𝐒𝐊𝐘. lee minho

18 (pt.¹).

  — COMO É O REINO onde você mora?

Com aquela pergunta, Minho soube me tirar do transe em que eu estava.

De alguma forma, nós dois depois de comer uma torta de maçã, estávamos deitados na manta na grama com vista para o céu, lindas nuvens servindo para cobrir o sol radiante.

Pensei um pouco sobre sua pergunta.

O que devo dizer a ele?

— É grande o suficiente para ser um turista e pequeno o suficiente para você conhecer todo mundo. - Resumi, porque não era inteiramente mentira. Embora fosse uma verdade distorcida, a cidade era uma das mais visitadas e turísticas do país, as ruas coloridas pela flora mas com uma atmosfera carregada de história pela fachada de algumas casas. As praças cheias de gente, comida, artistas... de uma forma ou de outra as pessoas se sentiam atraídas.

E o aquário junto ao porto, ou o pôr-do-sol que costumava ver da parede.

E as festas na praia, caramba...

— Você sente falta dele? - ele perguntou, descansando a cabeça no meu osso do quadril e quase inconscientemente eu levei minha mão até seu cabelo, acariciando-o.

— Sinto.

Eu o ouvi suspirar e no segundo, pude sentir seu olhar pesado em mim, claro que o ignorei.

Por mais segura e divertida que esteja ao seu lado, o peso da consciência me atinge cada vez mais. Ele mentiu descaradamente não só para ele, mas também para Felix, que aparentemente era um príncipe, e para toda uma família da alta sociedade que acabou sendo nada mais do que cidadãos humildes.

Às vezes eu só pensava que talvez fosse hora de eu ir. Minho estava literalmente me dominando de todas as maneiras possíveis. Apesar de não ter estado presente na maior parte do tempo, ele não me negligenciou em nenhum momento.

Não me faltava teto para morar, nem comida, nem companhia.

E isso só alimentou minha culpa.

E no fundo, também o meu desespero.

Eu estava me acostumando com isso, como se não houvesse como ver meu pai ou meus amigos novamente.

Como se tudo isso fosse o melhor que eu poderia esperar na minha situação.

E eu estava desesperada.

— Do que você mais sente falta? - Ele perguntou novamente e eu ousei olhar para ele.

— Para minha família. - Não hesitei em responder. — Nunca passei tanto tempo sem papai me dizer o que fazer e o que não fazer, ou quando eu fingia estar dormindo para que ele não me punisse por estar no telefone tão tarde e eu ouvi-lo chegando entrou, atrasado e cansado, mas nunca deixou de ir verificar no meu quarto se estava tudo em ordem e deixar um beijo no topo da minha cabeça. - falo me lembrando de papai.

Nesse ponto, senti meus olhos coçarem, mas não queria chorar.

Chorar só tornaria tudo mais real.

Deixei de sentir o peso na anca e levantei-me sobre os cotovelos para ver o Minho engatinhar um pouco, inseguro,

Ele ficou ao meu lado, ombro a ombro e com um pequeno detalhe, como a ponta dos dedos acariciando meu queixo, ele me confortou.

— Prometo manter minha palavra para ajudá-la. - Sua voz soou forçada, com tristeza. — Não vou desistir até que o faça.

E a culpa me atingiu novamente, lembrando que estava sobre mim também.

Minho estava colocando tanto esforço em algo que nunca seria. Ele estava realmente determinado a encontrar minha família, encontrar minha casa e onde eu pertenço. Mesmo que nada disso estivesse aqui.

E mesmo assim, com os lábios trêmulos, a vontade me ajudou a disfarçar um sorriso, balançando a cabeça.

— Claro que vai, você é o grande Lee Minho. - Eu bajulei, descansando minha bochecha em seu peito para que ele não me visse.

Impedindo-o de descobrir a fraude de alguma forma.

Talvez se eu fosse embora tudo seria para melhor.

— Minho - o chamei.

— Há algo de errado? - Levantei o rosto, tendo toda a sua atenção e neguei sorrindo para ele.

— Não é nada, quando podemos ir à praia?

Se não fosse ruim, a caverna onde tinha aparecido era perto da praia, eu poderia pegar o anel de volta para ver se brilhava e ir para casa. Não teria que incomodar o Minho, ou os Wedkings, ou quem quer que seja.

— Você quer ir para a praia? - Ele piscou, fazendo-o parecer bonito fora da fachada seria forçá-lo a ter sua posição. Eu balancei a cabeça novamente e ele voltou seu olhar para o céu com um suspiro — receio que não dê por enquanto, tenho uma viagem de negócios - disse ele e não pude deixar de ficar curiosa.

— Uma viagem de negócios? - Era bobagem perguntar, mas ele concordou com a cabeça. — Que tipo de negócio?

Minho riu secamente, olhando para mim novamente com os olhos semicerrados, me inspecionando

Eu tinha sido intrometida?

— Acho que a essa altura você já sabe que tenho bons dons.

— Ah, sim.

— Tenho algumas terras em um reino não muito distante. - ligeiramente surpreendida e sem vergonha, sorri ao imaginar o Minho como protagonista de um romance como a paixão dos falcões. Não tenho dúvidas de que o chapéu ficará ótimo em você. — Pretendo colocá-los em produção, mas preciso confirmar se estão em boas condições.

— Para que você possa saber que tipo de negócio você poderia produzir e se a terra é adequada ou não para investir. - Eu entendi e o que parecia um sorriso genuíno apareceu em seu rosto.

— Você me impressiona - ele apontou. — Não há dúvida de que você é uma mulher muito sábia e avançada para esta época. - Eu sorri com a ironia. — Estou cada vez mais ansioso para conhecer aquele reino de onde você vem, eles parecem para praticar um ensinamento muito diferente para este aqui

Ah, claro, com séculos avançados é se esperar.

— Você não está perdendo muito. - Eu tentei minimizar, abraçando-o para distraí-lo do assunto.

O que funcionou corretamente porque eu o ouvi pigarrear e senti seu braço me envolver da mesma forma.

Nós dois deitados de bruços na grama do meio do campo, abraçados e olhando as nuvens no lindo céu, com o vento gostoso balançando os cabelos de Minho e o sol insistente batendo nos meus olhos. Conheço bem que é errado estar mentindo tanto para inocentes de um século ao qual nem pertencia.

E com a culpa batendo no lugar onde o coração deveria estar.