Vegas

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A cerimônia foi pequena, mas especial.
Fiquei ao lado de Pete o tempo todo enquanto as pessoas cumprimentavam ele, a maioria delas eram os cuidadores e funcionários da casa de repouso.

Foram alguns amigos antigos de Meg, aos quais Pete recebeu com cuidado, as pessoas do Grupo Kittisawasd também.
Ele estava sempre verificando se todas as pessoas estavam bem, servia comida e sussurrava no ouvido dos velhinhos perguntando se precisavam de mais alguma coisa.

Pete aceitou os abraços e os sussurros de consolação de todos eles, ambos compartilhando o luto, e então Pete sempre voltava para o meu lado como se fosse seu abrigo. Nunca passei pelo luto, mas me via segurando as lágrimas o tempo todo.

O que está me deixando preocupado é falta de lágrimas de Pete. Desde a cerimônia eu não o vi chorar.

Ele já foi dormir e agora o apartamento está muito silencioso. Hoje cedo eu o ouvi se movendo no piso superior, o som das gavetas abrindo e fechando, eu sei que, provavelmente, ele estava arrumando e reorganizando tudo. Ele faz isso quando está chateado. De manhã ele saiu para caminhar e silenciosamente balançou a cabeça quando me ofereci para acompanhá-lo. Quando ele voltou, foi direto para seu quarto até eu chamá-lo para jantar.

A preocupação está acabando comigo. Eu realmente nunca passei por isso, nunca me importei tanto com alguém.

Ele vai se sentir melhor se eu ajudá-lo a falar?

Ele precisa falar. Mas realmente não sei o que fazer, meu conhecimento sobre isso tudo é muito limitado e simplesmente não posso chamar a Nam ou o Gustav para perguntar o que devo fazer com o meu próprio marido. Eles pensam que somos íntimos e presumem que eu sei o que fazer. Quando saímos da casa funerária, Nam me abraçou e falou no meu ouvido que eu deveria cuidar dele.

Eu quero, só não sei como.

Meus pés me guiam pela casa, sento no sofá e abro um sorriso quando vejo Gray ao lado de uma almofada fofa, olho ao redor para todas as mudanças que Pete fez. Eu já disse a ele que gostei do que ele fez?

Com um gemido, eu coloco Gray no colo e o levo para a cama dele. Fico alguns minutos olhando para ele e pensando nas últimas semanas. Eu evolui, com certeza, mas eu mudei o suficiente? Minha língua não é mais a mesma, sei que me tornei melhor, mas não é o bastante. Pete está sofrendo... será se ele confia em mim o suficiente para vim até mim?

Ser a rocha dele.

Fico chocado ao perceber o quanto eu quero isso. Ser a pessoa na qual ele possa depender. Eu sei que dependo dele em muitas coisas.

Desligo as luzes e vou para o meu quarto, tomo um banho e visto um pijama, mas em vez de caminhar até a cama a minha rota muda para a porta do quarto de Pete que está entreaberta.

É estranho estar parado do lado de fora sem saber o motivo, até eu ouvir. O choro abafado. Sem pensar em nada eu entro no quarto e o vejo.

Ele está no meio da cama curvado em posição fetal com o corpo tremendo por causa dos soluços, ele treme tanto que é possível ver a cama se mover.

Ergo o cobertor e passo meus braços ao seu redor, segurando-o no colo e carregando-o para o meu quarto. Chegando lá, eu o coloco cuidadosamente em cima da cama e me deito ao seu lado puxando o cobertor. Ele endurece, mas eu o seguro mais firme.

— Pode desabafar Pete, vai se sentir melhor, honey.

Ele simplesmente se derrete em mim com seu corpo se moldando ao meu. Suas mãos agarram meus ombros nus e eu sinto a temperatura quente das lágrimas dele, que caem descontroladamente. Fico passando as mãos nas costas dele, enfio uma das mãos em seus cabelos e faço barulhos que julgo serem confortadores.

The ContractOnde histórias criam vida. Descubra agora