Undersigned

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Quase como se fosse oficialmente um encontro romântico, o brasileiro fazia o seu caminho de volta ao seu dormitório com um sorriso convencido no rosto, mal podia esperar para ter mais tempo a sós com Son, mesmo que não passasse de alguns beijos e carícias, ele estava feliz em ter a companhia do outro.

A sua mente nem cogitava passar mais por aquela turbulência e agitação de antes, como se toda vez que visse Son ficasse imune a qualquer pensamento negativo por um período de tempo. Era arrebatado pela euforia do romance juvenil.

Foi surpreendido com uma mão ao seu ombro, ao se virar, notou Perisic, o croata de camisa 14 do time de futebol de Tottenham, ele estava acompanhado do goleiro reserva que mantinha as mãos no casaco e uma expressão confiante no rosto.

— Ei, brasileiro. — Foi o inglês quem falou primeiro, ele tinha um tom de voz amistoso, com um sorriso de canto no rosto. — Pode assinar isso aqui para a gente?

— O que é isso?

— Um abaixo assinado. — Perisic pegou uma folha amassada do seu bolso. Não tinha um título e nem algum motivo especificado no papel, era claramente um trabalho amador mas contava com mais de 15 assinaturas, sendo a maioria de colegas do time.

— Pra quê?

— Expulsar Heung-min, por má conduta. — O brasileiro estava pensativo sobre o que Son poderia ter feito de tão grave para tantos colegas de equipe exigirem a sua expulsão. — Não sabe da nova? — O outro negou com a cabeça. — O nosso querido Sonny, adora espiar homens no vestiário. — Até o apelido saído de sua boca soava ácido aos ouvidos do brasileiro.

— Que? — Ele mantinha uma expressão confusa, nunca tinha presenciado nenhum momento onde Son fosse invasivo com os colegas, especialmente no vestiário. — Do que que você tá falando, hein?

— Son é gay! — Richarlison parecia ainda mais incomodado com as acusações dos dois, se estavam fazendo isso com Son, que era um titular e um dos amigos do Kane, não podia imaginar o que diriam sobre ele. — Tenho certeza só entrou no time pra ficar olhando homem.

— Ah, eu não sabia. — Ele era um péssimo mentiroso, mas torcia para que Forster e Perisic fossem burros o suficiente para não perceber.

— Por isso que ele é tão grudento. Agora que eu sei disso me incomoda mais ainda, aquele tarado. — Perisic parecia ser o menos incomodado com a fala do inglês, apesar de concordar.

— Fica de olho, brasileiro! — O croata falou em tom de deboche, Richarlison apenas concordou com a cabeça antes de se virar e voltar ao seu caminho, mas antes sendo impedido pelo goleiro novamente que o entregava a folha.

— Esqueceu de assinar, Richie. — Ele estava especialmente amigável, com um sorriso convencido de canto. Sorriu sem graça, sentia como se estivesse prestes a vomitar, mas ainda assim pegou o papel e assinou o seu nome de maneira desordenada.

Caminhava de volta ao seu dormitório, mal sentindo os próprios pés, um misto de revolta e medo se apossava dele. Todas aquelas borboletas no estômago que sentia com próximo encontro romântico tinham sido mortas e esmagadas por Forster que tinha conseguido fazer a sua mente um completo caos.

Se sentia como um covarde, não tinha tido coragem de enfrentar o inglês ali mesmo, queria gritar com ele por ter inventado aquelas mentiras nojentas trajadas de preconceito e ignorância sobre o Son.

A vergonha o consumia, sentia-se minúsculo. Aquele sentimento era incomum para si, não que já não tivessem tentado diminuir-lo antes. Mas ele costumava lidar bem com aquilo, retrucar a altura e fazer com que as humilhações se voltasse contra o outro.

Waiting For The Sunrise (2son)Onde histórias criam vida. Descubra agora