O apartamento de Mingi era extremamente simples: havia uma beliche, uma mesa de trabalho com alguns livros e computadores, e uma cortina cheia de dinossauros que cobria a janela.
Mingi ficou parado na frente da cortina, como se tentasse esconde-la. Ele engoliu a seco quando viu Yeosang analisar o local.
-Faz pouco tempo que você tá aqui?- O Kang perguntou. Julgando o fato de que Iansã explicou sobre todas as almas serem remuneradas pelo seu trabalho, Mingi tinha poucas coisas e estas já pareciam velhas.
-200 anos. -O dono do apartamento se apoiou com as mãos para trás, se segurando na borda da janela.
Yeosang arregalou os olhos. -Dá pra...ficar aqui tanto tempo assim?
Mingi assentiu. -O quanto precisar. Sua alma que diz quando tem que parar...a não ser que você esteja pagando uma dívida aqui.
Yeosang olhou ao redor de novo.
-Eu fico com a cama de cima então?- Ele apontou. Se ergueu um pouco e agarrou a proteção que tinha ao redor da cama. Tomou um impulso e se puxou para cima. Flutuou um pouco e conseguiu subir. Mingi o olhou, sua testa franziu e ele balançou a cabeça.
-Não, você não vai morar aqui. Só vai trabalhar comigo.
-Iansã disse que eu ia ser seu colega de quarto.
-Ela fala demais!- Mingi mordeu o lábio, irritado para um caramba. -Você não tem onde ficar?
Yeosang revirou os olhos. -Ela me trouxe até aqui, eu acabei de chegar! Quer que eu vá morar aonde? Na casa da sua mãe?
Mingi fechou a cara.
-Não gosto de gente como você.
Yeosang arregalou os olhos e ergueu as sobrancelhas, indignado. Ele colocou a mão no peito e riu.
-Você tratou uma deusa como se fosse uma ninguém!
-Iansã não é uma deusa, é uma orixá. A Deusa das Almas é uma deusa, Iansã não. Aprenda a diferenciar.
Yeosang revirou os olhos. Nem depois de morto ele ia ter paz.
-Não vai sair da minha casa não?
Kang se deitou na cama, cruzando os braços irritado. Que chatice do caramba...
-Não, Iansã me mandou ficar aqui. Se minha presença te irrita tanto...vou trabalhar até conseguir dinheiro para comprar outro apê.
Mingi revirou os olhos. -Ridículo, totalmente ridículo. -Ele foi até sua mesa e se sentou. Começou a mexer no computador em silêncio. Yeosang se sentiu desconfortável, ouvir o barulho chato daquelas teclas era em si...chato.
-Que barulho irritante...- Ele tapou os ouvidos e se sentou na cama. -Não vai ouvir uma música enquanto faz isso não?
-Não gosto de música. Se for ouvir, por favor coloque um fone, eu não quero barulho aqui. As coisas sempre foram silenciosas nesse apartamento, e vão continuar sendo.
Yeosang estreitou os olhos. Mingi era chato, e parecia muito entediante também.
-O que tem de bom nessa cidade? -Perguntou, se jogando na cama de novo.
-Não sei, eu não costumo sair daqui...- Mingi continuou digitando.
-O que tá digitando aí?
-É do trabalho. Estou procurando atividades paranormais. -Mingi se virou para ele e estendeu a mão, chamando. -Vem.
Yeosang o olhou como um cachorrinho curioso. Se ele tivesse orelhas elas com certeza estariam de pé. Ele desceu da cama flutuando e foi até Mingi, se apoiando na cadeira que ele estava sentado.
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Quando Eu Morrer
SpiritualYeosang acabou de morrer e tem que arcar com o fato de que se foi antes do que esperava. Poxa, ele não poderia pelo menos ter namorado uma vez na vida? Pela pureza de sua alma, no céu, Yeosang é colocado para trabalhar junto de outro fantasma, Song...