Capítulo I - Deve sempre haver um Stark em Winterfell

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Era hora do rouxinol quando a comitiva Stark cruzou os portões de Porto Real.

O céu estava tingido por num tom de lilás pálido, que aos poucos se misturava com os primeiros raios de sol, formando assim um lindo amanhecer em tons de rosa e laranja. A cidade tinha um clima agradável, acalorado, mas, ao mesmo tempo, fresco pela brisa do Baia da Água Negra. O cheiro típico da cidade era ignorado pelos sentidos de Sansa que segurava um pequeno lenço sob seu nariz.

Enquanto cavalgava pelas ruas da cidade a Stark revivia parte de suas lembranças de quando residia ali. O tumulto que quase arrancou sua virtude, a execução de seu pai diante do Grande Septo de Baelor. Muito havia mudado desde então, o templo em honra dos Sete fora reduzido a escombros e as ruas da cidade pareciam razoavelmente calmas. Os bordéis da Rua da Seda rapidamente se esvaziando, prostitutas de corpos descobertos se prostravam sob a soleira de janelas e sacadas dando adeus aos seus clientes. Os primeiros comerciantes montavam suas barracas sob a rua, enquanto os mendigos e crianças se levantavam prontos para seus ofícios.

E ao topo da Colina de Aegon se projetava majestosamente, a Fortaleza Vermelha.

Sansa repentinamente engoliu em seco, os Starks não se dão bem no Sul... Seu avô, seu tio, seu pai... Todos haviam perecido dentro das muralhas daquela cidade, e Sansa tinha uma estranha certeza de que se não tivesse fugido com Mindinho teria encarado o mesmo destino.

Os Lannister haviam sido expurgados para o outro lado do mar, ainda assim, o Trono de Ferro pertencia a uma Rainha não confiável, de natureza implacável e imprevisível.... Com duas feras a sua disposição.

- Arya e Sansa Stark de Winterfell, irmãs do Príncipe Consorte. - Repetiu Arya impacientemente diante do castelão. A pequena comitiva se estendia atrás dela, aguardando a abertura dos portões.

- O conselho não informou sua chegada, sinto muito Lady Stark. - Disse o imaculado em resposta, seus olhos os fitavam com desconfiança. O castelo estava fechado para visitantes e legalistas, a Rainha havia adiado os juramentos de lealdade para a sua cerimonia de coroação, que ainda viria a acontecer. Não é surpresa, eu também não gostaria de receber meus vassalos descaradamente grávida de um filho concebido antes do casamento... Pensou Sansa com certa amargura.

- Pergunte a Tyrion Lannister, a Mão da Rainha. - Disse Sansa cavalgando em direção ao portão. - Tenho certeza que ele ficará perturbado se souber que não foi acordado para nos receber. - Disse num tom altivo que geralmente usava quando queria se impor. Quando o cavaleiro bateu em retirada rumo a Fortaleza Vermelha, Arya revirou os olhos. - Com sorte quando abrirem os portões nossas banheiras já estarão cheias em nossos aposentos.

- Cheias e frias... - Murmurou Arya ainda mal humorada. - Não é como se fossemos estranhas, Jon é marido dela. - Disse a Stark num tom mais alto, queria que suas palavras alcançassem os ouvidos dos homens que as haviam acompanhado. Quando o meio homem colocou seus olhos sob Sansa, ela conseguiu sentir seu coração pular no peito. Ele estava barbeado, parecia anos mais novo, como quando se casaram, seus cabelos dourados reluziam sob a luz da manhã, e seus olhos multicoloridos a encaravam com naturalidade, esvaídos de qualquer resquício de surpresa ou espanto, as longas escadarias da Fortaleza pareciam ter sido suficientes para que ele digerisse a notícia.

- Lady Stark. - Disse Tyrion sorrindo serenamente na direção da ruiva que retribuiu curvando a cabeça levemente em sinal de respeito. Sansa tinha sentimentos bons em relação ao Lannister, gratidão sobretudo diante da atenção que ele lhe dera quando eram casados. Cada desjejum sob a luz do sol, cada passeio pelos jardins, cada risada ou gracejo... Tudo aquilo havia contribuído para deixar Porto Real menos sufocante, menos intolerável. - Sinto muito por isso. - Disse antes de ordenar para abrirem os portões.

thought we built a dynasty (forever couldn't break up)Onde histórias criam vida. Descubra agora