24.

98 14 2
                                    

   — QUERIDA, ESTÁ TUDO BEM? - Margareth ao lado me perguntou e eu automaticamente assenti.

Nada estava bem.

— Tem certeza? Percebo que você se foi completamente. - A preocupação em sua voz era perceptível e me fez sentir pena. — Algo está te atormentando?

Eu neguei, tentando procurar uma desculpa na minha cabeça, mas a única coisa que fiquei pensando por dois dias foi a imagem do corpo na festa.

Era mentira, também havia a presença daquele homem no jardim. Ela não precisava ser esperta para inferir que tinha algo a ver com isso. Sua insistência para que eu vá embora, sua aparência, tudo dele...

— É por causa do Minho? - Margareth perguntou novamente e eu apenas balancei a cabeça, tomando isso como uma desculpa. Sem que eu pedisse, ela me puxou para um abraço maternal, quebrando-me completamente e me deixando chorar.

Eu precisava disso, realmente.

— Querida, ele vai chegar logo, não se preocupe. - Ela deu pequenas carícias no meu cabelo, ainda com aquela vibe maternal. — Você sente tanto a falta dele? - Eu apenas balancei a cabeça, não querendo conversar.

Não me senti no direito depois de ver o pescoço daquele homem ferido na primeira página.

— Me acompanha para cozinhar...? Ou quer saber, melhor não. - Ela negou rapidamente. — Ele estará aqui em breve, não se preocupe. - Eu balancei a cabeça para não preocupá-la. — Já que o confinamento está te fazendo mal, você deveria descer para o campo para brincar com as meninas, ou para a cidade com Lisa.

Não.

Não para a cidade.

Se aquele maldito homem de preto teve alguma coisa a ver com o que aconteceu, ele provavelmente estava por aí como nada. Aquele bastardo que teve a habilidade de conversar comigo e fugir depois de um assassinato.

É claro que não pode ter sido porque eu mesmo o vi sair, mas parece muita coincidência que alguém tenha morrido justamente quando ele desapareceu, além de seus avisos.

Ele sabia que algo ia acontecer e me avisou.

Merda, não fazia sentido.

— Você não quer sair? - Margareth perguntou e eu balancei a cabeça, me levantando da cadeira e sacudindo o vestido. Minhas mãos suavam.

Eu não estava louca para ir para a cidade quando possivelmente tive contato com um maldito louco

Meu Deus, graças a Deus não disse meu nome a ele.

O que ele faria se soubesse? Ele viria atrás de mim para que eu não contasse que o vi?

Se não posso escapar deste maldito lugar, é melhor me esconder. Sim, vou fazer isso.

— Não estou me sentindo muito bem, Margareth. - Disfarcei um pouco a verdade. — Estaria mentindo se dissesse que meu estado de saúde é o melhor. Eu só quero ver o Minho.

Eu me senti culpada por vê-la com total preocupação em seu rosto. Ela estava realmente gostando de mim e eu também.

Senti as mãos macias de Margareth limparem meu rosto e quando ela olhou nos meus olhos, nem consegui segurar seu olhar por muito tempo. Eu me senti culpada, envergonhada e até com medo.

Se eu fosse embora, ela, que era uma grande mulher, ficaria aqui. Se eu deixasse ela, que desculpa devia dizer? O que ela vai pensar de mim?

Fiquei tão apegado que me machucaria pensar errado.

𝐒𝐊𝐘. lee minhoOnde histórias criam vida. Descubra agora