Pete

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A noite na casa dos Kittisawasd foi incrível. Inicialmente eu estava muito nervoso, mas no fim deu tudo certo. Nunca em minha vida eu pensei que iria em um lugar como aquele e conversaria com pessoas extremamente ricas, foi possível até sentir o cheiro do dinheiro. Graças a Deus minha roupa estava a altura, recebi vários elogios verdadeiros e alguns invejosos.

Olho para o celular e vejo uma mensagem do meu novo contato: Porsche.

Oi Pete!

Abro um sorriso imediatamente, ele é muito legal e foi a amizade mais rápida que já fiz na vida. É como se ele fosse a minha alma gêmea da amizade.
As únicas pessoas que eu regularmente converso fora do escritório são os funcionários da casa de repouso e a vovó, então ter um amigo vai ser incrível.

E Vegas?

Olho para a porta do quarto.
Ele não é meu amigo, mas é bom que ele se torne para que o plano dê certo, mesmo assim no fim das contas ele é só o meu chefe que não se importa comigo e eu infelizmente tenho que conviver.

Só de pensar nele eu lembro de todas as mentiras que contamos para aquela família e eu sinto um aperto no peito. Eles são pessoas boas e não merecem serem enganados. Suspiro. Meg também é uma pessoa boa e precisa de mim para sustentá-la, então tenho que fazer tudo isso querendo ou não.

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Pela manhã eu chamei Vegas para fazermos as compras. O caminho até o supermercado foi tranquilo e silencioso. Quando chegamos eu peguei um carrinho e pedi para ele pegar outro.

Comecei a encher os carrinhos com os itens que eu tinha escrito em uma "listinha" antes de vim.
Olho para Vegas e percebo que ele está com um olhar de alguém que está em um novo universo, será se essa é a primeira vez desse idiota em um supermercado?

— É a sua primeira vez em um lugar assim? - perguntei porque não é possível um homem dessa idade nunca ter entrado em um supermercado.

— A última vez faz alguns... anos? Isso mesmo, alguns anos.

— Quem faz as compras para sua casa?

— Eu tinha uma governanta, mas ela se demitiu recentemente. - Ele faz um movimento de vai e vem com a mão- Elas vêm e vão.

Reviro os olhos. É claro, com uma personalidade dessas eu duvido alguém trabalhar para ele por mais de um mês.

Como eu não quero mais ele no meu pé eu descido dar uma tarefa a ele. Pego um papel em meu bolso e rapidamente escrevo os nomes de alguns itens.

— Pega - Entreguei para ele a lista- Você vai lá na seção de frutas e pega essas que eu escrevi no papel. - Aponto para a direção que ele deve ir.

— Ok.

— Eu me encontro com você lá daqui à pouco.

Saí e continuei colocando vários itens no carrinho até o coitado ficar muito cheio. Lembro de Vegas e vou atrás dele. Vem-me um pensamento intrusivo dizendo que não deveria deixá-lo só naquele lugar.

Depois de alguns minutos encontro ele e levo um susto ao ver que ele ainda não tinha pegado nada. Como ele ainda não tinha me avistado eu vou na direção dele e toco no seu ombro.

— Por que você não pegou nada? - Perguntei disfarçando minha irritação, eu não quero ele fazendo uma ceninha na frente das pessoas.

— Como é que eu vou saber se elas prestam ou não? E mais, na lista você não diz se quer elas verdes, maduras ou meio-termo. Então resolvi te esperar, já que, você o é responsável por isso - Ele olha para o meu carrinho lotado de coisas e me encara- Para onde você vai levar tudo isso?

— Para casa - Reviro os olhos- E você não vai fazer mais nada além de ficar quieto! Só fique aí me esperando.

Ele me olhou de cima a baixo como se eu fosse um louco e simplesmente tira o celular do bolso e começa a mexer nele fingindo que sou invisível.
Ótimo. Muito ajuda quem não atrapalha.

Seleciono todas as frutas e vou colocando no carrinho dele. Pego quase tudo que está disponível: morangos, uvas, bananas, abacaxi...

Meia hora depois já estávamos voltando para o apartamento. Em casa eu guardo todas as compras e logo depois eu começo a preparar os cookies. Eu realmente gosto de cozinhar, fazer isso me traz uma nostalgia, lembro da minha avó sempre me ensinar uma receita nova todos os meses quando eu era adolescente.
Quando a massa está pronta eu coloco ela no forno e vou tomar um banho enquanto os cookies assam. Termino o meu banho quase na hora de retirá-los do forno. Desço no exato momento em que estão prontos, coloco eles bem lindinhos em cima da mesa e espero dar um tempo para eles esfriarem.

Tempos depois eu chamo Vegas para degustar os cookies de chocolate, a expressão dele quando ele entra na cozinha indica que ele não confia nos meus dotes culinários, mas mesmo assim pega um dos biscoitos e coloca na boca. Ele mastiga com o olhar arregalado de surpresa.

— Tá muito bom, deveria ter me aproveitado disso muito tempo atrás. - Ele fala e pega outro para enfiar na boca- Humm... delicioso, talvez você não seja uma total perdição.

Reviro os olhos, esse ato está se tornando muito frequente e nem me importo de esconder dele, não faço nenhum comentário. Abro a geladeira, pego um suco e sirvo num copo.

— Beba ou você vai se engasgar - Empurro o copo na direção dele.

— O quê? Não precisa, eu não vou me engasgar - Ele continua devorando os cookies, sempre colocando mais e mais na boca até que chega um momento em que tem tanto biscoito na boca que ele não consegue engolir. Os olhos dele ficam redondos e ele começa a se desesperar, automaticamente ele avança no copo com suco e usa o líquido para conseguir engolir.

— Eu avisei.

Ele me olha tentando esconder a sua vergonha e os olhos marejados, levanta com alguns cookies na mão e sai do cômodo.

Ri da atitude infantil dele e experimento o doce, realmente estava uma delícia.

Repasso o que aconteceu nos últimos dois dias e chego a conclusão que ele deve estar tentando controlar a língua, ele falha as vezes, mas pelo menos tenta.

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Att curtinha, mas amanhã provavelmente vai ter mais um capítulo. -🫧♡

The ContractOnde histórias criam vida. Descubra agora