Boys Night

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A nova residência do colega de equipe era um apartamento de três quartos, dentro de um condomínio de luxo localizado na Electric Boulevard, o epicentro da burguesia londrina. O local tinha sido um presente de seus pais, em comemoração a ele ter sido escalado como titular do time de futebol da universidade em que estudava. A realidade financeira de Son era bem diferente da dos seus amigos e vendo todo aquele luxuoso prédio só conseguia pensar que, mesmo se quisesse, nunca conseguiria nem metade do dinheiro do aluguel de um desses apartamentos.

Foram cumprimentados por Oliver que subia com um engradado de cerveja da mais cara para o local e se juntaram a ele. Ao abrir a porta a surpresa do coreano não diminuía nem um pouco e ele mantinha as mãos ao bolso do casaco com receio de tocar em qualquer coisa da casa que parecia ter saído direto de um cenário de drama coreano assistido por ele quando criança, tudo aquilo era surreal.

Já tinha visto casas grandes, mansões enormes e condomínios luxuosos durante sua estadia em Londres, mas nunca tinha visto um lugar como aquele ser residida por um moleque tão jovem e inconsequente, e pior, ter sido conseguida sem esforço algum mas sim fruto de uma herança passada pela sua família por gerações. Naquele momento todo o mito da meritocracia que ele tanto se esforçava para acreditar caia por terra pela milésima vez desde que começou a conviver mais de perto com seus colegas ricos.

— Gostou da casa, Sonny? — Ele sorriu sem jeito ao perceber que o seu espanto havia sido notado pelo seu colega, dono da casa.

— Ah, sim. É bem bonita. Parabéns, Eric. — Ele sorriu fechado apertando a sua mão.

Kane pareceu notar o desconforto dele, ele já tinha notado o rapaz assim antes, quando tinha sido convidado para visitar a sua própria casa, que com certeza não ficava atrás em questão de luxo do apartamento.

— Ele tá com essa cara de bobo porque tá apaixonado! — O inglês colocou o seu braço ao redor do seu pescoço o trazendo mais para perto de si.

— Ah é? Quem? A Juliet? — Ele falou baixo a última parte levando o coreano a arregalar os olhos, se sentia culpado, mas não voltou a trocar mensagens com a garota desde aquela noite.

— Não! não! — Ele negou com a cabeça soltando um risinho.

— É uma brasileira. A garota de Ipanema misteriosa. — Kane sorria bagunçando o cabelo dele como um irmão mais velho orgulhoso antes de soltar-lo.

— Ih, não é uma boa idéia se meter com brasileiras. São putas, nunca querem compromisso e você não me parece alguém que goste disso, coreano. — Forster conseguia ser o pior em cada um dos seus aspectos, misoginia e xenofobia andavam lado a lado com o inglês que não fazia nem questão de esconder o seus preconceitos.

— Ou talvez só não queiram compromisso com você. — Son não podia perder a oportunidade de cutucar o goleiro reserva, fazendo Kane soltar um risinho com a expressão irritada de Forster.

Assim que Kane e Eric se distrairam com o jogo que passava na televisão de tela plana e se afastaram, Forster aproveitou o momento para retribuir a grosseria do coreano.

— Tá virando homem ou a garota de Ipanema na verdade tem pinto? Hum? — Ele falou baixo ao seu ouvido fazendo Son respirar fundo antes de sair sem lhe dar nenhuma resposta.

Já estava acostumado com as provocações do inglês, mas não era uma ameaça de fato, era mais como um cão que ladra sem morder.

Waiting For The Sunrise (2son)Onde histórias criam vida. Descubra agora