30.

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   — QUE?

Eu não entendi nada, foi tão estranho. Um sonho.

— Que você está em casa, minha amiga, é difícil para você entender? - Ele bufou, pegando o que eu assumi ser seu telefone e iluminando seu rosto com a tela. — Dois minutos depois. Vamos, me dê o anel para que você possa ir para o seu amigo e adeus.

Cobri instintivamente o anel com a mão. Ele percebeu.

— Que dia é hoje? - perguntei desconfiada. Nada me garantia que era outra hora e eu acabaria encalhada nela se desistisse do anel.

O menino suspirou e me mostrou a tela de seu celular.

Impossível. Foi no mesmo dia com apenas dois minutos antes de eu ter verificado o meu celular.

Com muito mais desconfiança, desmontei a bolsa com minhas coisas e tirei meu celular, torcendo para que a bateria não estivesse totalmente descarregada e torcendo para que a tela me mostrasse algo com que desconfiar do menino.

E ligou, mas não mentiu. Era a mesma data e o que eu assumi era a mesma hora.

— Viu? - Ele apontou obviamente. — Olha garota, eu preciso muito do anel e você faria um favor a si mesma se livrando dessa coisa, não vamos virar mais. - Ele se aproximou e por inércia eu recuei.

E se eu fugisse?

— Pare aí, eu sei o que você está pensando. - Ele me avisou. — Estou sendo bom porque você foi boa comigo, mas paciência não é uma virtude que tenho. Dê-me o anel.

O que você faria se não? Quem era esse cara realmente? Ele era realmente o dono do anel?

Como uma grande revelação, lembrei-me de suas palavras. Ele veio para cá, não foi para lá. Ele pertencia a séculos passados, não ao presente, e encontrei o anel no presente, muito antes de conhecê-lo. Se ele fosse inteligente o suficiente, se ele realmente estivesse indo para onde eu penso...

— Você não é o verdadeiro dono do anel. - Concluí. — Você não me conhecia até que eu o ajudei e você pareceu surpreso com o anel, só isso. - Lembrei.

Ele cacarejou, colocando as mãos nos quadris.

— Meu Deus, claro que sou!

Ele exclamou.

— Prove. - Eu disse a ele. — Eu nem sei quem você é ou quais são suas intenções, você pode facilmente querer o anel para machucar alguém.

— E o que isso importa para você? - Ele bufou. — Me dê o anel ou eu cuido de fazer sua vida tão miserável em pesadelo.

Bem, isso me assustou e ele pareceu notar. Ele sorriu e estendeu a mão.

Sem mais nada para fazer, tirei o anel do dedo e, agarrando-o, estendi-o a ele; ainda desconfiada.

— Você é um pé no saco, mas mesmo assim te faço um favor. - Ele estalou os dedos e depois de alguns minutos senti menos pressão em meu corpo e o frio da noite tocou minha pele. Olhei para baixo e o vestido pomposo que eu estava usando havia sido substituído pelas roupas que eu usava na última vez que minha melhor amiga me viu. — Louco, né?

Sem poder dizer nada ele arrancou o anel da minha mão e colocou no dedo, sorrindo.

— Boa menina, agora vá embora.- Ele acenou tchau com o sorriso intacto, era óbvio que ele achou a situação divertida. — Se você continuar direto por uns quinze minutos você pode encontrar sua amiga.

A situação parecia tão irreal, mesmo quando o vi ir para o outro lado e não tive escolha a não ser sair dali.

Liguei a conexão no meu telefone e várias mensagens chegaram. A hora não estava congelada e o tempo estava passando. As histórias e depoimentos nas redes sociais de meus conhecidos foram exibidos normalmente naquela noite, como se nada do que eu tivesse vivido tivesse acontecido.

𝐒𝐊𝐘. lee minhoOnde histórias criam vida. Descubra agora