Vegas

1.1K 145 34
                                    

Depois de tomar um banho resolvi descer para jantar com Pete, quando estava me aproximando da cozinha eu o vi já sentado em um dos bancos do balcão. Hoje a noite vamos revisar mais uma vez as listas sobre nós e criarmos uma certa intimidade para que o nosso comportamento diante dos outros não parecesse falso, mas antes disso eu resolvo entregar logo a chave do carro que comprei para ele.

— Aqui está a chave do seu carro - Andei em sua direção e joguei para ele que por reflexo aparou a chave e com ela nas mãos levantou o rosto confuso.

— Meu carro?

— Eu disse que compraria um, está lá embaixo no estacionamento junto com os meus.

— Qual o modelo?

— Lexus RX, comprei na cor azul... acho que combina com você.

Ele me analisou de cima a baixo e arqueou a sobrancelha.

— Você trabalha com alguma coisa ilegal? Eu sei que você é bem pago, mas não tão bem pago. Como você consegue comprar essas coisas?

Eu ri pela suposição dele, mas logo meus ombros enrijeceram e eu fico tenso. Eu realmente não quero falar sobre nada que envolva o meu passado.

— Não trabalho com nada ilegal, apenas herdei muito dinheiro quando o meu avô morreu.

— Sinto muito pela sua perda.

— Já faz muito tempo e poupe sua empatia.

Antes que ele fale mais alguma coisa eu mudo completamente de assunto.

— A comida vai chegar daqui à pouco, enquanto isso podemos conversar sobre as listas e como se comportar amanhã.

Ando pela cozinha e pego uma garrafa de vinho na adega, sirvo duas taças e sento próximo a ele, noto que ele se afastou um pouco e faço uma anotação mental para resolver isso o mais rápido possível.

Ele está com uma roupa bem casual, usava um conjunto de moletom com um tom bem claro que realçava o seu cabelo escuro com o corte tigela meio bagunçado. Se houvesse uma palavra para descrevê-lo nesse momento seria: fofo. Resolvo interromper esse pensamento para iniciar nossa discussão.

— Vamos começar?- Pergunto.

Ele assentiu e começamos a conversar, depois de uns 20 minutos a comida chegou e depois de comermos nós continuamos conversamos por bastante tempo. Eu nunca tinha falado tanto de mim para outra pessoa, foi uma tortura. Ele sabia que eu era filho único e que meus pais já haviam morrido, sabia em quais escolas eu já estudei, também falei sobre o período que eu passei no exterior estudando, ele ficou sabendo das comidas, cores e perfumes favoritos.

O que me pegou de surpresa foi que ele já sabia da maioria dessas coisas antes mesmo de eu entregar a lista ou acrescentar mais informações. Pete é mais observador do que eu pensei, eu pelo contrário não sabia quase nada sobre ele.

Ele não falou muito sobre seu passado como eu, a única família que ele tinha era sua avó que morava em uma casa de repouso, me disse que não terminou os estudos porque conseguiu um emprego na inovare inc e resolveu ficar lá, essa parte não fez muito sentido para mim, mas resolvi deixar quieto. Suspirei. Já sabia até o shampoo de cabelo que ele gostava.

— Acho que os fatos fundamentais já estão ok, mas toda vez que eu chego perto de você... você se afasta.

— Não estou acostumado - Ele passou a mão pelo cabelos- Você me deixa nervoso.

— Você sabe que temos que ficar próximos na frente das pessoas, por algum motivo eu acho que aquela família é afetuosa. Então vamos ter que nos tocar, acariciar... essas besteiras de casais.

The ContractOnde histórias criam vida. Descubra agora