Waiting For The Sunrise (2son)

Inseguranças

Os dias se passavam sem pressa, permitindo que Son se sentisse cada vez mais imerso na cultura brasileira. Apesar da barreira do idioma, a família de Richarlison era extremamente acolhedora, fazendo esforços para se comunicar com Son, traduzindo palavras soltas para o inglês ou recorrendo à ajuda de Richarlison para a tradução.

O seu calção estava completamente encharcado, ele se sentiu numa cadeira de plástico bem sob o sol, aproveitando do calor irradiando sobre a sua pele lhe trazendo uma sensação confortável.

As crianças da família corriam para lá e para cá numa brincadeira divertida, Son apenas acompanhava com um sorriso ainda sobre o guarda-sol de praia.

O dia não estava particularmente quente, talvez apenas morno para os brasileiros que já estavam acostumados com o clima tropical, mas Son resmungava do calor vez ou outra, então Richarlison deu a ideia despretensiosa de irem aproveitar um dia de piscina em família.

A casa era dos tios dele, e vez ou outra, ele aproveitava dias ensolarados para fazer algumas visitas despretensiosas. Sendo muito bem recebido todas as vezes.

Mais uma criança passou correndo dando um pulo na piscina e o molhando novamente, mas o brasileiro não se incomodou, ele sorria vendo a cena de seus sobrinhos e primos se divertindo juntos.

Son se aproximou de Richarlison, vestindo uma bermuda de linho clara, combinada com uma camisa social branca que ele mantinha desabotoada, exibindo seu peitoral. Usava chinelos, óculos escuros e um relógio, emanando um ar de elegância. Ao descer um pouco seus óculos do tipo aviador, revelava o risquinho em sua sobrancelha para o brasileiro.

- Você tá um pouco mais brasileiro com isso. - Richarlison disse com um sorriso no rosto. - Só falta colocar uma camisa de time e uma bermuda de banho.

- Muito formal?

- Tá um pitel. - Son sorriu ao ser chamado por aquele apelido de novo. - Não vai tomar banho de piscina?

- Vou sim, mais tarde.

Apesar de ser muito bem recebido, Son ainda parecia tímido na presença da família de Richarlison. Talvez fosse os constantes olhares sobre ele que o mantinham desconfortável, era quase como se estivesse em exibição, a cada minuto alguém chegava para cumprimentar-lo como se fosse a atração principal.

Son fazia o possível para ser simpático e amigável, mas a barreira do idioma deixava-o um pouco inseguro. Ele sorria e acenava, tentando acompanhar as conversas, mesmo sem entender completamente o que estava sendo dito.

O nome de Richarlison foi ouvido, o seu tio lhe chamava para ele assumir a churrasqueira naquele dia.

Son observava a cena com curiosidade, percebendo que o churrasco era um momento especial e importante para a família brasileira. Ele se aproximou de Richarlison, carente de atenção do namorado e procurando qualquer brecha para ficar junto a ele.

- Posso te ajudar?

- Quer fazer o vinagrete? - Era um prato desconhecido por Son e foi visível a confusão em seu rosto.

- Eu não sei fazer isso.

- Você quer fazer o que? O pão de alho? - Son soltou um estalo de boca frustrado em não poder ajudar.

A verdade era que Son era um péssimo cozinheiro, em tudo que se propunha a fazer. Conseguia errar cortes simples de salada, o seu tempero ora era demasiado, ora inexistente, sem meio termo e até mesmo conseguia errar na montagem de pratos.

- Vai, eu te ensino.

Richarlison podia ver que Son apenas queria alguns minutos de proximidade com ele. Então, se propôs a deixar que ele o ajudasse, mesmo que aquela ajuda fosse lhe dar mais trabalho.