08.

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   — VOCÊ NÃO SABE COMO é bom vê-la. - O príncipe sorriu estreitando os olhos.

Retribuí o sorriso amigável.

— Da mesma forma, me acalma ver um rosto conhecido. - Confessei. — Por que estamos nos escondendo?

O loirinho atravessou o que parecia ser uma biblioteca, com o humor subitamente abatido, mexendo nas estantes de livros que estavam ao seu alcance.

— Ninguém deveria conhecer meu rosto - Ela franziu os lábios em um beicinho. — E eu não posso ter amigos que não estejam dentro do castelo. Papai faria coisas ruins com eles. - Ele choramingou e eu senti pena dele.

— É por isso que você escapa. - Eu deduzi e ele assentiu.

— Você é uma moça inteligente. - Sorri com auto-suficiência. — É incrível, uma mulher bonita, inteligente, corajosa e exótica nestes tempos.

Continue falando, vamos.

— Sou? - Dei uma risadinha. — Se você diz.

— Oh! - Seus olhos de repente se iluminaram. — Já que você está aqui, podemos continuar com a conversa do nosso encontro anterior - um sorriso malicioso apareceu em seu rosto.

— Que conversa? - perguntei e o príncipe brincou com os dedos na espessura de um livro.

— Você sabe... - Ele pegou o livro em suas mãos e o abriu bem para o altura do nariz, deixando apenas os olhos à vista. — Sua história de amor.

Eu balancei a cabeça em compreensão com um sorriso, um pouco animada porque finalmente alguém além da minha melhor amiga sabia como eu me sentia.

— O que deseja saber?

— Como vocês se conheceram, como vocês se aproximaram e você sabe... bem, como vocês chegaram lá? - Eu gritei de felicidade e procurei uma cadeira o mais próximo possível. Assim que a encontrei, caminhei em sua direção e com algumas complicações sobre o vestido, sentei-me e dei um tapinha no assento para um lado.

O loiro entendeu e em segundos sentou-se.

— Eu o conheci na escola... - Assim que comecei a história, o menino me interrompeu.

— Escolas? Misto? - Sua surpresa foi real e por um momento esqueci a hora, da mesma forma acenei com segurança.

— De onde eu venho é algo normal. As mulheres podem estudar e trabalhar, temos quase os mesmos direitos que os homens e podemos decidir sobre nosso futuro, se queremos casar ou não, com quem fazer isso e o que fazer para ganhar a vida. - Sorri com orgulho. — Também temos voz nas questões do povo. - Não era mentira, nós mulheres tínhamos conseguido o voto com muito esforço.

O cara na frente estava olhando para mim maravilhado, como se eu fosse um alienígena.

— Você é incrível! - Exclamou baixinho e com profunda surpresa em seu rosto. — A maneira de viver em seu reino é tão fantástica.

Eu sorri.

— É, mas nem tudo é perfeito. Roubos e injustiças ainda existem e muitas vezes os bandidos não são punidos. - Suspirei.

— Bem, toda dama precisa de um cavalheiro para protegê-la. - Eu franzi meus lábios.

Levantei-me da cadeira e sacudi meu vestido sob o olhar atento do príncipe.

— Veja bem, esse é um pensamento um tanto ambíguo, príncipe. - Falei com todo o respeito porque sabia de sua posição hierárquica e era muito diferente falar com alguém da realeza do que com alguém tão simples quanto um guarda.

𝐒𝐊𝐘. lee minhoOnde histórias criam vida. Descubra agora