Capítulo II - O príncipe prateado

353 19 0
                                    

A vida em Porto Real era diferente de tudo que Talla Tarly havia imaginado.

Quando sua mãe mancou aos prantos até o seu quarto para lhe contar do acordo firmado com a Rainha Dragão, a jovem Tarly sentiu como se o chão fosse despencar ao seu redor. Vendida aos assassinos do meu sangue, pensou enquanto conjurava as imagens de seu pai e de seu irmão, sempre apoiando-se um no outro, sorrindo após a conquista de mais uma caça. Tudo o que poderiam ter feito de suas vidas foi transformado em cinzas...

Seu pai era um homem bruto, endurecido pela vida, pela guerra. Ele não era um monstro, não como o pai da Rainha Dragão, não como o pai do duende...

Duende, meio-homem, assassino de parentes...

Depois da longa viagem até a capital, foi ele que a recebeu. Um homem de estatura baixa, de fato. Lorde Tyrion Lannister não era o homem mais bonito de todos os Sete Reinos, mas com certeza, estava longe de ser o menos gentil. Ele se vestia com pompa e era agradavelmente cheiroso, suas maneiras eram correspondentes a sua posição... Seu humor talvez fosse um pouco ácido demais para o gosto de Talla, mas, ainda assim, ele não parecia ser um homem cruel ou mesquinho... E o que mais a intrigava: Tyrion não parecia uma pessoa que assassinaria o próprio pai.

Um leão é um leão, e um cordeiro é um cordeiro... Mais cedo ou mais tarde a verdadeira natureza pede para sair. Ao menos foi isso Lady Melessa lhe disse quando Talla verbalizou suas preocupações. Não importava o que fizesse, a jovem não possuía muitas opções afinal, tudo que a restava era sua percepção, já que a certa altura nem mesmo seu nome, ou seu corpo seriam de realmente seus.

Enquanto durou o cortejo, Talla tentou seu melhor para conhecer o noivo, para agradá-lo... Quando ambos foram cobertos por juramentos, e ela se viu envolta em um manto carmesim, deitada sob a cama daquele homem cortês e estranhamente inteligente, Talla começou se sentir menos como um cordeiro.

Com o passar das semanas, a partida de sua mãe parou de doer em seu peito, em vez de sofrer por sua ausência, Talla desfrutava de manhãs doces ao lado do pequeno Sam, tardes frescas com os nobres das Terras Ocidentais, e noites acaloradas sob a cama de seu lorde e marido.

Tyrion era uma Mão capaz, um Lorde justo, um marido gentil, e um amante atencioso... Quando Talla descobriu que estava grávida, ela se perguntou que tipo de pai o Lorde de Rochedo Casterly seria. A resposta foi, preocupado. Seus olhos, verde e castanho, a fitavam de cima a baixo antes de analisar sua barriga inchada, mas, ainda assim, tímida. Ele a estava medindo, Talla não precisava perguntar para saber. A cada quinzena o Grande Mesitre Valarr vinha até a Torre da Mão para vê-la, sua voz tranquilizadora não vacilava ao responder cada uma das perguntas de seu ansioso lorde e marido. Talla as escutava pacientemente, era doce pensar que ele se importava com ela, ambos se davam muito bem, para além de partilharem uma cama.

– É possível saber se nascerá um anão? – Questionou o Lannister casualmente. Talla se segurou para não deixar transparecer em seu rosto o que pensava. – Li em dos livros de Meistre...

– Meistre Carson? – Antecipou-se Valarr interrompendo-o. Tyrion assentiu. – Aquele homem deveria ter perdido suas correntes a muito tempo!

– Não há como saber então? – Indagou-lhe mais uma vez.

– Infelizmente não, bebês anões ou não costumam nascer do mesmo tamanho meu Lorde. – Respondeu o Mesitre em seu tom de sempre, paciente e atencioso. – Mas há uma chance, assim que colocar as mãos nele saberei.

– Gostaria de ser informado. – Disse Tyrion rapidamente antes de escoltar o Meistre para fora. Talla se endireitou em sua cadeira antes de voltar ao marido.

thought we built a dynasty (forever couldn't break up)Onde histórias criam vida. Descubra agora