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   EU TINHA DORMIDO MELHOR do que gostaria de aceitar.

A luz entrava pela janela e ele podia ver que ainda garoava um pouco, embora tão leve que logo pararia de chover e o sol estaria forte.

Eu estava presa entre o braço de Minho e a cama. Aparentemente, ele manteve sua promessa de não me deixar ir.

Ele parecia tão sereno e plácido em seu sono que senti pena de acordá-lo.

No entanto, em algum momento eu faria e em algum momento teria que enfrentar o Minho e sei que ele terá dúvidas.

Devo dizer-lhe a verdade?

Minho não foi uma figura importante na história do país, foi apenas um simples cavaleiro que morreu em batalha.

Minho morreu durante a guerra dos dez dias.

Minho morrerá quando a guerra estourar.

— Merda.

Só de lembrar isso faz minha pele arrepiar e meu coração se partir. Minho, que sempre se gabou de ser um grande cavalheiro e de ser feliz cuidando de Felix, vai morrer por uma guerra em que sua participação nem foi importante, não chega para ser um personagem da história.

O Minho, que era um idiota mimado e não cansou de me procurar neste século só porque não conseguiu passar pelo outro, só vai viver mais alguns anos.

— Madison? - Olhei para o lado, Minho abriu os olhos enquanto franzia o cenho com certo aborrecimento, talvez por causa da luz, talvez por ter passado mal.

Eu me virei para encará-lo e esperei que ele acordasse completamente. Ele assoou um pouco o nariz e não havia dúvida de que havia pegado um resfriado, do qual ele deveria cuidar considerando o século.

— Bom Dia. - Atrevi-me a afastar-lhe o cabelo do rosto dele e um sorriso escapou de mim quando o vi parar qualquer movimento e seguir minha mão com os olhos. — Como você acordou? Te dói algo? - Apoiei as costas da mão em sua bochecha e pescoço, procurando algum sinal de doença.

— É real. - Eu mordi meus lábios. Não queria rir na cara dele. Achei que fosse um sonho ou que ele tivesse adoecido em algum lugar do reino.

Eu ri com ele, que então tossiu, virando o rosto.

— Vou fazer uma sopa para você. - Determinada, me esforcei para levantar mas ele não tirou o braço. — Minho?

— Eu não quero sopa, quero que você fique aqui. - Disse, se aproximando de mim.

— Você está doente, você tem que fazer algo sobre isso. - Tentei convencê-lo a me deixar ir e novamente ele negou. — Mesmo se eu morrer, não me importo. - Eu queria gritar. Se ele voltar a mencionar a morte, serei eu que irei partir. — Mady, o mundo continuará girando mesmo que eu não esteja aqui. - Isso, infelizmente, foi um fato do qual eu estava ciente. E eu prefiro passar o tempo que eu fico onde quero, como quero e com quem quero.

E naquele momento o mundo parou para mim.

Limpei a garganta, olhando para o teto, tentando ao máximo ignorar o olhar que Minho tinha sobre mim. Como se eu fosse preguiçosa, acariciei seus cabelos. Minho me amava e eu não era capaz de lhe dizer a verdade.

Minho disse que me amava, mas, ele continuaria assim se descobrisse tudo?

Ele provavelmente me chamaria de lunática.

— Minho. - Seu nome escapou dos meus lábios e só então percebi que tinha toda a sua atenção em mim: — Por que você me ama?

Por que ele estava fazendo isso? Por que ele iria me querer, apesar das lacunas na história?

𝐒𝐊𝐘. lee minhoOnde histórias criam vida. Descubra agora