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   — MUDE ESSA CARA, você está bonita. - Arrumei o véu sobre o chapéu de Felix para que a careta mal-humorada não fosse vista.

— Por que não posso sair de outro jeito? - Ele reclamou — Tanta roupa... e eu tive que acabar de vestido!

— Quieta, moça bonita - eu zombei, me afastando e olhando para Felix.

Talvez não pudéssemos escapar por cima do muro, talvez não pudéssemos sair assim e correr o risco de algum guarda nos ver e o rei colocar minha cabeça a prêmio.

Mas ninguém pensaria em me ver andar livremente pelo reino com uma amiga bonita, certo?

— Eu continuo dizendo que é uma má ideia. - Felix levantou o véu e olhou para mim esperando deixá-lo fora disso.

— O espartilho realmente faz mágica. - Impressionada, ignorei-o ao ver a silhueta que tal aparelho de tortura chamado; roupa feminina, formava em seu corpo.

— Fala sério! - Ele gritou, cruzando os braços com raiva. — Pare, olhe para mim, eu me sinto envergonhado.

— Ah, qual é - Eu me dei ao trabalho de descruzar seus braços. — O que de pior pode acontecer? Que seu irmão te veja de longe e se apaixona por você? - Eu zombei e me dei o direito de rir ao ver a expressão preocupada em seu rosto. — Ei, não, não. Existem milhares de mulheres bonitas no reino. Você honestamente acha que ele olharia para você?

Sua preocupação se perdeu de seu rosto quando uma feição ofendida se pintou nele e comecei a rir muito quando ele ajustou sua postura e se endireitou de forma exagerada.

— E quem disse isso? Minha beleza é tanta que aposto que recebo mais olhares que você, safada. - Seu olhar de soslaio ao passar me fez sorrir.

— Quer apostar? - Fiz questão de chegar ao lado dele enganchando meu braço. Felix assentiu: — O que você quer, garotinho?

— Ouvi alguns guardas dizerem que há tintas novas no centro da praça. Leve-me lá. - Ele pediu e eu concordei, de qualquer forma se ele me pedisse eu levaria.

— Ok, mocinha. - Baixei o véu e ajeitei meu chapéu, sorrindo. — Vamos?

— Vamos.

Levava um grande sombreiro que cobria meu rostro e Felix tinha um por baixo, assemelhando-se a uma véu exagerado, que segundo o que eu credenciei a ser usado desta forma neste momento, ainda mais parecia que Felix era uma noiva e eu me dirigia ao altar para entregá-lo.

Saímos do jardim e cumprimentamos todos que nos observavam enquanto saíamos do terreno do castelo com gestos delicados, principalmente Felix, que estava determinado a deixar claro que sua divindade não tinha nada a ver com ele estar vestido de homem ou de mulher. Honestamente, ele é bonito de qualquer maneira.

— Devo levá-los a algum lugar, senhoras? - Um homem amigável sorriu, saindo o chapéu e sinalizando sua bóia para a frente. Os cavalos relincharam. Vários carros alegóricos foram parados fora do terreno do castelo, acho que é como o Uber do século passado.

— Você pode nos levar para a praça? - Eu perguntei depois que Felix acenou com a cabeça para o senhor, o cavalheiro sorriu e abriu a porta para ambos.

Estendi a mão para nos ajudar a subir e deixei Felix subir primeiro, apoiando-me na mão do criado para entrar na carruagem e abrir espaço amassando o pomposo vestido. Quando o vi acomodado, copiei sua ação agradecendo ao homem quando ele fechou a porta.

Fechei a janelinha do carro alegórico e me virei para Felix.

— Você tem com o que pagar, certo? - Felix assentiu, levantando o véu.

𝐒𝐊𝐘. lee minhoOnde histórias criam vida. Descubra agora