Capítulo 36 ✈️

1.1K 101 16
                                    

Point of view Bianca

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Point of view Bianca

Manu foi para casa comigo naquela noite.

Nos enrolamos embaixo de um cobertor na minha cama e assistimos a Moulin Rouge. Mais uma vez, no meu notebook. Que trágico – encontrar o amor e vê-lo escapar por entre os dedos diante dos seus olhos. Sempre me perguntei o que Ewan McGregor teria feito se soubesse desde o instante em que conheceu o amor de sua vida que a história não ia durar mais que cento e trinta minutos. Será que ele pegaria a mão dela e pularia? Será que ele se agarraria ao tempo que lhe restava, ainda que fosse pouco? Será que ele se deitaria ao lado dela sabendo que aquele espaço nunca mais seria preenchido depois que ela se fosse?

Manu nem pensou antes de responder.

– Com certeza – sussurrou. – Quando você encontra um amor como esse, o tempo não importa. Aconteça o que acontecer, Bia, ele a amaria mesmo se eles tivessem pouco tempo.

Então, nós duas nos acabamos de chorar. Manu porque ela nunca conseguia se segurar quando começava “Come What May”, e eu… bom, principalmente porque aproveitei a desculpa.

Então, chorei. Deixei que as lágrimas caíssem em cima do celular que eu estava segurando. À espera de uma ligação, uma mensagem, um sinal que eu sabia que não merecia. Mas é isso o que covardes como eu fazem. Dão para trás, se escondem embaixo do cobertor e choram ao som de “El Tango de Roxanne”.

Argh. Eu não estava gostando nem um pouco de mim mesma.

Mas, aconteça o que acontecer, eu teria que conviver comigo mesma pelo resto da vida. E encontrar consolo nos poucos e bons momentos que tive com Rafaella. Tive. Passado. Porque quando ela me pediu para correr na direção dela, eu não tinha conseguido e me afastei. Quando ela me pediu que eu confiasse nela – em nós –, eu não tinha sido capaz, embora eu achasse que seria.

Eu havia afastado Rafaella. Eu era a única responsável por isso.

Merda. Eu queria ela comigo. Queria que remendássemos os cacos daquela bagunça juntos. Queria que ela me dissesse que acreditava que ainda tínhamos jeito. Que, colados os pedaços, ficaríamos novinhas em folha.

Mas pensar assim era muito egoísta e ingênuo da minha parte. E burro. Às vezes, por mais que desejemos uma coisa, não estamos destinados a tê-la, a ficar com ela. Não quando isso vai complicar todo o resto. E aquela coisa – amor, porque era isso o que era – entre nós fazia exatamente isso. Complicava nossa vida, o futuro das duas carreiras.

Estávamos tropeçando uma na outra, fazendo a outra cair, exatamente como Fernanda me disse anos antes. Acabaríamos nos ressentindo uma da outra.

Porque é isso que o veneno que sai de bocas maliciosas faz. Corrompe tudo. E eu sabia muito bem o quanto.

Então, depois do chororô causado por Moulin Rouge, o dia seguinte foi obviamente uma merda. Talvez tenha sido um dos mais tristes da minha vida, e olha que eu já tinha passado por alguns. Passei o dia me arrastando e sabe-se lá como dera um jeito de sobreviver ao Open Day, de oito à meia noite, com um bando de engravatados sem rosto. Nomes e feições me escapavam completamente, e apresentei todos os tópicos como se cada palavra estivesse sendo arrancada de mim. Se Jeff estivesse lá para testemunhar aquela tentativa fracassada de ser acolhedora, simpática e acessível, ele teria me demitido na mesma hora.

Together In This?  - Rabia Version Onde histórias criam vida. Descubra agora