CAPÍTULO 32 - ALICE.

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Noah era um bebê lindo demais, a cara da Donatella diga-se de passagem. Dois dias depois e eu ainda não havia encontrado mais com Antônio, tinha um resquício de esperança de vê-lo hoje no batizado do bebê. Enquanto Donatella se arrumava, eu caminhava descalça pela areia da praia com o bebê roliço nos braços, o fim de tarde trazia um clima agradável e o batizado do pequeno Noah estava marcado pra as sete da noite. Noah balançava os pezinhos rindo toda vez que o barulho da onde estourando na beira da praia enchia seus ouvidos. Eu queria ser mãe, mesmo sabendo que aos trinta e cinco as coisas se tornariam um pouco mais complicadas, mas era algo que eu queria, que me faria sentir completa.

- Você também vai ser campeão não vai querido? É, vai ser o meu campeão. - brinquei com ele.
- Pensei que eu fosse o seu único campeão. - a voz atrás de mim me fez dar um pulinho. - Olá bebê gordo. - cumprimentou Noah que deu um gritinho em meio a risadas ao ver o tio parado a sua frente. Eu te entendia Noah, eu também era rendida por esse cara.
- Troquei de campeão, confio nesse aqui para me encher de títulos. - brinquei cheirando a careca do bebê.
- Você está linda. - elogiou e eu apenas sorri.

Duas coisas que eu havia concluído nas últimas quarenta e oito horas:
Número um: eu amava Antônio Carlos com todas as células do meu corpo e não tem um dia sequer na minha vida que eu não queira ele presente.
Número dois: eu não ia dar tudo de mão beijada, como dizia a pensadora contemporânea Anitta: "deixa ele chorar, deixa ele chorar, deixa ele sofrer."
Ficamos em completo silêncio analisando as ondas quebrando na areia, Donatella veio até nós pedindo o bebê e em um aviso silencioso para Antônio ela o encarou e saiu andando, ri da atitude de adolescente birrenta que ela havia tido e balancei a cabeça. A brisa do início da noite bateu e então me encolhi abraçando meu próprio corpo, senti quando Antônio se colocou atrás de mim e abraçou meus ombros com um dos braços, olhei de canto de olho vendo a mão livre enfiada no bolso da bermuda branca, as veias saltadas do braço chamaram minha atenção quando vi o espasmo leve - bem mais leve do que anos atrás.
Fechei os olhos jogando a cabeça pra trás encostando em seu peitoral, Antônio por sua vez beijou minha cabeça e cheirou meu cabelo, nada precisava ser dito, principalmente quando escorreguei os dedos por sua mão e senti a falta da aliança dourada que ainda estava ali dois dias atrás.

- Eu não vim pra cá pra ter você de volta. - sussurrei.
- Nem eu linda. - respondeu.
- Não ache que quero você de volta.
- Não estou achando.
- Então cadê a sua aliança?
- Guardada. - respondeu. - Junto das da Fernanda. Ela foi para a casa da irmã em Nova York dois dias atrás. - explicou.
- Por que?
- Por que qualquer um que viesse a maneira como te olhei Alice, saberia que não há uma parte do meu corpo ou da minha mente que não pertença a você.
- Tudo bem. - respondi fechando os olhos novamente. - Mas ainda sim eu não vim para ter você de volta.
- Tudo bem. - respondeu. O tom de voz divertido me quebrou. Antônio colou ainda mais o corpo no meu, respirei fundo sentindo seu perfume, acariciei seu braço e apertei as unhas em seu pulso. - Você continua linda. - sussurrou agora com a boca no meu ouvido, sorri com a cantada fajuta e não fiz questão de responder.

Uma coisa era fato naquele momento, Antônio e eu não éramos nem de longe os mesmos de dois anos atrás que se despediram em Campo Grande. Naquele momento éramos algo além do que se podia ver.

- Vem Alice. - disse quebrando o contato, a mão grande segurou a minha com firmeza e me puxou na direção das pedras que tinham num canto afastado da praia. Me contorci para olhar o relógio em seu pulso vendo que marcava seis e quinze.
- Antônio a gente tem compromisso. - falei enquanto era arrastada praia a fora.
- Eu sei e a gente vai. - riu. Caminhamos juntos de mãos dadas mais alguns metros, paramos em frente a uma casa de madeira que até então parecia abandonada até Antônio tirar uma chave e destrancar rapidamente a porta.
- Que porra? - questionei quando fui empurrada cômodo a dentro, uma casinha de jogos. Havia uma TV, um frigobar, um sofá enorme com cara de confortável, videogame e uma mesa de bilhar do outro lado.
- Da casa até aqui é propriedade dos dois. - disse se referindo a nossos amigos. Me virei para olhá-lo e Antônio me encarava sedento. - Eu vou te beijar Alice e espero que você não recuse isso. - neguei rapidamente e ele sorriu.

Antônio avançou em mim como uma fera, me erguendo do chão com um braço,  tomou minha boca com a sua e me beijou forte, sugando meus lábios com força, arfei em sua boca e envolvi as pernas em sua cintura. Meu vestido embolou na cintura e a mão livre de Antônio segurou minha bunda com uma força colossal, gemi sem ao menos ele tocar minha boceta.
- Porra de saudade. - gemeu na minha boca.

Eu também campeão, eu também.

Quem De Nós Dois #DocShoeOnde histórias criam vida. Descubra agora