Capítulo IV - A queda

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308 d.C

As manhãs de outono traziam consigo um raro e inesperado frescor, uma brisa salgada que atravessava as cortinas, e soprava agradavelmente contra o rosto de Jon.

Era bom se recordar dos dias quentes no Norte, e como poderiam ser considerados amenos em Porto Real.

Era bom sentir o corpo nu de Daenerys contra o seu, em busca de calor e proteção. Sob suas finas vestes, ele conseguia sentir a curva da barriga de sua esposa, já inchada com o peso de mais um filho.

No último ano, a reconciliação de ambos não havia demorado a dar frutos. Quase dez luas depois, os Deuses julgaram justo lhes presentear com mais um menino. Robusto e de aparência saudável, Maekar era a alegria de Daenerys.

Seus cabelos eram prateados como os de seu irmão mais velho, mas seus olhos tinham um tom de lilás pálido. Seus traços eram mais brutos se comparado a Jaehaerys, superando-o em força e sagacidade. "O pequeno príncipe nasceu pronto", era o que todas as amas costumavam dizer.

Filhos, herdeiros, príncipes... Jon sequer havia cogitado a possibilidade de gerá-los. Por vezes se questionava: O que Ned Stark lhe diria se estivesse vivo? O que Robb, Theon ou Rickon diriam?

Em um mundo justo Jon os visitaria em Winterfell, testemunharia os filhos de seus irmãos brincando com os seus, construindo fortes na neve e correndo em volta de represeiros. Num mundo justo Jon teria tido uma mãe e Rhaegar Targaryen não teria caído sob o Tridente, sem sequer ter tido a chance de colocar os olhos em seu filho. Teria ele o desejado tanto quanto Jon desejava os seus?

Ser pai era uma alegria, ver uma parte de si, mais jovem e mais capaz, crescer e evoluir era algo gratificante, fazia cada Reunião do Pequeno Conselho, cada dia ruim naquela cidade abafada e fétida valer a pena. Enquanto fosse possível Jon e Daenerys trabalhariam para construir um reino próspero e seguro para seus meninos, mas um dia eles assumiriam... Jaehaerys em Pedra do Dragão, Maekar em Winterfell, o pequenino que habitava o interior de sua mãe a Baía de Dragões.

Em algum tempo, seria necessário deixá-los ir. Ascender aos céus, como é da natureza dos Dragões...

– No que está pensando meu príncipe? – Murmurou Daenerys antes de beijá-lo no queixo. Seus olhos ainda estavam pesadamente fechados, e suas mãos pequenas o envolviam com familiaridade. – Sinto sua tensão...

Nomes. – Respondeu subitamente trazendo-a para mais perto de si, seus cabelos ainda exalavam o doce aroma de jasmim da noite anterior. Mentir lhe pareceu ser uma boa ideia, melhor do que preocupá-la com seus pensamentos. – Rhaella para menina, mas e se for um menino?

– Bem, as opções são muitas, pensei em Daeron, talvez Daemon... – Disse a Targaryen calmamente, seus olhos violetas agora o fitavam com carinho e expectativa. – O que acha?

– São bons nomes. – Concedeu gentilmente antes de continuar. – Durante esses últimos dias me vi pensando em Aemon. Sei que não é o nome de um Rei, mas durante algum tempo foi o nome do único Targaryen que conheci, o único que achei que conheceria. – Disse Jon voltando mais uma vez ao passado. Dany se ergueu rapidamente o analisando com curiosidade. – Meistre Aemon Targaryen, irmão de Aegon V, ele serviu na Muralha.

Claro! Como poderia esquecer... Como ele era? Suponho que muito, muito velho... – Questionou-lhe verdadeiramente interessada.

– Ah sim... Sam me disse que alguns Meistres acreditavam que ele era o homem mais velho do reino. Me lembro de vê-lo se levantar em meio ao salão... Todos se calavam para ouvi-lo, era sábio e capaz. – Disse seguro de suas palavras, a mais alta estima lhe era devida não apenas como irmão de patrulha, mas também como familiar. – Certa vez, quando pensei em desertar ele me disse que todos os homens, uma hora ou outra são tentados... Ele se sentiu desolado por não poder fazer nada durante a Rebelião de Robert, a destruição de sua família, a morte de Aegon e Rhaenys... – A voz de Jon falhou por um instante.

thought we built a dynasty (forever couldn't break up)Onde histórias criam vida. Descubra agora