pete

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O que diabos aconteceu ontem com o sr.Theerapanyakul?
Ele só pode estar doido, me ligando de manhã e mandando eu fazer uma ligação sem sentido. Quando eu liguei e ele falou o meu nome eu quase cai da cadeira. O que ele estava aprontando? Ele até mandou eu almoçar cedo, sim ALMOÇAR CEDO. Ele nunca me deixou sair cedo nenhum segundo sequer. E todos aqueles risos do outro lado da linha? Com certeza aconteceu algo com ele. Nunca vi ele bêbado, mas tenho quase certeza que foi esse o motivo dele ter agido assim.

Hoje quando ele chegou no escritório a primeira coisa que ele falou foi bom dia. Sim, BOM DIA pra mim e agora estou aqui sentado com medo de que seja o meu fim nessa empresa. Será se ele vai me demitir? Logo agora que eu preciso de mais dinheiro? Eu devo ser a pessoa mais azarada do mundo, essa é a única explicação. Quando eu escuto o interfone interrompendo meus pensamentos eu quase dou um salto.
É ele.

— Sr. Theerapanyakul.

— Sr. Saengtham traga um café para mim, por favor.

— Ok, estou indo.

Vou pegar o café e entro na porta do escritório dele com uma grande aflição, essa mudança repentina não indica nada de bom, ele acabou de me pedir um café e nem gritou. Olho ele sentado e coloco o copo de café a sua frente.

— Apenas isso? Quer mais alguma coisa senhor?

— Sente sr. Saengtham, vamos trocar algumas palavras.

Meu coração vacilou e eu afundei na cadeira. Ele deve ter finalmente conseguido a minha demissão. Meu semblante cai, reúno o pouco de coragem que me resta e lhe faço uma pergunta direta.

— O senhor vai me demitir?

— Não, hoje não.

Meu coração acelera e depois vem uma onda de alívio ao perceber que ele não vai me demitir. Espera. Ele disse "hoje não", isso significa que um dia ele vai. Mas o que ele quer agora?

— O que o senhor deseja de mim?

— Bom, sr. Saengtham eu quero que saiba que o que eu vou falar será um segredo nosso. Preciso que vá nesse lugar hoje à noite.

Então ele escorrega um pedaço de papel sobre a mesa em minha direção. Pego e olho as informações. É um bairro chique, conheço ele porque fica perto da casa de repouso de Meg. Levanto o meu olhar para o rosto dele.

— O que eu devo fazer?

— Apenas vá, nós dois nos encontramos lá na minha casa. Hoje. Depois do trabalho.

— Sua casa?

— Eu te falei que o que eu vou falar é um segredo, não posso dizer nada aqui.

Me mexi na cadeira.

— Tenho um compromisso.

— Que horas você pode ir?

— Consigo chegar às nove 21:00.

— Ok, tudo bem então. Pode se retirar.

Não tenho muita escolha, devo ir ao seu encontro para evitar problemas para o meu lado. Levanto e saio do escritório.

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Fui visitar Meg. Os momentos com ela acabam sendo minha única fonte de felicidade. Ela está feliz e animada hoje, o que me deixa mais ciente de que aqui é o lugar ideal. Hoje ela contou histórias engraçadas que aconteceram na juventude dela e eu fiquei ao lado dela até ela pegar no sono.

Depois que ela dorme eu vou ao encontro do sr. Theerapanyakul, saindo da casa de repouso eu vou em direção ao endereço que ele me deu, como não é tão distante eu vou caminhando para economizar dinheiro e quando eu me aproximo do prédio eu começo a ficar intimidado por ele, não é qualquer um que consegue bancar um lugar como esse. Me identifico na portaria e eles me direcionam ao apartamento dele. Na frente da porta eu hesito em tocar a campanhia, é impossível desvendar o que ele quer.

Respiro de forma lenta e concentrada, no fim endireito os ombros e toco a campanhia. Em menos de um minuto a porta é aberta e eu dou de cara com uma imagem que nunca pensei que fosse ver. Na minha frente estava o sr. Theerapanyakul com roupas casuais e... e descalço? Por algum motivo isso me fez querer rir, mas seguro a vontade para não receber um sermão.

— Pode entrar.

Ele diz e eu entro na casa dele, as paredes são altas, as cores que dominam o ambiente são cinza, preto e branco, tem vários móveis, mas mesmo assim parece vazia e fria como se ninguém morasse aqui. Olho a mesa de jantar e noto que ele estava comendo.

— Me acompanhe no jantar.

— Não, obrigado.

— Você já comeu?

Eu hesito em responder.

— Sim.

No momento em que eu afirmo a minha barriga resolve me trair, ela faz um barulho tão alto que viro o rosto corando de vergonha para longe do rosto dele, no momento em que faço isso ele começa a falar com uma entoação irritada.

— Sr. Saengtham sente naquela cadeira, se sirva e coma. Não é um pedido. Não vai morrer se comer. Você tem algum problema com comida? Só vejo você comendo aqueles sanduíches horrorosos.

Hesito antes de obedecer as ordens dele, vou na direção da mesa e começo a fazer o que ele mandou. Ele também se senta a mesa e começa a devorar o que tinha no prato dele e eu imito sua ação, simplesmente foco no prato a minha frente. Eu estava morrendo de fome, graças a Deus eu estou comendo e é tão bom fazer uma refeição completa. Nunca tinha experimentado essa comida então não sei exatamente o que é, mas o gosto é maravilhoso.

Quando terminamos de comer ele recolhe os pratos e leva para a cozinha, nunca tinha visto ele fazer algo tão doméstico, mas obviamente não foi ele quem cozinhou aquela comida caprichada, aposto que não sabe nem usar um fogão.

Ele volta da cozinha e me chama para a sala, lá ele direciona o rosto para o sofá esperando que eu sente. Obedeço de forma silenciosa.

— Sr. Saengtham.

— Sim.

— Como eu disse hoje no escritório o que eu vou falar é algo que fica entre nós dois.

Aceno a cabeça confirmando, então ele prossegue.

— Eu preciso pedir algo.

Eu solto a respiração que eu nem sabia que estava segurando, era isso o que ele queria? Apenas um favor? Eu relaxei, mas não por muito tempo.

— Mas antes de pedir eu preciso te dizer algo, eu vou me demitir.

Congelo. Por que ele sairia da empresa? Ele basicamente é o melhor e ganha uma fortuna.

— Por que o senhor vai fazer isso?

— Você sabe o que o Gun fez comigo.

— Mas talvez na próxima-

— Não vai ter próxima, estou sondando outro emprego.

— Por que o senhor está me dizendo isso?

— Eu disse que precisava de sua ajuda. Preciso que você me ajude a conseguir o emprego que eu quero.

Como eu poderia ajudá-lo? O que ele disse me deixou totalmente confuso.

— Minha ajuda?

— Sim, eu quero contratar você.

Isso me pegou desprevenido, uma coisa sobre a qual eu tenho mais certeza é a que ele não gosta de mim. Ele nunca me contrataria. As palavras dele não fazem sentido. O que ele mais quer é se livrar de mim e agora quer me contratar?

— Me contratar? Como seu assistente? - eu consigo perguntar.

— Não -ele hesita em continuar, o rosto dele indica que ele está procurando as palavras certas, ele passa a mão nos cabelos- Na verdade eu quero contratá-lo como meu noivo.

Fico paralisado.

The ContractOnde histórias criam vida. Descubra agora