CAPÍTULO 31 - ANTÔNIO.

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Minha cabeça estava em parafuso, fui embora sem me despedir de ninguém e puto da vida cheguei em casa. Fernanda estava sentada lendo algum livro que pela primeira vez não fiz questão de prestar atenção, passei por ela dando um beijo rápido em sua cabeça e fui em direção ao quarto onde dormíamos. Com rapidez tirei as peças de roupa como se elas fossem capazes de me sufocar, um tique veio forte me fazendo jogar a cabeça pra trás, eu sabia que meu tourette estava ligado ao meu emocional, quis chorar como uma criança quando me dei conta de que estava ansioso por conta dela.

- "Alice Meirelles e Antônio Carlos, ocmais novo casal da capital Paulista." - Fernanda falou atrás de mim. Fechei os olhos com força, até porque eu não tinha nem como fugir daquilo. - Eu vi como vocês se olharam, Antônio. - suspirou. Me virei encontrando-a já sentada na cama, Fernanda era uma mulher sensacional e boa, extremamente boa. Por nenhum instante sequer eu pensei em esconder dela qualquer coisa que ela viesse a perguntar. Me coloquei sentado ao lado dela e a olhei, o repuxar no rosto denunciou a crise. - Você ficou ansioso e arrisco a dizer que quando me beijou, foi como se não encaixasse mais.
- Eu sei. - concordei com ela.
- Uma droga não é? - sorriu triste.
- Fernanda eu não contava com isso. Eu nem sabia que sentia algo e quando eu vi ela eu senti e eu sinto tanto por você estar passando por isso, porque tudo o que eu não planejei era ter contato com ela novamente. - respirei fundo. - Machuquei muito ela, errei pra caralho e quando vi ela anos atrás pela a última vez eu decidi que enterraria a nossa história quando viesse pra cá e eu fiz isso com maestria, eu conheci você, eu segui a minha vida e ela a dela, mas tudo caiu por terra quando eu vi ela hoje.
- Eu já tive um amor assim. - confessou. - Thomas morreu cerca de cinco atrás. - virei o rosto e a encarei, Fernanda tinha lágrimas escorrendo pelas bochechas. - Não tivemos a nossa chance. Brigamos e nos magoamos tanto que ele morreu sem saber o quanto eu o amava. - fungou. - Eu amo você, sabe? Mas sei que o amor que eu tô disposta a te dar não é absolutamente nada perto do que você e ela sentem.

Concordei enquanto observava Fernanda tirar a aliança e o anel solitário do dedo anelar, segurou minha mão com a palma virada para cima e depositou ali fechando em seguida minha mão. Eu gostaria de dizer que senti muito quando ela fez aquilo ou que implorei para que ela não me deixasse quando entrou no closet do quarto que dividiamos três vezes na semana e desceu uma mala grande e começou a guardar as peças de roupa, eu queria ter sentido meu coração dilacerar quando nos abraçamos e desejamos coisas boas um para o outro e quando ela beijou minha boca uma última vez eu queria ter sentido meu estômago embrulhar de tristeza. Mas eu não senti absolutamente nada disso!

Pensei em ligar para os meus amigos e contar o que havia acontecido, pensei em voltar correndo pra casa deles e dizer pra Alice que eu era dela e nem todo o tempo do mundo mudaria aquilo, pensei em várias situações e não conclui nenhuma. Tomei um banho gelado e fui dormir, porque seja qual for a decisão que eu tomasse no dia seguinte, ela mudaria tudo.

Quem De Nós Dois #DocShoeOnde histórias criam vida. Descubra agora